Pode haver estupro entre os cônjuges?





A pergunta é profunda e delicada. O tema envolve não apenas o campo da fé, mas também o da dignidade humana e da justiça. A violência sexual dentro do casamento é uma realidade antiga, ainda presente em nossos dias, e deve ser tratada à luz da Palavra de Deus e também das leis humanas, pois ambas visam proteger a vida e a honra.


1. A Lei dos Homens

O que é considerado estupro?
Segundo o Código Penal Brasileiro, o crime de estupro ocorre quando alguém constrange outra pessoa, mediante violência física ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou praticar qualquer ato libidinoso.

Com a Lei nº 12.015/2009, o crime de “atentado violento ao pudor” foi unificado ao de estupro, ampliando a proteção. Assim, qualquer ato de natureza sexual sem consentimento, inclusive toques íntimos forçados, é considerado estupro.

📜 Pena prevista: de 6 a 10 anos de reclusão.

A Bíblia nos lembra que devemos respeitar as autoridades e as leis, pois “não há autoridade que não venha de Deus” (Romanos 13:2-5). Obedecer às leis humanas justas é uma forma de obedecer ao próprio Senhor.


2. A Lei de Deus

O estupro — ou coito forçado — é a prática sexual não consensual, imposta por violência física, psicológica ou moral. Desde o Antigo Testamento, Deus demonstrou profundo repúdio a esse tipo de conduta.

Em Deuteronômio 22, há orientações claras sobre casos de violência sexual:

  • Quando um homem estuprava uma mulher casada, ambos eram mortos (v. 22).

  • Se o estupro fosse contra uma mulher noiva, somente o agressor era condenado à morte (v. 25-26).

  • Se a moça fosse solteira, o homem deveria indenizar a família com 50 peças de prata e casar-se com ela, sem jamais poder repudiá-la (v. 28-29).

Essas normas demonstram que, para Deus, a relação sexual é algo sagrado e sério, devendo existir apenas dentro da aliança matrimonial e com mútuo respeito.


3. Exemplo de Casos Bíblicos

A Bíblia registra episódios trágicos que revelam o horror e a consequência do abuso sexual:

  • Juízes 19–20 narra o caso de uma concubina violentada até a morte em Gibeá, o que gerou indignação nacional e guerra entre as tribos de Israel.

  • 2 Samuel 13 relata o pecado de Amnom, que violentou sua meia-irmã Tamar, filha do rei Davi. O ato resultou em desgraça e destruição dentro da própria casa real.

Esses textos mostram que o estupro era visto por Deus com o mesmo rigor de um assassinato — um crime hediondo e ofensivo à santidade do corpo e da alma.


4. Deus Nunca Tolerou o Estupro

Alguns críticos tentam usar passagens como Números 31:25-40 para afirmar que Deus teria aprovado o estupro, mas isso é um erro de interpretação. O texto descreve a distribuição de prisioneiras de guerra após a vitória sobre os midianitas, e não uma aprovação divina do abuso.

Em Deuteronômio 21:10-14, o Senhor determinou que, caso um israelita desejasse casar-se com uma cativa de guerra, deveria tratá-la com respeito:

Ela deveria ser levada para casa, chorar por seus pais durante um mês, e só depois, se ainda houvesse afeição, poderia ser tomada como esposa.
Se, posteriormente, o homem não mais se agradasse dela, deveria libertá-la, sem vendê-la ou tratá-la com tirania.

Ou seja, Deus nunca tolerou o estupro ou o abuso, mas exigiu respeito, tempo, dignidade e escolha — mesmo em contextos de guerra.


5. E Entre os Cônjuges?

A pergunta permanece: pode haver estupro entre marido e mulher?
A resposta é sim.

O ato conjugal deve ser um gesto de amor, consentimento e respeito mútuo, e nunca uma imposição. Quando o marido (ou a esposa) força o outro ao sexo sem desejo ou vontade, pratica um ato de violência, e portanto, de pecado.

“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.”
(1 João 3:4)

A relação sexual no casamento foi criada para expressar comunhão e unidade, não domínio ou humilhação.


6. O Leito Sem Mácula

A Bíblia ensina:

“Digno de honra entre todos seja o matrimônio e o leito sem mácula.”
(Hebreus 13:4)

E ainda:

“Maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil.”
(1 Pedro 3:7)

O apóstolo Paulo orienta que o casal não se negue um ao outro, mas “de comum acordo” e com propósito espiritual (1 Coríntios 7:5).
Isso significa que a intimidade conjugal não é obrigação unilateral, e sim um ato de entrega voluntária e amorosa. Sem consentimento, não há união, mas violação.


7. Conclusão

O estupro dentro do casamento é um pecado contra o amor e uma transgressão contra a lei de Deus e dos homens. O matrimônio deve refletir o caráter de Cristo — que amou a Igreja e se entregou por ela, não a forçou (Efésios 5:25).

Casais cristãos são chamados a viver o leito conjugal com respeito, ternura e santidade, lembrando que o verdadeiro amor não força, não exige, não oprime — apenas se doa.


Referências:

3 comentários:

  1. estupro de homens contra homens. Estatísticas revelam que o estupro de homens contra homens é mais comum do que se imagina e apresenta baixo índice de denúncia: "homens sem voz" seriam milhares em todo o mundo, mas em especial em países nos quais as Instituições e a Justiça têm pouca eficácia. Para os homens, o estupro é tão humilhante quanto para as mulheres.

    ResponderExcluir
  2. Repasse para todas as mulheres que tem passado por esse tipo de abuso com o marido. Se você tem passado por esse tipo de abuso procure se pastor ou o superior "pastor presidente" dele e denuncie. A Bíblia diz que devemos procurar os líderes 1 co 6.1-5. Se não tomar providência procure as lei Maria da Penha, mas não fique sofrendo a este tipo de abuso; a mulher é um ser humano não é um animal, é semelhança de Deus.

    ResponderExcluir
  3. No Jornal da Band relator a cada 11 minutos e meio uma mulher é violentada.

    ResponderExcluir

Compartilhe este conteúdo com os seus amigos