Todos sabem que o amor é a essência de um casamento. Existem uniões que não se sustentam no amor — casamentos arranjados, políticos ou regulados por tradições culturais —, mas estes não podem servir de regra. A regra geral é clara: em um casamento verdadeiro, o amor é essencial.
Porém, nem todo amor é ideal. O amor que você sente pelo seu cônjuge é do tipo que as muitas águas não poderiam apagar, nem os rios afogar (Ct 8:7)? É um amor que nunca falha (1 Co 13:8)?
Para descobrir se você possui o amor ideal, proponho uma reflexão profunda: complete a frase dentro de seu coração:
“Eu amo o meu cônjuge porque _______.”
A forma como você responde a esta frase revela muito sobre seu casamento: como lidará com dificuldades financeiras, conflitos familiares, rejeição ou o estresse natural da vida a dois. Revela também o grau de estima que você nutre pelo outro e a disposição para aceitar mudanças inevitáveis da vida.
O Amor Eros
Se sua resposta se baseia em qualidades do cônjuge — aparência, virtudes, talentos, recursos ou características que lhe agradam — então o fundamento do seu amor é instável. Este é o amor Eros: egoísta, centrado no prazer que o outro proporciona, e duradouro apenas enquanto essa satisfação existir.
O amor Eros depende de algo externo: a atração ou os benefícios que o cônjuge oferece. Se a razão principal para se casar ou permanecer casado é a própria satisfação, a base da união é Eros. Este amor é frágil, exigente e instável; quando suas expectativas não são atendidas, pode se transformar em frustração ou até ódio.
Mas não há motivo para desespero. Quase todos conhecem o Eros ao entrar no casamento. Como disse um respeitado pastor:
“Quando um casal se casa, geralmente não conhece o amor verdadeiro.”
A boa notícia é que podemos transcender o amor Eros.
O Amor Ágape
Em contraste, o amor Ágape é eterno e divino. Deus é Ágape (1 Jo 4:8), e nos revelou este amor através de Jesus Cristo (Jo 3:16; 1 Jo 4:9). O Ágape não exige que o outro se sacrifique para agradar; ele se sacrifica pelo bem do outro. Não se baseia em qualidades externas, mas na essência do próprio coração.
O amor Ágape não se frustra, não depende de reconhecimento e não é manipulador. Ele cuida do outro, mesmo quando exige sacrifício. É o amor que Deus demonstra pelo homem: não pelos méritos humanos, mas pela Sua própria graça (Jr 31:3; Rm 3:10-18; Ef 1:3-12).
Características do Amor Ágape
O amor verdadeiro é revelado em atitudes concretas:
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Sofredor – exerce paciência e suporta qualquer afronta.
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Benigno – age com cuidado e compreensão diante das necessidades do outro.
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Não invejoso – não compete nem guarda rancor.
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Humilde – não se ensoberbece nem busca a própria satisfação.
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Cordial – trata o outro com delicadeza e atenção.
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Desinteressado – abdica de direitos e entrega-se pelo bem do cônjuge.
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Paciente – não se irrita com as falhas do outro, mas purifica o amargo.
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Confiável – não suspeita do mal, mas confia e zela pela verdade.
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Justo e verdadeiro – valoriza a verdade e não se alegra com a mentira.
Este amor não é ensinado nos filmes ou novelas, nem é amplamente conhecido nos relacionamentos modernos, mas ele pode ser cultivado. Quanto mais nos conformamos à imagem de Cristo (II Pe 3:18; Rm 8:29; II Co 3:18), mais ele se manifesta em nós.
O Amor Ágape no Fruto do Espírito
O amor Ágape é o primeiro fruto do Espírito Santo (Gl 5:22-23). Ele se expressa em gozo, paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão e temperança. É o amor que encontra sua maior expressão no sacrifício de Jesus Cristo, que trouxe perdão e reconciliação.
Quem conhece este amor verdadeiro pode aplicá-lo no casamento, transformando o relacionamento de Eros em Ágape. Um casamento com este amor é duradouro, profundo e cheio de graça.
Pergunte a si mesmo novamente:
“Eu amo meu cônjuge porque _______.”
Com o amor Ágape, a resposta será guiada pelo coração de Cristo.
O casamento merece este amor. O mundo precisa ver este amor. E, mais importante, seu cônjuge merece este amor.
Bibliografia
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BÍBLIA SAGRADA. Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1994.
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SMALL, Dwight Hervey. Design for Christian Marriage. Spire Books, Old Tappan, 1976.
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STRONG, James LL.D., S.T.D. Abingdon’s Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible. Abingdon, Nashville, 1980.
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BARCLAY, William. As Obras da Carne e o Fruto do Espírito. Vida Nova, São Paulo, 2000.
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DICIONÁRIO ELETRÔNICO AURÉLIO, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996–1999.
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