Quando o Amor é Traído


Pergunta:
Vivo com uma pessoa que só vive me traindo. O que devo fazer?


1. O Olhar de Deus sobre a Aliança

Querido(a) leitor(a), antes de tudo, voltemos nossos olhos à Palavra para compreender como Deus vê essa situação.
Desde o princípio, nunca foi da vontade de Deus a separação do casal. Está escrito:

“Portanto, o que Deus uniu, não o separe o homem.” — Marcos 10.9

Deus sempre tratou a aliança com profundo valor espiritual. Na Escritura, a Nação de Israel é vista como a esposa do próprio Deus (Isaías 54.5).
O profeta Jeremias comparou o povo infiel de Deus a “uma prostituta”, que, apesar de tudo o que o Senhor fizera por ela, insistia em buscar outros amantes (Jeremias 3.1).
De igual modo, Ezequiel chamou o Israel idólatra de “mulher adúltera” (Ezequiel 16.32).

Assim, a idolatria — o afastar-se de Deus — é retratada nas Escrituras como adultério espiritual.
Mesmo assim, o Senhor continuou fiel à aliança, pois o amor d’Ele não muda.


2. A Fidelidade de Deus como Modelo

Se Deus, sendo traído por Israel, ainda assim permaneceu fiel, seria Ele culpado por aceitar de volta o povo arrependido?
De forma alguma!
Assim também ocorre com aquele que permanece fiel, mesmo quando traído:
não está em fornicação, pois não quebrou a aliança — quem a quebrou foi o traidor.

Deus cumpre a aliança feita com Abraão, mesmo que seus filhos muitas vezes não a cumpram.

“E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador e desviará de Jacó as impiedades.” — Romanos 11.26
“Porque o Senhor não desamparará o seu povo, por amor do seu grande nome.” — 1 Samuel 12.22
“Farei de ti um grande povo.” — Gênesis 12.2

O amor de Deus permanece inabalável. E, se Ele é nosso modelo, aprendemos com Ele o valor da fidelidade, mesmo em meio à dor.


3. O Chamado ao Amor Ágape

Mas como suportar tamanha ferida?
Somente por meio do amor ágape — o amor divino, incondicional, que vem do alto.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito...” — João 3.16
“Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.” — João 10.17

O amor ágape é aquele que ama até o inimigo, que se entrega sem esperar retorno. É o amor que só Deus pode derramar em nossos corações.


4. Quando o Outro Não Quer Permanecer

Há, contudo, casos em que a convivência se torna impossível.
A Palavra de Deus nos orienta com clareza:

“Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão ou a irmã não está sujeito à servidão, pois Deus nos chamou em paz.” — 1 Coríntios 7.15

Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, não autoriza o recasamento, mas orienta:

“Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” — 1 Coríntios 7.11
“Somente ande cada um como o Senhor lhe repartiu, cada um como Deus o chamou.” — 1 Coríntios 7.17

Em outras palavras: a separação pode acontecer, mas a aliança continua diante de Deus.


5. A Esperança da Graça

Mesmo assim, há casamentos sustentados unicamente pela graça.
Há mulheres (e homens) que vivem com o coração rasgado, mas que confiam:

“Pois, como sabes tu, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou como sabes tu, ó marido, se salvarás tua mulher?” — 1 Coríntios 7.16

A graça de Deus é a força que mantém firme aquele que crê, mesmo quando o outro vacila.
É ela que consola, cura e capacita para permanecer de pé.


6. Quando o Cônjuge Consente em Ficar

Há também situações em que o cônjuge incrédulo deseja continuar vivendo junto.
Nesse caso, a instrução bíblica é clara:

“Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela.” — 1 Coríntios 7.12
“Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido.” — 1 Coríntios 7.10

Se o outro ainda deseja permanecer, permaneça com amor, paciência e oração, pois Deus é poderoso para transformar corações.


7. O Caminho do Amor Verdadeiro

Para compreender esse amor que tudo suporta, voltemos ao texto de 1 Coríntios 13.4-6, onde o apóstolo descreve o que é o amor verdadeiro:

“O amor é sofredor e benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.”

O amor verdadeiro é aquele que:

  • Sofre com paciência, suportando afrontas pelo bem do outro.

  • Age com bondade, discernindo o que o outro realmente precisa.

  • Não é invejoso, mas celebra o bem do outro.

  • Não é orgulhoso, mas humilde e servo.

  • Não busca os próprios interesses, mas se entrega por amor.

  • Não se irrita facilmente, porque prefere curar em vez de ferir.

  • Não suspeita mal, porque confia e perdoa.

  • Não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Esse é o amor que vem de Deus — o amor que cura o coração traído, sustenta o lar ferido e refaz o que parecia perdido.


✨ Conclusão

Portanto, se você vive uma dor profunda causada pela traição, não desista de ser fiel a Deus.
Ele vê suas lágrimas, entende seu sofrimento e honra a fidelidade dos que O temem.

Mesmo quando o outro falha, Deus permanece fiel.
Ele continua sendo o Deus de aliança, o Deus que promete:

“Nunca te deixarei, jamais te abandonarei.” — Hebreus 13.5

Confie n’Ele.
O amor que vem de Deus não se perde nas tempestades da vida, mas floresce no terreno da fé.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Compartilhe este conteúdo com os seus amigos