DISCERNINDO OS ESPÍRITOS NA IGREJA HOJE

 


Texto Base: 1 João 4.1–3

“Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.”


INTRODUÇÃO

Discernir os espíritos é uma necessidade urgente da Igreja contemporânea. Vivemos dias em que a espiritualidade é confundida com emocionalismo, e a manifestação sobrenatural nem sempre procede de Deus.
O dom de discernimento de espíritos é uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo (1Co 12.10), que permite ao crente identificar a natureza, a origem e o propósito das manifestações espirituais — sejam elas divinas, humanas ou demoníacas.

A Palavra de Deus nos ensina que três tipos de espíritos estão em ação no mundo:

  1. O Espírito Santo – procedente de Deus (Jo 14.26; At 2.4);

  2. O espírito humano – limitado e sujeito a falhas (1Co 2.11);

  3. Os espíritos malignos – enganadores e opositores da verdade (Ef 6.12; 1Tm 4.1).

Infelizmente, todos atuam no contexto religioso — inclusive dentro da Igreja visível — razão pela qual o apóstolo João nos exorta a “provar os espíritos”.


I. O QUE O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS NÃO É

  1. Não é uma habilidade para descobrir as faltas alheias.
    O discernimento não é crítica ou julgamento humano, mas revelação espiritual (Mt 7.1–5).
    ➤ Base: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus” (1Co 2.14).

  2. Não é leitura de pensamento.
    Deus não concede dons para satisfazer curiosidades ou criar espetáculos (At 8.18–23).
    ➤ Dons não produzem sensacionalismo; produzem edificação (1Co 14.12).

  3. Não é fenômeno espiritista.
    A mediunidade é prática condenada pela Escritura (Dt 18.10–12).
    ➤ O Espírito Santo não opera através de contato com mortos ou adivinhações.

  4. Não tem relação com a psicologia.
    Embora a psicologia possa auxiliar na compreensão da mente humana, o dom de discernimento ultrapassa a análise emocional e penetra no mundo espiritual (Hb 4.12).


II. A NATUREZA DO DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

A palavra “discernir” vem do grego diakrisis, que significa “julgar corretamente” ou “separar o verdadeiro do falso”.
É uma habilitação divina para perceber o que está por trás de palavras, atitudes e manifestações espirituais.

➤ O discernimento é a “vista espiritual” do crente.
Assim como os olhos naturais distinguem luz e trevas, o discernimento distingue o Espírito Santo dos espíritos enganadores.


III. O PROPÓSITO DO DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

  1. Abrir os olhos da Igreja para o mundo espiritual.

    • Somos combatidos por principados e potestades (Ef 6.12).

    • Somos protegidos por anjos (Hb 1.14).
      ➤ O discernimento permite distinguir o “espírito do erro” do “espírito da verdade” (1Jo 4.6).

  2. Preservar a pureza da Igreja.

    • At 16.16–18: Paulo discerniu o espírito de adivinhação na jovem.

    • At 5.1–5: Pedro discerniu a mentira de Ananias e Safira.
      ➤ O dom protege o corpo de Cristo contra o engano.


IV. A FUNÇÃO DO DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS MALIGNOS NA IGREJA

  • A Igreja é alvo constante das trevas (Ef 2.2).

  • Espíritos malignos podem influenciar pessoas e distorcer doutrinas (2Co 11.3–4).

  • O dom revela quando há atuação demoníaca travestida de religiosidade.

  • Crentes e líderes sem discernimento podem ser enganados (Mt 24.24).


V. A NECESSIDADE DE DISCERNIMENTO HOJE

  1. Porque Satanás se disfarça de anjo de luz (2Co 11.14).

  2. Porque muitos falsos profetas têm se levantado (1Jo 4.1).

  3. Porque nem todo problema é físico:

    • Espírito de enfermidade (Lc 13.11–16);

    • Espírito mudo e surdo (Mc 9.25);

    • Espírito de loucura (Lc 8.29).

  4. Porque há doutrinas de demônios (1Tm 4.1).

  5. Porque há milagres satânicos (2Ts 2.9).

  6. Porque precisamos ser fiéis a Cristo (Mt 24.24).

  7. Porque é necessário provar os profetas (1Jo 4.1; 1Ts 5.21).


CONCLUSÃO

O dom de discernimento de espíritos é essencial para a Igreja dos últimos dias.
Ele nos preserva de enganos espirituais, protege o rebanho e revela o que é genuinamente de Deus.
Busquemos o discernimento não para julgar, mas para servir com sabedoria e pureza.

“Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1Co 2.15).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (ABNT)

  • BÍBLIA SAGRADA. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.

  • LOCKYER, Herbert. Todos os Dons do Espírito Santo. São Paulo: CPAD, 2002.

  • HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

  • TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia. 5 vols. São Paulo: Vida Nova, 1987.

  • CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2013.

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