Texto base
“Por isso deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”
(Mateus 19:5–6)
Introdução
O casamento continua sendo uma instituição de grande valor, embora muitas pessoas o tratem como algo descartável. Quem já experimentou a dor de um divórcio sabe que ele está longe de ser um “jogo”.
Quando os fariseus abordaram Jesus sobre o divórcio (Mt 19), o assunto já era polêmico. Séculos depois, ainda é.
Dentro e fora das igrejas, o tema divide opiniões: alguns veem várias razões aceitáveis para o divórcio e são rotulados de “liberais”; outros defendem sua proibição quase total e são chamados de “radicais”.
Mas no meio desse debate, há vidas despedaçadas. Antes de discutir “quem está certo”, é preciso olhar com compaixão para aqueles que sofrem com a ruptura de um lar.
Neste estudo, veremos três verdades fundamentais — frequentemente negligenciadas — sobre o divórcio.
I. O DIVÓRCIO É UM DESVIO DO PLANO DE DEUS
A. O plano de Deus é um plano de plenitude
Desde o princípio, o Senhor desejou que o homem e a mulher vivessem em harmonia e felicidade.
“E disse: Por isso deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e serão os dois uma só carne.”
(Mateus 19:5)
Deus é o autor do amor e da família. Portanto, um lar desfeito nunca foi parte de Seu propósito original. Ele deseja que sejamos abençoados e realizados em nossas alianças matrimoniais.
B. Deus se entristece quando desviamos de Seu plano
Jesus esclareceu que a permissão dada por Moisés para o divórcio foi consequência da dureza do coração humano, não da vontade divina (Mt 19:8).
Deus não condena pessoas divorciadas, mas lamenta que o pecado e o egoísmo interrompam o que Ele uniu. Quando Cristo não governa plenamente o coração dos cônjuges, a mágoa e o descontentamento tomam o lugar da graça — e isso nunca fez parte do plano de Deus.
C. O divórcio nunca deve ser visto como “ordenado por Deus”
O divórcio é resultado da quebra do pacto conjugal — geralmente causada por infidelidade, dureza ou falta de arrependimento.
Embora Deus possa permitir certas situações (como no caso de infidelidade — Mt 19:9), isso não significa que Ele deseje o divórcio.
Deus é redentor e misericordioso; Ele busca sempre restaurar corações antes que a separação aconteça.
II. O DIVÓRCIO É UMA EXPERIÊNCIA DEVASTADORA
A. O divórcio nunca é um jogo
O pregador Billy Graham escreveu:
“O divórcio parece uma saída fácil, mas a culpa e a solidão que ele traz podem ser ainda mais dolorosas do que enfrentar o problema.”
Outra frase resume bem:
“O divórcio é como uma amputação: você sobrevive, mas há menos de você.”
O rompimento conjugal fere não apenas os envolvidos, mas também filhos, familiares e a própria igreja.
B. O divórcio afeta profundamente os filhos
A psicóloga Judith S. Wallerstein, em seu estudo Second Chances (1989), acompanhou 100 crianças durante mais de 10 anos e concluiu que quase metade delas apresentava traumas, ansiedade e baixa autoestima na vida adulta.
A dor de uma separação raramente termina com a assinatura dos papéis — ela ecoa nas gerações seguintes.
C. A dor vai além do esperado
Casais frequentemente se concentram em sobreviver ao processo legal, mas percebem tarde demais que as feridas emocionais são muito mais profundas.
Como a metáfora de uma grande árvore que resiste a tempestades, mas cai por pequenos insetos, assim muitos casamentos são destruídos não por grandes tragédias, mas por pequenas negligências diárias.
III. O DIVÓRCIO NÃO DESTRÓI O VALOR DE UMA PESSOA
A. Nosso valor vem do Criador
Todo ser humano tem valor porque foi criado à imagem de Deus (Gn 1:27).
O divórcio não muda o amor de Deus por ninguém. Cristo morreu por todos, independentemente de seu passado.
B. Somos obras das mãos de Deus
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras.”
(Efésios 2:10)
Mesmo feridos, continuamos sendo amados e chamados a recomeçar sob a graça de Deus.
C. O pecado e o sofrimento não anulam nossa dignidade
Pessoas divorciadas muitas vezes se sentem como “bens danificados”. No entanto, a Bíblia declara:
“Todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.”
(Romanos 3:23-24)
Em Cristo, há perdão, cura e restauração.
Conclusão: Há Esperança!
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Aos que vão se casar: há esperança de um casamento duradouro quando Cristo é o centro da relação.
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Aos que enfrentam crises: há esperança de reconciliação se houver arrependimento e amor verdadeiro.
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Aos que já se divorciaram: há esperança em Cristo, que oferece perdão e um novo começo.
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”
(2 Coríntios 5:17)
Referências Bibliográficas
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ARAÚJO, Aldenir. A Verdade sobre o Divórcio. O Pregador Fiel, 2014. Disponível em: https://www.opregadorfiel.com.br/2014/10/a-verdade-sobre-o-divorcio.html. Acesso em: 4 out. 2025.
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BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada (ARA). Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
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GRAHAM, Billy. O Segredo da Felicidade. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
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WALLERSTEIN, Judith S.; BLAKESLEE, Sandra. Second Chances: Men, Women and Children a Decade After Divorce. Boston: Ticknor & Fields, 1989.
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STOTT, John. O Sermão do Monte. São Paulo: ABU Editora, 2010.
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