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O pré-milenismo histórico e O pré-milenismo dispensacional

 pré-milenismo histórico


O chamado pré-milenismo histórico foi a posição dominante dos
pais da igreja na teologia,

entre os séculos ue iv. Entre esses pais da igreja, podemos
mencionar Justino de Roma,[1]
Ireneu de Lion,[2]
Tertuliano[3]
e Cipriano, embora existissem outras interpretações sobre o milênio.


Papias, que, segundo a tradição, foi discípulo do apóstolo João,
cria na idéia de um reino literal de mil anos na Terra, depois da segunda vinda
de Cristo. Essa é a noção que define o pré-milenismo. Ao defender o milênio,
esses pensadores entendiam que estavam defendendo a ortodoxia cristã de três
maneiras:


1) apoiando a apostolicidade e canonicidade do Apocalipse contra
os que combinaram a negação desse livro com a rejeição ao milenismo;[4] 


2 ) opondo-se aos gnósticos, que espiritualizavam a doutrina
cristã, destruindo a esperança do futuro; 3) opondo-se aos cristãos platônicos,
como Orígenes,[5]
cuja rejeição de um milênio literal era baseada numa hermenêutica alegórica e
que revelava um menosprezo idealista para com a criação.[6]


Durante a Reforma protestante, William Tyndale e muitos dos
anabatistas defenderam o pré-milenismo. No século  xvii , 
vários puritanos também afirmaram esta posição, como William Twisse, que
presidiu a assembléia que- preparou a 
Confissão de Fé de Westminster, Thomas Goodwin, William Bridge e
Jeremiah Burroughs.[7]
Quase todos os puritanos da Nova Inglaterra eram pré-milenistas, entre eles,
Cotton Mather. Entre os batistas são contados, Benjamin Keach e John Gill, e
entre os pietistas alemães, Phillip Jakob Spener e Johann A. Bengel. No grande
avivamento do século xvni, Charles Wesley e Augustus Toplady afirmaram o
pré-milenismo, assim como os irmãos Andrew e Horatius Bonar e C. H. Spurgeon,
no século xix, na Escócia e na Inglaterra. Entre os teólogos contemporâneos que
afirmam esta posição estão Oscar Cullmann, Russell SheddGeorge Eldon Ladd,
Wayne Grudem, R. K. McGregor Wright e Millard Erickson.

Segundo o pré-milenismo histórico, a ordem dos eventos pode ser
assim resumida:

A era atual da igreja, a evangelização e a apostasia do ser humano;

A grande tribulação de sete anos, a ascensão do anticristo e a perseguição da igreja;

O retorno de Cristo, o arrebatamento, a primeira ressurreição e a batalha do Armagedom;

A inauguração do milênio e a prisão de Satanás no abismo;

O fim do milênio, a soltura de Satanás e a rebelião das nações;

A derrota final de Satanás, a ressurreição dos ímpios e o juízo final;

O estado eterno.

A Maioria dos pré-milenistas históricos adota a visão pós-tribulacionista, que sustenta que os crentes vivos serão arrebatados na segunda vinda de Cristo, com o arrebatamento ocorrendo ao final da grande tribulação. Os principais defensores dessa posição, ao longo da história, incluem o Didaquê, o Pastor de Hermas, a Epístola de Barnabé, Justino de Roma, Irineu de Lyon, Tertuliano, e atualmente, George Ladd, Robert Gundry e Douglas Moo..[8]






O pré-milenismo
dispensacional

O pré-milenismo dispensacional teve sua origem na Inglaterra, no século XIX, principalmente através dos ensinamentos de Edward Irving e John Nelson Darby. Essa teologia foi amplamente divulgada por diversos pregadores conhecidos, como C. I. Scofield. Embora essa posição compartilhe várias semelhanças com o pré-milenismo histórico, existem diferenças significativas entre elas.

Os dispensacionalistas defendem que apenas eles mantêm uma interpretação estritamente literal das Escrituras. Como resultado, costumam acusar teólogos que adotam outras perspectivas escatológicas de "espiritualizarem" a Bíblia. Dessa maneira, algumas denominações e organizações missionárias que seguem o dispensacionalismo não reconhecem amilenistas ou pós-milenistas como ministros ou missionários. A Bíblia de Referência de Scofield é um exemplo da influência desse movimento.[9] Também fez com que o dispensacionalismo viesse a ser conhecido como sinônimo de fundamentalismo.[10]


Uma das doutrinas que se destaca no dispensacionalismo é a noção do arrebatamento da igreja antes da Grande Tribulação, que será explorada posteriormente. Essa doutrina está intimamente relacionada com a separação clara que os dispensacionalistas fazem entre Israel e a igreja. De acordo com essa perspectiva, Jesus ofereceu um reino físico aos judeus em sua primeira vinda. Contudo, após ser rejeitado por eles, o reino foi postergado e Deus iniciou um novo plano: a instituição da dispensação da igreja. Assim, Jesus estendeu a proposta de salvação aos gentios em virtude da recusa dos judeus. Esta situação, entretanto, é vista como provisória, já que todas as promessas e profecias do Antigo Testamento referentes a Israel devem ser cumpridas de forma literal. Além disso, os dispensacionalistas demonstram grande atenção pela história do moderno Estado de Israel, fundado em 1948, considerando-o o cumprimento das profecias do Antigo Testamento.

A característica principal dessa abordagem é a forma de segmentar as Escrituras em dispensações. O termo é compreendido da seguinte maneira: embora “dispensação” se traduza literalmente como “administração” ou “mordomia”, derivado do grego  oikonomia (Ef 3.2), os dispensacionalistas o utilizam para definir “um período de tempo durante o qual o homem é testado em sua obediência a uma revelação específica da vontade de Deus”, conforme a definição de Scofield [...]. Cada uma dessas dispensações, segundo a crença deles, termina com o insucesso humano e o inevitável juízo divino.[11]
Embora existam variações, de modo geral, os defensores dessa perspectiva ressaltam sete dispensações bíblicas:

1. A dispensação da inocência ou dispensação edênica, que começa com a criação do homem e termina com a queda.

2. A dispensação adâmica, também conhecida como dispensação da consciência ou da autodeterminação. Aqui, o homem, ao distinguir entre o bem e o mal, assume responsabilidade por suas decisões diante de Deus.

3. A dispensação noaica, ou dispensação do governo humano, que envolvia organizar a sociedade de maneira que houvesse autoridades civis para evitar a anarquia e conduzir os homens a Deus. Essa fase vai do dilúvio até a torre de Babel.

Essas três primeiras dispensações são consideradas universais, aplicando-se a toda a humanidade e não apenas a um grupo específico.

4. A dispensação abraâmica, ou dispensação da promessa, em que Deus escolheu Abraão e estabeleceu um povo particular a quem concedeu responsabilidades através de um pacto incondicional, passando esse legado de Abraão para Isaque e este para Jacó.

5. A dispensação mosaica, ou dispensação da lei, concedida exclusivamente ao povo de Israel, enquanto as demais nações mantiveram um governo sobre si mesmas, similar ao que as nações ímpias fazem até hoje. Essa dispensação abrange o tempo desde a entrega da lei a Moisés até a morte de Cristo.

6. A dispensação da igreja, ou dispensação da graça, que estabelece um novo povo chamado igreja, vigente até os dias atuais. Diferentemente da lei, a mordomia desta dispensação é responsabilidade da igreja e não de Israel ou das demais nações. É importante notar o período da grande tribulação, que se situa entre a dispensação da igreja e a próxima dispensação. Este período de sete anos, dividido em duas partes — uma de paz, com o reconhecimento de Israel como nação, e outra de perseguição ao povo de Deus pelo anticristo, juntamente com a ira divina contra os não-cristãos — não se encaixa na dispensação da igreja, uma vez que esta será arrebatada antes da grande tribulação, e igualmente não se insere na dispensação do milênio, que ainda não terá começado.

A visão mais comum sobre a posição dispensacional da igreja em relação à grande tribulação é o pré-tribulacionismo, que, em termos gerais, afirma que Cristo virá para sua igreja antes de retornar com ela.[12]
A primeira fase do retorno de Cristo é conhecida como arrebatamento, enquanto a segunda é denominada revelação. A atenção se concentra na iminência do arrebatamento oculto da igreja, que acontecerá antes do início da grande tribulação.[13]  Os principais proponentes dessa visão incluem John F. Walvoord, J. Dwight Pentecost, John Feinberg, Paul Feinberg e Charles C. Ryrie. Alguns dispensacionalistas adotam uma perspectiva chamada mid-tribulacionismo, que é considerada uma posição intermediária entre o pré-tribulacionismo e o pós-tribulacionismo. Essa perspectiva afirma que a igreja será arrebatada no meio da tribulação, antes da fase mais intensa da grande tribulação. Os defensores dessa posição incluem Gleason L. Archer, J. Oliver Buswell e Merrill C. Tenney.

Há também quem defenda que esse período representa uma dispensação em que a característica marcante será a ira divina derramada sobre as nações inimigas de Israel, que enfrentará aflições sem precedentes. Este será um momento em que Deus irá ajustar contas com os gentios rebeldes, o Israel incrédulo e a falsa igreja que não reconhece Jesus Cristo como seu único Senhor. O período de tribulação culmina em julgamento, preparado por meio da dispensação do governo humano, a dispensação da promessa e a dispensação da igreja, a fim de que, ao iniciar a próxima dispensação, permaneçam apenas os verdadeiros crentes.

O período é conhecido como a dispensação do reino ou dispensação do milênio, que se estenderá por mil anos. O milênio representa o objetivo de todas as dispensações anteriores. A justiça, a paz e a prosperidade serão características dessa dispensação, onde Jesus exercerá o governo sobre todas as coisas. O reino de Deus, perdido pela humanidade na primeira dispensação, e que não foi recuperação com sucesso nas outras cinco, será restaurado pelo poder de Cristo, e não por esforços humanos. Ao final deste período, após a libertação de Satanás, ocorrerá a derrota definitiva dele, a ressurreição dos ímpios e o julgamento final. Com o término desta dispensação, dará início o estado eterno.


Alguns dos primeiros dispensacionalistas nos Estados Unidos foram C. I. Scofield, Amo C. Gaebelein e Lewis S. Chafer. Entre os cristãos contemporâneos que defendem essa perspectiva, encontram-se John F. Walvoord, J. Dwight Pentecost, Charles C. Ryrie, Norman Geisler, J. Scott Horrell, Walter C. Kaiser, Francis Schaeffer e John MacArthur Jr. 

Referência: Franklin Ferreira e Alan Myatt. Teologia Sistemática — editora: Vida Nova, SP. 2007, pp 101-1102; 1107-1108.


[1] Veja, no Diálogo com Trifão, 40 e 51, Justino, apesar de ser um defensor do milenarismo, reconhece que muitos cristãos ortodoxos não aceitam essa doutrina. Como mencionado em Diálogo com Trifão, 81-82, especialmente na passagem 80.2: “Já te disse que eu e muitos outros acreditamos dessa maneira, e temos plena certeza que assim ocorrerá. Contudo, também te indiquei que existem muitos cristãos, com mentalidade pura e devota, que rejeitam essas ideias.”

[2] Cf. Adversus Haereses,V .33-36.
[3] Adversus Marcionem,IV.39.
[4] Cf.  H istória eclesiástica,VII.14.1-3;
VII.24.6-8.
[5] Cf.  De Príncipiis,II. 11.2.
[6] Cf. J. Scott HorrelI, Apostila de teologia sistem ática,p. 116.
[7] Iain Murray,  Thepuritan hope,p. 52-53.
[8] Millard J. Erickson,  Opções
contemporâneas na escatologia; um estudo do milênio, p. 118-131. Ele ainda diz:
“O pós-tribulacionismo, como o pré-tribulacionismo, é primariamente uma
subdivisão do pré-milenismo. Tecnicamente, todos os não-pré-milenistas são
pós-tribulacionistas. Poucos não-pré-milenistas, no entanto, preocupam-se com a
idéia de uma tribulação” (p. 118).[9]
Cf. A B íblia de referência de Scofield,William W. Walker (ed.).
[10] Cf. Millard J. Erickson,  O pções
contemporâneas na escatologia,p. 95: “Provavelmente, a popularização mais eficaz do dispensacionalismo
foi a Bíblia de Referência de Scofield. No começo do século xix, havia poucas Bíblias
disponíveis com ‘ajudas’. Procure imaginar a prédica do leigo típico. Conhece
algumas histórias bíblicas, mas tem dúvidas acerca de sua ordem cronológica ou
ambiente geográfico, ou, ainda mais provavelmente, tem dúvidas quanto ao
significado de muitas passagens doutrinárias. Quando, pois, obtém uma Bíblia
com um esboço juntamente com o texto e com notas explanatórias ao rodapé de
cada página, fica muito alegre. Naturalmente, tem forte atração para qualquer
pessoa que não tem comentários ou que acha inconveniente carregar um comentário
consigo. Scofield tinha 
convenientemente combinado o
texto e o comentário num só volume. Não surpreende que algumas pessoas achassem
conveniente lembrar-se de que leram ou não alguma coisa no rodapé (nas notas)
ou no meio da página (no texto). A interpretação de Scofield veio a ser
amplamente adotada nos círculos fundamentalistas [americanos]. Em algumas igrejas,
até se pode ouvir o farfalhar de muitas páginas sendo viradas simultaneamente,
porque tantas pessoas levam a Bíblia de Scofield. Não é totalmente desconhecida
a situação em que um pastor, para citar a localização de uma passagem, dá o
número da página ao invés de citar o livro, capítulo e versículo!”
[11] João Alves dos Santos, O dispensacionalismo e suas implicações doutrinárias, disponível
em http://www.ipcb.org.br/ Publicacoes/o_dispensacionalismo.htm#_ftnref25,
acessado em 12.06.2007.
[12] Iain Murray,  The puritcm hope, p. 200,
diz que é necessário levar em consideração que esse “arrebatamento secreto e
iminente” não deixa de ser “uma crença curiosa, praticamente desconhecida na
história antiga da teologia”. Sobre a crença do arrebatamento secreto ele
escreve: “É claro que nenhum grupo cristão fez dela um tema de fé antes do
século xix” (p. 286). Para um entendimento do dispensacionalismo como uma
“inovação conservadora”, cf. George Marsden, 
Understanding fundamentalism an d evangelicalism, p. 39-41.
[13]Talvez quem mais tenha feito para popularizar esta posição, nos últimos anos,
seja a famosa série de treze volumes, escrita por Tim LaHaye e Jerry
Jenkins,  D eixados p a ra
trás,publicados no Brasil pela United Press. Cf. a resenha de Mauro Fernando
Meister sobre o primeiro volume da série “Deixados para trás: Uma Ficção dos Últimos
D ias” (São Paulo: United Press, 1997), em F ides Reformadav.4, n.2, p.
192-194. Nesta obra, LaHaye afirmou:  “D
eixados p a ra trás éo primeiro relato ficcional dos eventos que é fiel à
interpretação literal da profecia bíblica. Foi escrito para qualquer pessoa que
ame a ficção atraente, apresentando personagens verossímeis e um enredo
dinâmico que também inclui acontecimentos proféticos em uma história
fascinante” (p. 192).


As Promessas do Novo Testamento com Foco em Apocalipse

Introdução

O Novo Testamento registra aproximadamente 750 promessas, das quais 250 representam benefícios distintos, devido à repetição de promessas em diferentes livros (Dake, p. 2066). Dentre essas, 38 são encontradas no livro de Apocalipse, destacando bênçãos espirituais, promessas de redenção e advertências aos desobedientes. Este capítulo analisa essas 38 promessas, organizando-as de forma clara e formal, com base no texto fornecido, e explora sua relevância teológica no contexto da escatologia cristã, enfatizando a promessa central da volta de Cristo (Ap 22:7, 12, 20).

Contexto Teológico

O livro de Apocalipse, escrito por João, é uma obra escatológica que apresenta visões do fim dos tempos, do julgamento divino e da consumação do plano de Deus. Suas promessas abrangem bênçãos eternas para os fiéis, como a vida eterna e a comunhão com Deus, e advertências aos rebeldes, como a exclusão da Cidade Santa. As 38 promessas listadas refletem temas centrais do cristianismo, incluindo salvação, transformação e justiça divina, conectando-se ao propósito maior de Apocalipse: encorajar a perseverança dos crentes e alertar sobre as consequências da desobediência.

As 38 Promessas de Apocalipse

Abaixo, as promessas são organizadas em categorias temáticas para maior clareza, com referências bíblicas e breves explicações baseadas no texto fornecido e em comentários teológicos.

1. Bênçãos Espirituais e Eternas
  1. Água da Vida (Ap 21:6; 22:1, 17): Deus oferece gratuitamente a água da vida, simbolizando a salvação e a comunhão eterna com Ele.
  2. Árvore da Vida (Ap 2:7; 22:2): Acesso à árvore da vida, representando a vida eterna e a restauração do paraíso perdido (cf. Gn 2:9).
  3. Descida da Cidade Santa (Ap 3:12; 21:2, 9-10): A Nova Jerusalém descerá à terra, simbolizando a habitação eterna de Deus com os homens.
  4. Estrela da Manhã (Ap 2:28): Promessa de autoridade espiritual e comunhão com Cristo, que se identifica como a estrela da manhã (Ap 22:16).
  5. Bênção pela Leitura (Ap 1:3): Bênçãos são prometidas aos que leem, ouvem e guardam as palavras de Apocalipse.
  6. Cura Eterna (Ap 22:2): As folhas da árvore da vida trarão cura às nações, simbolizando restauração completa.
  7. Descanso do Trabalho Árduo (Ap 14:13): Os fiéis descansarão de suas obras, com recompensas eternas.
  8. Provisão Eterna (Ap 7:16): Não haverá mais fome ou sede, pois Deus proverá eternamente.
  9. Realeza e Sacerdócio (Ap 20:4-6; 1:5-6; 5:10; 22:4-5): Os redimidos reinarão como reis e sacerdotes com Cristo.
  10. Ser Apascentado por Deus (Ap 7:17): Cristo, o Cordeiro, guiará os fiéis como um pastor, garantindo cuidado eterno.
  11. Um Novo Nome (Ap 2:17): Um nome novo, simbolizando identidade renovada em Cristo.
  12. Uma Pedra Branca (Ap 2:17): Símbolo de absolvição e aceitação divina, comum em práticas judiciais da antiguidade.
  13. Vestes Brancas (Ap 3:4-5; 7:9; 19:8): Representam pureza, justiça e a redenção dos salvos.
2. Transformação e Renovação
  1. Não Haverá Mais Calor (Ap 7:16): Os fiéis serão protegidos das adversidades, como o calor opressivo.
  2. Não Haverá Mais Dor (Ap 21:4): A ausência de sofrimento físico e emocional na nova criação.
  3. Não Haverá Mais Lágrimas (Ap 7:17; 21:4): Deus enxugará toda lágrima, garantindo alegria eterna.
  4. Não Haverá Mais Maldição (Ap 22:3): A maldição do pecado será removida, restaurando a harmonia original.
  5. Não Haverá Mais Morte (Ap 21:4): A morte será eliminada na nova criação.
  6. Não Haverá Mais Pranto (Ap 21:4): O lamento será substituído por alegria permanente.
  7. Todas as Coisas Serão Novas (Ap 21:5): Deus renovará céus e terra, cumprindo Sua promessa de restauração.
3. Privilégios dos Fiéis
  1. Direito à Árvore da Vida (Ap 22:14): Os obedientes terão acesso à vida eterna.
  2. Direito de Entrar na Cidade Santa (Ap 22:14; cf. 21:8; 22:15): Os fiéis entrarão na Nova Jerusalém, enquanto os desobedientes serão excluídos.
  3. Escapar do Inferno (Ap 2:11): Os vencedores não sofrerão a segunda morte, o lago de fogo.
  4. Morar Eternamente no Templo de Deus (Ap 3:12; cf. Jo 14:1-3): Os fiéis habitarão na presença divina.
  5. Nome Mantido no Livro da Vida (Ap 3:5; cf. Êx 32:32; Sl 69:25-28): A garantia de salvação para os fiéis.
  6. O Nome da Cidade de Deus (Ap 3:12): Os vencedores receberão a identidade da Nova Jerusalém.
  7. O Nome de Deus (Ap 3:12): Símbolo de pertencimento e proteção divina.
  8. O Novo Nome de Cristo (Ap 3:12): Uma revelação especial da identidade de Cristo aos fiéis.
  9. O Tabernáculo de Deus com os Homens (Ap 21:3): Deus habitará permanentemente com Seu povo.
  10. Poder para Governar as Nações (Ap 2:26-27; 3:21; 5:9-10; 22:4-5): Os fiéis compartilharão a autoridade de Cristo.
  11. Um Lugar no Templo de Deus (Ap 3:12; cf. Jo 14:1-3): Um espaço preparado na presença divina.
4. Advertências aos Rebeldes
  1. Negação das Bênçãos de Apocalipse (Ap 22:19): Os rebeldes perderão as bênçãos prometidas.
  2. Pragas sobre os Rebeldes (Ap 22:18-19): Consequências divinas para quem alterar as palavras de Apocalipse.
  3. Nomes Riscados do Livro da Vida (Ap 22:19; cf. 3:5; Êx 32:32; Sl 69:25-29): A exclusão dos desobedientes da salvação.
  4. Perda do Direito à Cidade Santa (Ap 22:19): Os rebeldes serão impedidos de entrar na Nova Jerusalém.
5. Triunfo e Julgamento
  1. Derrota de Todos os Reinos da Terra (Ap 11:15; 19:11-21; 20:1-10): O reino de Cristo prevalecerá sobre todas as nações.
  2. Nações Eternas Salvas (Ap 21:24-27; 11:15; 22:4-5): As nações redimidas habitarão na luz de Deus e se multiplicarão eternamente.
  3. Obras Manifestas (Ap 14:13): As obras dos fiéis serão reconhecidas e recompensadas por Deus.

Promessa Central: A Volta de Cristo

A culminação das promessas de Apocalipse está na certeza do retorno de Jesus Cristo (Ap 22:7, 12, 20; cf. 3:11). Essa promessa é o eixo do livro, garantindo que todas as bênçãos, transformações e julgamentos serão cumpridos quando Cristo voltar para estabelecer Seu reino eterno.

Relevância Teológica

As promessas de Apocalipse reforçam a esperança cristã na vitória final de Deus sobre o mal, a restauração da criação e a comunhão eterna com Ele. Elas também servem como advertência, chamando à fidelidade e à obediência. A ênfase na família, como vista no capítulo anterior baseado em Deuteronômio 24:5, encontra eco nas promessas de Apocalipse, que apontam para a restauração da ordem divina, onde a comunhão e a harmonia prevalecem.

Conclusão

As 38 promessas de Apocalipse, parte das 250 bênçãos distintas do Novo Testamento, oferecem uma visão abrangente do plano redentor de Deus. Elas incentivam os crentes a perseverarem, prometem bênçãos eternas aos fiéis e alertam sobre as consequências da rebelião. A promessa da volta de Cristo unifica essas mensagens, apontando para a consumação da história, quando todas as coisas serão feitas novas.

Referências

PRÉ X PÓS Debate Acadêmico entre Pr. Elias Soares e Pr Carlos Vailate

 

PRÉ X PÓS - Debate Acadêmico entre Pr. Elias Soares e Pr. Carlos Vailate

O debate escatológico entre o pré-tribulacionismo e o pós-tribulacionismo é um dos temas mais acalorados e relevantes dentro do meio cristão. Neste artigo, vamos explorar profundamente as perspectivas apresentadas pelo Pr. Elias Soares e pelo Pr. Carlos Augusto Vailate, dois renomados pastores e estudiosos que discutem com base teológica, exegética e cultural se a igreja passará ou não pela grande tribulação.

Introdução ao Tema: A Grande Tribulação e o Arrebatamento da Igreja

Uma das perguntas centrais que permeia a escatologia cristã é se a igreja será arrebatada antes da grande tribulação (pré-tribulacionismo) ou se passará por este período difícil e será arrebatada somente após a tribulação (pós-tribulacionismo). Essa discussão não é nova e envolve interpretações detalhadas de passagens bíblicas chave, bem como o uso de fontes históricas e culturais para melhor compreender o contexto das Escrituras.

Para contextualizar, o debate envolve questões como a natureza do arrebatamento, o significado da grande tribulação e a ordem dos eventos da volta de Cristo. A importância dessa discussão é destacada pelo próprio apóstolo Paulo, que em sua carta aos Coríntios afirma que, se a esperança em Cristo se limitar apenas a esta vida, seremos os mais miseráveis de todos os homens, revelando a importância da escatologia para a fé cristã.

Entendendo o Noivado e Casamento Judaico como Ilustração Escatológica

Um dos pontos mais fascinantes apresentados no debate é a analogia entre o casamento judaico e a relação entre Cristo e a igreja. De acordo com o estudo do Pr. Elias Soares, o casamento judaico da época de Jesus ocorria em duas fases principais: o Kidushin (noivado) e o Nissuim (concretização do casamento).

No Kidushin, o noivo comprometia-se com a noiva e pagava o dote (chamado morar), enquanto a noiva deveria permanecer virgem até o retorno do noivo. Essa fase poderia durar anos, e durante esse tempo o noivo não podia ser convocado para a guerra, pois tinha um compromisso firme com a noiva.

Essa prática é uma rica metáfora para a obra de Cristo na encarnação e seu relacionamento com a igreja. Jesus, o noivo, veio e "se casou" com a igreja, pagando o preço com seu próprio sangue na cruz. Agora, Ele está para voltar para buscar sua noiva (a igreja) e consumar esse casamento, o que corresponde ao momento do arrebatamento (o nissuim).

A parábola das dez virgens também é usada para ilustrar esse encontro entre o noivo e a noiva, que ocorre nos ares, antes da festa nupcial de sete dias, simbolizando a grande celebração escatológica entre Cristo e a igreja.

Análise Exegética de Primeira Tessalonicenses 4:13-18

Primeira Tessalonicenses 4:16-17 é uma das passagens mais citadas no debate sobre o arrebatamento:

"Pois dada a ordem com a voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor."

O Pr. Elias destaca que esse texto é um "cheque mate" para a compreensão do arrebatamento, pois fala de um encontro nos ares, uma descida de Cristo do céu e da união eterna com Ele. Ele argumenta que o arrebatamento é um evento único e indivisível, que ocorre antes da grande tribulação.

Por outro lado, o Pr. Carlos Vailate apresenta uma análise crítica, destacando que a palavra grega apántesis ("encontro") não é um termo técnico que necessariamente indique uma descida para a terra, e que o contexto cultural e histórico deve ser considerado para interpretar adequadamente o texto.

Além disso, ele ressalta que o termo "casa do Pai", mencionado em João 14, não se refere necessariamente ao céu, contestando a interpretação comum do pré-tribulacionismo.

Debate sobre o Termo Grego Apántesis

O termo apántesis é central para a interpretação do encontro entre Cristo e a igreja. O Pr. Vailate defende que, baseado em estudos acadêmicos, apántesis não é um termo técnico exclusivo para encontros de dignitários, e sua aplicação no texto de Tessalonicenses não implica necessariamente que Cristo descerá até a terra para ser escoltado pela igreja. Ele argumenta que essa interpretação é uma hipótese e que o texto não oferece clareza suficiente para afirmar que Cristo continuará a descida até a terra.

Já o Pr. Elias utiliza fontes culturais judaicas, como a Michná, para ilustrar que o encontro descrito é mais bem compreendido como um encontro nos ares, onde a noiva (a igreja) vai ao encontro do noivo (Cristo), que está vindo para buscá-la. Essa compreensão está alinhada com o costume do casamento judaico, onde o noivo sai e a noiva o encontra para depois irem juntos para a casa do noivo.

Importância da Michná e da Cultura Judaica no Debate

A Michná, uma codificação antiga da lei oral judaica, é utilizada para fundamentar a interpretação do casamento judaico e, por consequência, a analogia escatológica do noivo e da noiva. Segundo este documento, o casamento judaico tinha uma fase de compromisso (Kidushin) e uma fase de consumação (Nissuim), com obrigações e expectativas claras para ambas as partes.

Essa tradição ajuda a esclarecer passagens bíblicas como 2 Coríntios 11:2, onde Paulo fala da igreja como uma virgem pura preparada para o noivo, e o conceito de arrebatamento como o momento em que o noivo vem buscar sua noiva para consumar a união, simbolizando a volta de Cristo para arrebatar a igreja antes da tribulação.

Segunda Tessalonicenses 2:1-8 e a Regra de Grenville Sharp

Outro ponto crucial do debate envolve a interpretação de Segunda Tessalonicenses 2:1, que fala sobre "a vinda do Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com ele". O Pr. Carlos Vailate destaca a aplicação da Regra de Grenville Sharp, uma regra gramatical do grego que indica que as duas expressões referem-se a um mesmo evento, e não a dois eventos distintos.

Isso significa que a vinda de Cristo e a reunião com Ele (arrebatamento) são um único evento, o que contraria a ideia do pré-tribulacionismo que defende duas vindas separadas de Cristo.

O Significado do Termo Apostasia

O termo grego apostasia, traduzido como "apostasia" ou "rebelião", é outro ponto de discórdia. O Pr. Vailate argumenta que esse termo não pode ser interpretado como "partida da igreja" (como defendem alguns pré-tribulacionistas), mas sim como um abandono da fé e uma rebelião contra Deus que ocorrerá antes da manifestação do anticristo.

Ele apresenta cinco razões históricas e linguísticas para essa interpretação, reforçando que a igreja estará presente durante a grande tribulação, enfrentando a apostasia e o surgimento do homem do pecado.

Quem é "O Que Detém"? Análise dos Particípios Gregos

Em Segunda Tessalonicenses 2:6-7, Paulo fala sobre "o que detém" a manifestação do anticristo até o tempo determinado. O debate gira em torno da identidade desse agente restritivo.

O Pr. Vailate argumenta que, gramaticalmente, não pode ser a igreja, pois o particípio neutro e masculino usados no texto não concordam com o gênero feminino do termo "igreja" em grego. Também é difícil atribuir essa função ao Espírito Santo, pois, segundo ele, a Bíblia não o apresenta restringindo forças demoníacas diretamente.

Ele sugere hipóteses alternativas, como a atuação do arcanjo Miguel e dos exércitos angelicais, baseando-se em passagens bíblicas que mostram Miguel lutando contra Satanás e a ligação desse momento com o início da grande tribulação.

Perspectivas Teológicas e Conceituais sobre o Pré e Pós-Tribulacionismo

O Pr. Carlos Vailate apresenta suas razões para ser pós-tribulacionista, destacando quatro premissas:

  1. Base bíblica sólida para a volta de Cristo após a tribulação;
  2. Consistência histórica na interpretação dos eventos escatológicos;
  3. Coerência conceitual na compreensão da volta de Jesus como um evento único;
  4. Fundamentação escatológica que evita a divisão da vinda de Cristo em duas fases.

Ele também critica o pré-tribulacionismo por promover um arrebatamento secreto não ensinado na Bíblia e por inferir eventos que não possuem respaldo claro nas Escrituras.

Por sua vez, o Pr. Elias Soares mantém sua posição pré-tribulacionista, defendendo que Jesus voltará antes da tribulação para arrebatar a igreja, fundamentando-se em passagens como João 14, 1 Tessalonicenses 4 e na analogia do casamento judaico, além de enfatizar a iminência da volta do Senhor.

Conclusão: O Valor do Debate e a Esperança Cristã

Este debate acadêmico entre os pastores Elias Soares e Carlos Vailate oferece uma rica reflexão sobre um dos temas centrais da fé cristã: a volta de Jesus e o destino da igreja diante da grande tribulação. Apesar das divergências, ambos concordam na importância da escatologia para a vida cristã e na esperança da volta de Cristo.

A discussão demonstra que a interpretação das Escrituras deve ser feita com cuidado, considerando o contexto histórico, cultural, linguístico e teológico. Além disso, reforça a necessidade do diálogo respeitoso entre irmãos, com humildade e busca pela verdade.

Independentemente da posição adotada, a certeza da volta de Cristo e da reunião com a igreja é o ponto fundamental que fortalece a fé e a perseverança dos cristãos em todo o mundo.

Que possamos aguardar com esperança e vigilância o momento glorioso em que o noivo Jesus virá buscar sua noiva para celebrar a festa eterna.

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A Noiva e o Noivo Celestial – A Metáfora Nupcial na Relação entre Cristo e a Igreja

Casal em um casamento com a lua por trás


Introdução


A imagem da noiva é uma das metáforas mais poéticas e profundas das Escrituras, utilizada para descrever a relação entre Cristo e a Igreja. Essa alegoria, presente em diversos livros da Bíblia, evoca a ideia de um amor sagrado, compromisso e preparação para uma união eterna. Neste capítulo, exploraremos os significados teológicos e simbólicos dessa representação, analisando passagens-chave e interpretações de estudiosos brasileiros e internacionais.

1. A Alegoria Nupcial na Bíblia

A alegoria nupcial que permeia a Bíblia oferece uma profunda visão sobre a dinâmica entre Cristo e a Igreja, revelando não apenas a natureza do relacionamento espiritual, mas também a esperança escatológica que os crentes possuem. Essa metáfora é especialmente enfatizada no Novo Testamento, onde o amor sacrificial de Cristo é comparado ao amor de um noivo pela sua noiva. Efésios 5:25-27 destaca essa relação ao afirmar que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para santificá-la. Essa entrega reflete um compromisso profundo e inabalável, que serve como modelo para os relacionamentos entre os fiéis.

A Igreja, por sua vez, é apresentada como a noiva redimida, uma comunidade que se empenha na purificação e na santidade enquanto aguarda a consumação final das promessas divinas. O Apocalipse 19:7-8 descreve com alegria e expectativa a noiva que se prepara para o casamento do Cordeiro, uma imagem poderosa da realização do plano redentor de Deus, onde o amor e a comunhão serão plenamente restaurados.

Além disso, as referências bíblicas ilustram a continuidade da relação nupcial ao longo da Escritura. Em Apocalipse 21:2,9, a Nova Jerusalém é representada como uma noiva adornada, simbolizando a consumação da união perfeita com Deus e a realização da esperança escatológica. Em 2 Coríntios 11:2, Paulo reforça essa ideia ao se dirigir à comunidade, chamando-a de “virgem pura” prometida a Cristo, o que ressalta a santidade e a pura devoção que devem caracterizar a vida dos cristãos.

Mesmo em contextos do Antigo Testamento, como em Isaías 49:18, há uma prefiguração dessa relação nupcial, onde Deus expressa Seu amor e compromisso com Israel, reforçando a ideia de que essa ligação não é apenas uma concepção nova, mas um tema que se estende por toda a narrativa bíblica. Portanto, a alegoria nupcial não é apenas uma metáfora, mas um princípio que reflete a relação íntima e comprometida que Deus deseja ter com Seu povo, culminando na promessa de um relacionamento eterno e pleno na consumação dos tempos.

2. Interpretações Teológicas e Culturais

Estudiosos brasileiros, como Augustus Nicodemus em sua obra "A Igreja no Século XXI", oferecem um olhar profundo sobre a metáfora da noiva, destacando aspectos essenciais que fundamentam a relação entre a Igreja e Cristo. Primeiramente, essa metáfora enfatiza a eleição divina, afirmando que a Igreja é escolhida e amada antes mesmo da fundação do mundo, conforme mencionado em Efésios 1:4. Essa escolha divina não só valida a importância da Igreja no plano de salvação, mas também ressalta a singularidade do vínculo estabelecido entre a divindade e sua comunidade.

Além disso, a metáfora exige fidelidade. Assim como uma noiva deve permanecer leal e não trair seu noivo, a Igreja é chamada a uma exclusividade que reflete esse compromisso de amor e devoção, como enfatizado em Oséias 2:19-20. Essa exigência de fidelidade transcende a mera formalidade, convidando os crentes a uma vida de santidade e integridade diante do Senhor.

A visão escatológica apresentada pelo teólogo Leonardo Boff em "Igreja: Carisma e Poder", acrescenta uma dimensão mais ampla à metáfora da noiva. Ele aborda a relevância cósmica da Igreja, ligando-a à renovação da criação, conforme Romanos 8:19-23. Neste sentido, a noiva não é apenas uma figura que espera, mas um agente ativo na obra de Deus, que anseia pelo cumprimento das promessas divinas e pela transformação do mundo.

Essa interconexão entre a identidade da Igreja como a noiva de Cristo e o seu papel escatológico revela que a relação entre o Senhor e sua Igreja é vibrante e dinâmica, marcando um caminho de esperança e renovação no contexto da história da salvação.

Visão Escatológica:

O teólogo Leonardo Boff (em Igreja: Carisma e Poder) aborda a dimensão cósmica da noiva, ligando-a à renovação da criação (Romanos 8:19-23).

3. A Noiva no Contexto Litúrgico e Devocional

Na tradição cristã brasileira, hinos como "Noiva Eleita" (Harpa Cristã) e escritos de R. R. Soares reforçam a ideia de preparo para o "grande dia", que é a aguardada volta de Cristo. Esses hinos e textos enfatizam não apenas a importância da santificação pessoal, conforme indicado em 1 Pedro 1:15-16, onde somos chamados a ser santos em todos os nossos comportamentos, mas também a necessidade de estarmos vigilantes e preparados para a vinda do Senhor.

A parábola das dez virgens, descrita em Mateus 25:1-13, ilustra a expectativa da volta de Cristo de forma poderosa. Nesta parábola, cinco virgens prudentes tinham suas lamparinas abastecidas com óleo, simbolizando a preparação constante que devemos ter em nossa vida espiritual. Enquanto isso, as cinco virgens insensatas estavam despreparadas e não conseguiram entrar nas bodas quando o noivo chegou. Essa mensagem ressoa fortemente na comunidade cristã, lembrando a necessidade de manter uma vida de santidade, fé e vigilância.

Assim, o enfoque na santificação pessoal e na expectativa da volta de Cristo nos convida a refletir sobre nossa condição espiritual e a viver de maneira que honre essa chamada para sermos a noiva preparada para o grande dia. A cada dia, somos desafiados a viver em santidade e a manter nossas lamparinas cheias de óleo, prontos para o momento em que como a noiva de Cristo, nos encontraremos com Ele.

4. Críticas e Ressignificações Contemporâneas

Alguns autores, como Júlio Zabatiero (em Teologia e Narrativa), levantam uma questão provocativa sobre o uso da metáfora na teologia, sugerindo que essa figura de linguagem pode, inadvertidamente, reforçar uma imagem de passividade da Igreja, limitando sua capacidade de agir e influenciar ativamente o mundo. Zabatiero nos convida a refletir sobre como as narrativas construídas em torno da Igreja podem perpetuar dinâmicas de submissão e depender de uma interpretação que não reconhece sua força e potencial transformador.

Por outro lado, há vozes como a de Ana Flora Anderson (em Feminino e Sagrado), que oferecem uma perspectiva mais equilibrada. Anderson propõe leituras que buscam não apenas a submissão, mas também o protagonismo das mulheres e da comunidade religiosa, destacando a complexidade da experiência de fé. Ela argumenta que é possível articular a devoção e a resistência, permitindo que a Igreja não seja vista apenas como uma instituição passiva, mas como um agente ativo no diálogo social e espiritual.

Essa tensão entre passividade e protagonismo abre espaço para um debate rico sobre o papel da Igreja e as interpretações teológicas que a cercam. Através dessas duas visões opostas, desenvolve-se um campo fértil para novas abordagens que buscam integrar a tradição da metáfora com uma vivência mais dinâmica e engajada da espiritualidade.

Conclusão


A noiva de Cristo é um símbolo rico, que une teologia, poesia e esperança. Seu estudo revela tanto a profundidade do amor divino quanto o chamado à responsabilidade coletiva.

Bibliografia 

BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 2020.
BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. Petrópolis: Vozes, 1981.
NICODEMUS, Augustus. A Igreja no Século XXI. São Paulo: Cultura Cristã, 2015.
SOARES, R. R. A Noiva e o Noivo. Rio de Janeiro: Graça Editorial, 1999.
ZABATIERO, Júlio. Teologia e Narrativa. São Bernardo do Campo: UMESP, 2012.