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PRÉ X PÓS Debate Acadêmico entre Pr. Elias Soares e Pr Carlos Vailate

 

PRÉ X PÓS - Debate Acadêmico entre Pr. Elias Soares e Pr. Carlos Vailate

O debate escatológico entre o pré-tribulacionismo e o pós-tribulacionismo é um dos temas mais acalorados e relevantes dentro do meio cristão. Neste artigo, vamos explorar profundamente as perspectivas apresentadas pelo Pr. Elias Soares e pelo Pr. Carlos Augusto Vailate, dois renomados pastores e estudiosos que discutem com base teológica, exegética e cultural se a igreja passará ou não pela grande tribulação.

Introdução ao Tema: A Grande Tribulação e o Arrebatamento da Igreja

Uma das perguntas centrais que permeia a escatologia cristã é se a igreja será arrebatada antes da grande tribulação (pré-tribulacionismo) ou se passará por este período difícil e será arrebatada somente após a tribulação (pós-tribulacionismo). Essa discussão não é nova e envolve interpretações detalhadas de passagens bíblicas chave, bem como o uso de fontes históricas e culturais para melhor compreender o contexto das Escrituras.

Para contextualizar, o debate envolve questões como a natureza do arrebatamento, o significado da grande tribulação e a ordem dos eventos da volta de Cristo. A importância dessa discussão é destacada pelo próprio apóstolo Paulo, que em sua carta aos Coríntios afirma que, se a esperança em Cristo se limitar apenas a esta vida, seremos os mais miseráveis de todos os homens, revelando a importância da escatologia para a fé cristã.

Entendendo o Noivado e Casamento Judaico como Ilustração Escatológica

Um dos pontos mais fascinantes apresentados no debate é a analogia entre o casamento judaico e a relação entre Cristo e a igreja. De acordo com o estudo do Pr. Elias Soares, o casamento judaico da época de Jesus ocorria em duas fases principais: o Kidushin (noivado) e o Nissuim (concretização do casamento).

No Kidushin, o noivo comprometia-se com a noiva e pagava o dote (chamado morar), enquanto a noiva deveria permanecer virgem até o retorno do noivo. Essa fase poderia durar anos, e durante esse tempo o noivo não podia ser convocado para a guerra, pois tinha um compromisso firme com a noiva.

Essa prática é uma rica metáfora para a obra de Cristo na encarnação e seu relacionamento com a igreja. Jesus, o noivo, veio e "se casou" com a igreja, pagando o preço com seu próprio sangue na cruz. Agora, Ele está para voltar para buscar sua noiva (a igreja) e consumar esse casamento, o que corresponde ao momento do arrebatamento (o nissuim).

A parábola das dez virgens também é usada para ilustrar esse encontro entre o noivo e a noiva, que ocorre nos ares, antes da festa nupcial de sete dias, simbolizando a grande celebração escatológica entre Cristo e a igreja.

Análise Exegética de Primeira Tessalonicenses 4:13-18

Primeira Tessalonicenses 4:16-17 é uma das passagens mais citadas no debate sobre o arrebatamento:

"Pois dada a ordem com a voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor."

O Pr. Elias destaca que esse texto é um "cheque mate" para a compreensão do arrebatamento, pois fala de um encontro nos ares, uma descida de Cristo do céu e da união eterna com Ele. Ele argumenta que o arrebatamento é um evento único e indivisível, que ocorre antes da grande tribulação.

Por outro lado, o Pr. Carlos Vailate apresenta uma análise crítica, destacando que a palavra grega apántesis ("encontro") não é um termo técnico que necessariamente indique uma descida para a terra, e que o contexto cultural e histórico deve ser considerado para interpretar adequadamente o texto.

Além disso, ele ressalta que o termo "casa do Pai", mencionado em João 14, não se refere necessariamente ao céu, contestando a interpretação comum do pré-tribulacionismo.

Debate sobre o Termo Grego Apántesis

O termo apántesis é central para a interpretação do encontro entre Cristo e a igreja. O Pr. Vailate defende que, baseado em estudos acadêmicos, apántesis não é um termo técnico exclusivo para encontros de dignitários, e sua aplicação no texto de Tessalonicenses não implica necessariamente que Cristo descerá até a terra para ser escoltado pela igreja. Ele argumenta que essa interpretação é uma hipótese e que o texto não oferece clareza suficiente para afirmar que Cristo continuará a descida até a terra.

Já o Pr. Elias utiliza fontes culturais judaicas, como a Michná, para ilustrar que o encontro descrito é mais bem compreendido como um encontro nos ares, onde a noiva (a igreja) vai ao encontro do noivo (Cristo), que está vindo para buscá-la. Essa compreensão está alinhada com o costume do casamento judaico, onde o noivo sai e a noiva o encontra para depois irem juntos para a casa do noivo.

Importância da Michná e da Cultura Judaica no Debate

A Michná, uma codificação antiga da lei oral judaica, é utilizada para fundamentar a interpretação do casamento judaico e, por consequência, a analogia escatológica do noivo e da noiva. Segundo este documento, o casamento judaico tinha uma fase de compromisso (Kidushin) e uma fase de consumação (Nissuim), com obrigações e expectativas claras para ambas as partes.

Essa tradição ajuda a esclarecer passagens bíblicas como 2 Coríntios 11:2, onde Paulo fala da igreja como uma virgem pura preparada para o noivo, e o conceito de arrebatamento como o momento em que o noivo vem buscar sua noiva para consumar a união, simbolizando a volta de Cristo para arrebatar a igreja antes da tribulação.

Segunda Tessalonicenses 2:1-8 e a Regra de Grenville Sharp

Outro ponto crucial do debate envolve a interpretação de Segunda Tessalonicenses 2:1, que fala sobre "a vinda do Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com ele". O Pr. Carlos Vailate destaca a aplicação da Regra de Grenville Sharp, uma regra gramatical do grego que indica que as duas expressões referem-se a um mesmo evento, e não a dois eventos distintos.

Isso significa que a vinda de Cristo e a reunião com Ele (arrebatamento) são um único evento, o que contraria a ideia do pré-tribulacionismo que defende duas vindas separadas de Cristo.

O Significado do Termo Apostasia

O termo grego apostasia, traduzido como "apostasia" ou "rebelião", é outro ponto de discórdia. O Pr. Vailate argumenta que esse termo não pode ser interpretado como "partida da igreja" (como defendem alguns pré-tribulacionistas), mas sim como um abandono da fé e uma rebelião contra Deus que ocorrerá antes da manifestação do anticristo.

Ele apresenta cinco razões históricas e linguísticas para essa interpretação, reforçando que a igreja estará presente durante a grande tribulação, enfrentando a apostasia e o surgimento do homem do pecado.

Quem é "O Que Detém"? Análise dos Particípios Gregos

Em Segunda Tessalonicenses 2:6-7, Paulo fala sobre "o que detém" a manifestação do anticristo até o tempo determinado. O debate gira em torno da identidade desse agente restritivo.

O Pr. Vailate argumenta que, gramaticalmente, não pode ser a igreja, pois o particípio neutro e masculino usados no texto não concordam com o gênero feminino do termo "igreja" em grego. Também é difícil atribuir essa função ao Espírito Santo, pois, segundo ele, a Bíblia não o apresenta restringindo forças demoníacas diretamente.

Ele sugere hipóteses alternativas, como a atuação do arcanjo Miguel e dos exércitos angelicais, baseando-se em passagens bíblicas que mostram Miguel lutando contra Satanás e a ligação desse momento com o início da grande tribulação.

Perspectivas Teológicas e Conceituais sobre o Pré e Pós-Tribulacionismo

O Pr. Carlos Vailate apresenta suas razões para ser pós-tribulacionista, destacando quatro premissas:

  1. Base bíblica sólida para a volta de Cristo após a tribulação;
  2. Consistência histórica na interpretação dos eventos escatológicos;
  3. Coerência conceitual na compreensão da volta de Jesus como um evento único;
  4. Fundamentação escatológica que evita a divisão da vinda de Cristo em duas fases.

Ele também critica o pré-tribulacionismo por promover um arrebatamento secreto não ensinado na Bíblia e por inferir eventos que não possuem respaldo claro nas Escrituras.

Por sua vez, o Pr. Elias Soares mantém sua posição pré-tribulacionista, defendendo que Jesus voltará antes da tribulação para arrebatar a igreja, fundamentando-se em passagens como João 14, 1 Tessalonicenses 4 e na analogia do casamento judaico, além de enfatizar a iminência da volta do Senhor.

Conclusão: O Valor do Debate e a Esperança Cristã

Este debate acadêmico entre os pastores Elias Soares e Carlos Vailate oferece uma rica reflexão sobre um dos temas centrais da fé cristã: a volta de Jesus e o destino da igreja diante da grande tribulação. Apesar das divergências, ambos concordam na importância da escatologia para a vida cristã e na esperança da volta de Cristo.

A discussão demonstra que a interpretação das Escrituras deve ser feita com cuidado, considerando o contexto histórico, cultural, linguístico e teológico. Além disso, reforça a necessidade do diálogo respeitoso entre irmãos, com humildade e busca pela verdade.

Independentemente da posição adotada, a certeza da volta de Cristo e da reunião com a igreja é o ponto fundamental que fortalece a fé e a perseverança dos cristãos em todo o mundo.

Que possamos aguardar com esperança e vigilância o momento glorioso em que o noivo Jesus virá buscar sua noiva para celebrar a festa eterna.

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A Noiva e o Noivo Celestial – A Metáfora Nupcial na Relação entre Cristo e a Igreja

Casal em um casamento com a lua por trás


Introdução


A imagem da noiva é uma das metáforas mais poéticas e profundas das Escrituras, utilizada para descrever a relação entre Cristo e a Igreja. Essa alegoria, presente em diversos livros da Bíblia, evoca a ideia de um amor sagrado, compromisso e preparação para uma união eterna. Neste capítulo, exploraremos os significados teológicos e simbólicos dessa representação, analisando passagens-chave e interpretações de estudiosos brasileiros e internacionais.

1. A Alegoria Nupcial na Bíblia

A alegoria nupcial que permeia a Bíblia oferece uma profunda visão sobre a dinâmica entre Cristo e a Igreja, revelando não apenas a natureza do relacionamento espiritual, mas também a esperança escatológica que os crentes possuem. Essa metáfora é especialmente enfatizada no Novo Testamento, onde o amor sacrificial de Cristo é comparado ao amor de um noivo pela sua noiva. Efésios 5:25-27 destaca essa relação ao afirmar que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para santificá-la. Essa entrega reflete um compromisso profundo e inabalável, que serve como modelo para os relacionamentos entre os fiéis.

A Igreja, por sua vez, é apresentada como a noiva redimida, uma comunidade que se empenha na purificação e na santidade enquanto aguarda a consumação final das promessas divinas. O Apocalipse 19:7-8 descreve com alegria e expectativa a noiva que se prepara para o casamento do Cordeiro, uma imagem poderosa da realização do plano redentor de Deus, onde o amor e a comunhão serão plenamente restaurados.

Além disso, as referências bíblicas ilustram a continuidade da relação nupcial ao longo da Escritura. Em Apocalipse 21:2,9, a Nova Jerusalém é representada como uma noiva adornada, simbolizando a consumação da união perfeita com Deus e a realização da esperança escatológica. Em 2 Coríntios 11:2, Paulo reforça essa ideia ao se dirigir à comunidade, chamando-a de “virgem pura” prometida a Cristo, o que ressalta a santidade e a pura devoção que devem caracterizar a vida dos cristãos.

Mesmo em contextos do Antigo Testamento, como em Isaías 49:18, há uma prefiguração dessa relação nupcial, onde Deus expressa Seu amor e compromisso com Israel, reforçando a ideia de que essa ligação não é apenas uma concepção nova, mas um tema que se estende por toda a narrativa bíblica. Portanto, a alegoria nupcial não é apenas uma metáfora, mas um princípio que reflete a relação íntima e comprometida que Deus deseja ter com Seu povo, culminando na promessa de um relacionamento eterno e pleno na consumação dos tempos.

2. Interpretações Teológicas e Culturais

Estudiosos brasileiros, como Augustus Nicodemus em sua obra "A Igreja no Século XXI", oferecem um olhar profundo sobre a metáfora da noiva, destacando aspectos essenciais que fundamentam a relação entre a Igreja e Cristo. Primeiramente, essa metáfora enfatiza a eleição divina, afirmando que a Igreja é escolhida e amada antes mesmo da fundação do mundo, conforme mencionado em Efésios 1:4. Essa escolha divina não só valida a importância da Igreja no plano de salvação, mas também ressalta a singularidade do vínculo estabelecido entre a divindade e sua comunidade.

Além disso, a metáfora exige fidelidade. Assim como uma noiva deve permanecer leal e não trair seu noivo, a Igreja é chamada a uma exclusividade que reflete esse compromisso de amor e devoção, como enfatizado em Oséias 2:19-20. Essa exigência de fidelidade transcende a mera formalidade, convidando os crentes a uma vida de santidade e integridade diante do Senhor.

A visão escatológica apresentada pelo teólogo Leonardo Boff em "Igreja: Carisma e Poder", acrescenta uma dimensão mais ampla à metáfora da noiva. Ele aborda a relevância cósmica da Igreja, ligando-a à renovação da criação, conforme Romanos 8:19-23. Neste sentido, a noiva não é apenas uma figura que espera, mas um agente ativo na obra de Deus, que anseia pelo cumprimento das promessas divinas e pela transformação do mundo.

Essa interconexão entre a identidade da Igreja como a noiva de Cristo e o seu papel escatológico revela que a relação entre o Senhor e sua Igreja é vibrante e dinâmica, marcando um caminho de esperança e renovação no contexto da história da salvação.

Visão Escatológica:

O teólogo Leonardo Boff (em Igreja: Carisma e Poder) aborda a dimensão cósmica da noiva, ligando-a à renovação da criação (Romanos 8:19-23).

3. A Noiva no Contexto Litúrgico e Devocional

Na tradição cristã brasileira, hinos como "Noiva Eleita" (Harpa Cristã) e escritos de R. R. Soares reforçam a ideia de preparo para o "grande dia", que é a aguardada volta de Cristo. Esses hinos e textos enfatizam não apenas a importância da santificação pessoal, conforme indicado em 1 Pedro 1:15-16, onde somos chamados a ser santos em todos os nossos comportamentos, mas também a necessidade de estarmos vigilantes e preparados para a vinda do Senhor.

A parábola das dez virgens, descrita em Mateus 25:1-13, ilustra a expectativa da volta de Cristo de forma poderosa. Nesta parábola, cinco virgens prudentes tinham suas lamparinas abastecidas com óleo, simbolizando a preparação constante que devemos ter em nossa vida espiritual. Enquanto isso, as cinco virgens insensatas estavam despreparadas e não conseguiram entrar nas bodas quando o noivo chegou. Essa mensagem ressoa fortemente na comunidade cristã, lembrando a necessidade de manter uma vida de santidade, fé e vigilância.

Assim, o enfoque na santificação pessoal e na expectativa da volta de Cristo nos convida a refletir sobre nossa condição espiritual e a viver de maneira que honre essa chamada para sermos a noiva preparada para o grande dia. A cada dia, somos desafiados a viver em santidade e a manter nossas lamparinas cheias de óleo, prontos para o momento em que como a noiva de Cristo, nos encontraremos com Ele.

4. Críticas e Ressignificações Contemporâneas

Alguns autores, como Júlio Zabatiero (em Teologia e Narrativa), levantam uma questão provocativa sobre o uso da metáfora na teologia, sugerindo que essa figura de linguagem pode, inadvertidamente, reforçar uma imagem de passividade da Igreja, limitando sua capacidade de agir e influenciar ativamente o mundo. Zabatiero nos convida a refletir sobre como as narrativas construídas em torno da Igreja podem perpetuar dinâmicas de submissão e depender de uma interpretação que não reconhece sua força e potencial transformador.

Por outro lado, há vozes como a de Ana Flora Anderson (em Feminino e Sagrado), que oferecem uma perspectiva mais equilibrada. Anderson propõe leituras que buscam não apenas a submissão, mas também o protagonismo das mulheres e da comunidade religiosa, destacando a complexidade da experiência de fé. Ela argumenta que é possível articular a devoção e a resistência, permitindo que a Igreja não seja vista apenas como uma instituição passiva, mas como um agente ativo no diálogo social e espiritual.

Essa tensão entre passividade e protagonismo abre espaço para um debate rico sobre o papel da Igreja e as interpretações teológicas que a cercam. Através dessas duas visões opostas, desenvolve-se um campo fértil para novas abordagens que buscam integrar a tradição da metáfora com uma vivência mais dinâmica e engajada da espiritualidade.

Conclusão


A noiva de Cristo é um símbolo rico, que une teologia, poesia e esperança. Seu estudo revela tanto a profundidade do amor divino quanto o chamado à responsabilidade coletiva.

Bibliografia 

BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 2020.
BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. Petrópolis: Vozes, 1981.
NICODEMUS, Augustus. A Igreja no Século XXI. São Paulo: Cultura Cristã, 2015.
SOARES, R. R. A Noiva e o Noivo. Rio de Janeiro: Graça Editorial, 1999.
ZABATIERO, Júlio. Teologia e Narrativa. São Bernardo do Campo: UMESP, 2012.

Princípio das Dores: A Antecipação Profética da Tribulação

  Introdução

O termo “princípio das dores” aparece nas palavras de Jesus em Mateus 24, como um sinal profético do que antecederia o fim. Essa expressão carrega um significado profundo e escatológico, que remete às dores de parto — um sofrimento intenso que anuncia o nascimento de algo novo. Mas o que Jesus realmente quis dizer? Há uma conexão entre esse termo e os escritos proféticos do Antigo Testamento? Neste artigo, vamos explorar como os rabinos interpretavam essa angústia, como ela se manifesta na Bíblia e o que ela revela sobre o futuro.

 O que são as “dores de parto” no contexto bíblico?

Jesus, ao responder aos discípulos sobre os sinais do fim, afirma:

“Todas essas coisas são o princípio das dores.”
(Mateus 24:8)

A expressão usada ali remete literalmente às dores de uma mulher em trabalho de parto. Isso não é apenas uma metáfora de sofrimento, mas também de transição e expectativa. Segundo os evangelhos, estas dores antecedem um tempo de grande tribulação — um sofrimento sem precedentes na história da humanidade.

 A Conexão Profética com o Antigo Testamento

Diversos profetas usaram a imagem das dores de parto para falar sobre o tempo do fim. Um dos textos mais expressivos é o de Jeremias 30, que fala sobre a “angústia de Jacó”:

“Perguntai, pois, e vede se um homem pode dar à luz? Por que, então, vejo todos os homens com as mãos sobre os lombos, como mulher que está com dores de parto?... Ai! Porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante a ele; é tempo de angústia para Jacó...”
(Jeremias 30:6-7)

Aqui, o profeta descreve um tempo de sofrimento extremo — uma crise que será vivenciada especialmente por Israel. O termo hebraico usado para “angústia” é "tsarah", o mesmo que aparece em Daniel 12:1:

“E naquele tempo se levantará Miguel... e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo...”
(Daniel 12:1)

Esses textos apontam para um mesmo período escatológico: a grande tribulação, caracterizada por sofrimento e clamor, mas também por uma esperança de redenção.

 A Visão Rabínica: Dores de Parto do Messias

Rabinos judeus como Rashí (Shlomo Yitzhaki, séc. XI) e Shmuel ben Meir (o Rashbam, séc. XII) interpretaram textos como Daniel 12 e Jeremias 30 como referências ao que chamam de “Hevlei Mashiach”, ou “dores de parto do Messias”.

Segundo esses sábios:

“As dores que antecedem a chegada do Messias serão como as dores de uma mulher prestes a dar à luz: intensas, inevitáveis, mas anunciadoras de redenção.”

Ou seja, para muitos rabinos medievais e contemporâneos, as dores não indicam destruição final, mas o limiar da era messiânica — quando Israel e o mundo experimentarão uma restauração sem precedentes.

 Oséias e o Parto de um Novo Tempo

Outro texto chave é Oséias 13:13:

“Dores de mulher de parto lhe virão; ele é filho insensato, pois é tempo, e não está no lugar onde deveria vir à luz.”

Neste versículo, Deus compara Israel a uma criança que se recusa a nascer. A analogia das dores de parto aparece novamente como metáfora do sofrimento necessário para o cumprimento de um propósito maior: a manifestação da vontade divina.

 Conclusão

A expressão “princípio das dores” não é apenas uma previsão de sofrimento, mas uma declaração de que a tribulação precede a glória. Assim como as dores anunciam o nascimento de uma criança, os conflitos mundiais, espirituais e morais que vemos hoje podem ser os sinais de que algo maior está para acontecer — a vinda do Messias, o juízo final e a redenção de Israel.

Que possamos discernir os tempos e estarmos preparados não apenas para as dores, mas para a esperança que há além delas.


📚 Bibliografia

 

O Arrebatamento, a Tribulação e a Segunda Vinda de Cristo num único capítulo

 

Introdução

Muitas pessoas têm dúvidas sobre os eventos escatológicos descritos na Bíblia, incluindo o arrebatamento, a tribulação e o retorno de Cristo em glória. No entanto, a Bíblia fornece uma visão clara e coerente desses eventos, e é importante entender o que ela diz sobre esses temas.

O Arrebatamento, a Tribulação e o Retorno de Cristo em Mateus 24

um relâmpago na nuvens

Em Mateus 24.26-27, Jesus fala sobre o arrebatamento, advertindo que não se deve acreditar em falsas profecias ou em pessoas que afirmem que Ele está aqui ou ali. Em vez disso, Ele virá como um relâmpago, que ilumina o céu de uma extremidade à outra. Aqui, Jesus não está se referindo à claridade do relâmpago, mas sim à sua rapidez e surpresa. Observe que, no verso 26, Ele diz para não procurá-lo, pois Sua vinda será rápida (verso 27).

Em seguida, em Mateus 24.29, Jesus menciona que haverá uma grande tribulação, um período de sofrimento e juízo que precederá o Seu retorno. E então, no verso 30, Ele afirma que aparecerá o sinal do Filho do Homem, e todos os olhos o verão.

Cristo no cavalho e os anjos

Finalmente, em Mateus 24.31, Jesus descreve o momento em que os anjos reunirão todos os Seus escolhidos, os crentes que foram arrebatados e transformados para viver com Ele para sempre.

O Arrebatamento e a Tribulação em 1 Tessalonicenses

 O arrebatamento antecede a tribulação, seguindo uma ordem cronológica. Esse evento marca o fim da era da Igreja, enquanto a tribulação representa um período de julgamento e purificação que ocorrerá posteriormente.

Além disso, é interessante notar a forma como o apóstolo Paulo distingue essas duas realidades em sua linguagem. Ao tratar do arrebatamento, ele afirma: "nós seremos arrebatados" (1 Tessalonicenses 4.17), incluindo-se entre os crentes que participarão desse evento. Em contrapartida, ao referir-se à tribulação, ele declara: "sobre eles sobrevirá destruição repentina" (1 Tessalonicenses 5.3), distanciando-se da experiência e direcionando sua fala aos ímpios que permanecerão.

Esse contraste evidencia que Paulo considerava o arrebatamento como um livramento para os crentes vivos, ao passo que a tribulação recairia sobre aqueles que não foram arrebatados, sendo um período de juízo divino. O arrebatamento é, portanto, um ato de resgate, enquanto a tribulação se configura como um tempo de julgamento.

Dessa forma, a sequência dos acontecimentos torna-se evidente: primeiro ocorre o arrebatamento, seguido pela tribulação. Os salvos serão retirados da Terra, enquanto os ímpios enfrentarão as consequências subsequentes.

Em 1 Tessalonicenses, o apóstolo Paulo explica que o arrebatamento ocorre antes da tribulação. Em 1 Tessalonicenses 4.13-18, Paulo afirma que os crentes serão arrebatados para estar com o Senhor antes da tribulação. Ele usa a primeira pessoa do plural, "nós", ao falar do arrebatamento, indicando que ele próprio e os crentes tessalonicenses estariam entre os que seriam arrebatados.

No entanto, ao falar da tribulação, Paulo muda para a terceira pessoa do plural, "eles", indicando que os crentes não estarão mais presentes na Terra durante esse período.

Outras Passagens Bíblicas que Apoiam o Arrebatamento Pré-Tribulacional.

Além de Mateus 24 e 1 Tessalonicenses, outras passagens bíblicas também apoiam a ideia de que os crentes não passarão pela grande tribulação. Por exemplo:

- 1 Tessalonicenses 1.10: “Paulo afirma que os crentes estão esperando por Jesus, que os livrará da ira que está para vir, referindo-se à tribulação”. danto aqui em 1Ts 1.10 como em Ap 3.10 usa o verbo “da”.

- Apocalipse 3.10: “Jesus promete que os crentes serão guardados da hora da provação que está para vir sobre o mundo inteiro, referindo-se à tribulação”.

Observe o texto que este escrito: “da hora e não na hora”. Se a passagem de Apocalipse 3.10 estivesse escrita com "na hora" em vez de "da hora", a diferença seria sutil, mas significativa.

Com "na hora", a expressão seria:

"Porque guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei na hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam na terra."

Nesse caso, "na hora" indicaria que a proteção ou guarda de Deus ocorreria exatamente no momento em que a provação ou julgamento estivesse acontecendo. Em outras palavras, a proteção seria fornecida durante a própria hora da provação.

Já com "da hora", a expressão indica que a proteção ou guarda de Deus ocorreria antes da provação ou julgamento, ou seja, que os crentes seriam guardados da própria hora da provação.

Portanto, a diferença entre "na hora" e "da hora" é que:

- "Na hora" indica proteção durante a própria hora da provação.

- "Da hora" indica proteção antes da própria hora da provação.

“Na ira” indica proteção durante a própria hora da que está para vir.

“Da ira” indica proteção antes da própria hora da que está para vir.

 Escolha da expressão "da hora" em Apocalipse 3.10 sugere que a proteção de Deus é fornecida antes da provação, e que os crentes são guardados da própria hora da provação.

Conclusão

Em resumo, a Bíblia descreve os eventos escatológicos de forma clara e coerente. O arrebatamento, a tribulação e o retorno de Cristo em glória são eventos distintos que ocorrerão em uma sequência específica. Os crentes serão arrebatados antes da tribulação, e então Jesus retornará em glória para estabelecer o Seu reino na terra. É importante entender esses eventos para que possamos viver com esperança e expectativa da volta de Jesus.

AS DUAS JERUSALÉNS: A PROMESSA DA NOVA CIDADE ETERNA

 

A visão de uma "nova Jerusalém" é uma das mais inspiradoras promessas bíblicas, representando a restauração completa e eterna da comunhão entre Deus e a humanidade. Essa cidade celestial será o centro do governo divino no estado eterno, substituindo todas as estruturas e sistemas mundanos que, ao longo da história, foram corrompidos. Abaixo, vamos explorar as características e a importância dessa nova Jerusalém.

1. A Nova Jerusalém: A Cidade Celestial

A nova Jerusalém é uma cidade especial, preparada por Deus nos céus para ser a morada dos redimidos. Após o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro, os salvos estarão eternamente com Cristo e viverão na nova cidade. João descreve essa cidade como "adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido" (Apocalipse 21:2), simbolizando sua pureza e beleza incomparável.

Essa cidade celestial não precisa de habitações comuns, pois os salvos terão corpos glorificados, semelhantes ao de Cristo ressuscitado (Filipenses 3:21), e viverão em constante comunhão com Deus, sem limitações terrenas.

2. Uma Cidade Literal e Gloriosa

A nova Jerusalém é descrita como uma cidade real e literal que desce do céu (Apocalipse 21:10). João a vê como uma cidade brilhante, refletindo a glória de Deus, com luz semelhante a uma pedra de jaspe, translúcida e resplandecente (Apocalipse 21:11). Essa cidade não é apenas uma metáfora espiritual; ela será uma realidade visível e gloriosa, com um ambiente de beleza divina, incluindo o "rio da vida" e a "árvore da vida" que produz frutos para a saúde das nações (Apocalipse 22:2).

3. Um Muro e Doze Portas

A cidade é cercada por um grande muro com doze portas, cada uma guardada por um anjo e representando as doze tribos de Israel (Apocalipse 21:12-13). Essa estrutura reflete o cuidado de Deus em honrar Suas promessas ao povo de Israel e manter Seu pacto eterno. As portas, feitas de pérolas, e a praça de ouro puro mostram a riqueza espiritual e a perfeição do trabalho divino (Apocalipse 21:21).

4. Os Doze Fundamentos da Cidade

Cada fundamento do muro da cidade traz o nome de um dos doze apóstolos, simbolizando a importância da doutrina apostólica e a base da Igreja (Apocalipse 21:14). Esses fundamentos, adornados com pedras preciosas, refletem a glória de Deus e o papel central da mensagem de Cristo em todo o plano eterno de Deus.

5. Dimensões da Cidade

A nova Jerusalém tem um formato cúbico perfeito, com cerca de 2.400 km de comprimento, largura e altura (Apocalipse 21:16-17). Essa forma simboliza a perfeição e a completude da cidade, que será suficientemente grande para acolher todos os remidos, proporcionando um ambiente de paz e harmonia eternas.

6. Uma Cidade Sem Tristeza e Sofrimento

Na nova Jerusalém, "Deus enxugará dos olhos toda lágrima", e não haverá mais morte, dor ou sofrimento (Apocalipse 21:4). Todas as tristezas e limitações do mundo atual serão esquecidas, e a presença de Deus trará alegria e conforto eternos aos seus habitantes.

7. Sem Necessidade de Templo

Na nova Jerusalém, não haverá necessidade de templos físicos para adoração, pois "o seu templo é o Senhor, Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro" (Apocalipse 21:22). Deus estará acessível a todos diretamente, e os habitantes estarão em comunhão constante com Ele.

8. Sem Sol, Lua e Noite

A cidade não necessita do sol, da lua ou das estrelas, pois a glória de Deus ilumina todo o ambiente, e o Cordeiro é a sua lâmpada (Apocalipse 21:23). A presença divina é tão intensa que não há necessidade de fontes de luz externas, e não haverá noite ali.

9. A Cidade Como Satélite da Terra

A nova Jerusalém descerá do céu e pairará sobre a Terra como uma fonte de luz para as nações (Apocalipse 21:24-26). A cidade será um testemunho constante do poder e da majestade de Deus, e as nações reconhecerão a autoridade divina e trarão honra à cidade.

 

10. Sem Pecado

A nova Jerusalém será uma cidade pura, onde nada impuro, abominável ou mentiroso poderá entrar (Apocalipse 21:27). Apenas aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro terão acesso à cidade. Todos os ímpios e pecadores estarão fora dessa nova criação, conforme o ensino de Paulo (1 Coríntios 6:10), e o ambiente será eternamente livre do mal.

Conclusão

A nova Jerusalém representa a consumação da obra redentora de Deus e a esperança final de todo cristão. Esse lugar de comunhão, beleza e paz será o lar eterno dos remidos. Deus habitará com Seu povo para sempre, em uma cidade perfeita, onde não haverá mais tristeza, morte ou sofrimento.

SETE PERGUNTAS PRINCIPAIS QUE OS PÓS-TRIBULACIONISTAS TÊM FEITO

E quero responder cada uma de maneira bem objetiva.

Primeira pergunta: Qual o texto que fala das bodas do Cordeiro durarem sete anos? 

    Essa pergunta assume que os pré-tribulacionistas afirmam que as bodas do Cordeiro duram sete anos. Não é bem assim. A posição pré-tribulacionista afirma que as bodas do Cordeiro ocorrem simultaneamente ao período tribulacional, que é de sete anos, conforme a profecia de Daniel 9:24-27. No entanto, o tempo no céu é diferente do tempo na Terra. Deus controla tanto o Cronos (tempo cronológico) quanto o Kairós (tempo divino). Portanto, enquanto as bodas ocorrem simultaneamente à tribulação de sete anos na Terra, a percepção de tempo no céu é diferente.

Segunda pergunta: Qual o texto mostra a vinda secreta e imperceptível ao mundo?

    Em Apocalipse 1:7, é dito que "todo olho verá" Jesus, referindo-se à sua manifestação em glória. No entanto, Hebreus 9:28 menciona que Jesus aparecerá "aos que o esperam para salvação". Esse verbo grego "horaō" (ser visto) é o mesmo usado em 1 Coríntios 15, onde só a igreja viu Jesus ressuscitado. Assim, o arrebatamento será invisível para o mundo, embora depois as pessoas percebam que os cristãos desapareceram.

Terceira pergunta: Qual o texto mostra conversões depois do Arrebatamento? 

    Os pré-tribulacionistas acreditam que a igreja não passará pela grande tribulação. Em Apocalipse 1:19, Jesus dá a divisão do livro a João: "as coisas que tens visto, as que são, e as que depois destas hão de acontecer." A partir do capítulo 4, João vê os 24 anciãos no céu, que representam a igreja glorificada. A abertura dos selos em Apocalipse 6 marca o início da tribulação, indicando que a igreja já está no céu. Durante a tribulação, haverá conversões, como mostrado pelos mártires do período tribulacional em Apocalipse 6:9 e 7:14.

Quarta pergunta: Quem são os santos mencionados durante a tribulação? 

    Os santos mencionados durante a tribulação são os mártires que se converteram nesse período, conforme Apocalipse 6:9 e 7:14. Eles serão salvos pela graça, assim como todos os cristãos, e não por darem suas vidas.

Quinta pergunta: A ressurreição em 1 Coríntios 15 é na última trombeta? 

    A "última trombeta" de 1 Coríntios 15:52 e 1 Tessalonicenses 4:16-17 não é a mesma trombeta de Apocalipse 11:15. A trombeta de Apocalipse 11:15 é a última de uma série de sete trombetas de juízo. Os juízos continuam após essa trombeta com as sete taças de juízo. A trombeta do arrebatamento é uma trombeta de convocação para a igreja, enquanto a de Apocalipse é de juízo.

Sexta pergunta: Jesus disse que sua volta será depois da grande tribulação? 

    O Sermão Profético de Jesus não está rigorosamente em ordem cronológica. Jesus responde à pergunta tripartida dos discípulos sobre a destruição do templo, o sinal da sua vinda e o fim dos tempos. Ele fala sobre eventos que acontecerão com Israel durante a tribulação e depois sobre sua manifestação em glória. A partir de Mateus 24:36, Jesus fala sobre a iminência do arrebatamento, destacando a necessidade de vigilância e prontidão.

Sétima pergunta: Onde está a pausa nos sete anos restantes de Daniel 9:24-27? 

    As setenta semanas de Daniel são divididas em três partes: sete semanas (49 anos), sessenta e duas semanas (434 anos) e uma semana restante (sete anos). Após a morte do Messias, houve uma pausa, referida como o "tempo dos gentios" (Lucas 21:24, Romanos 11). A última semana, de sete anos, corresponde ao período tribulacional. Estamos atualmente vivendo no intervalo entre a 69ª e a 70ª semana.

Que Deus abençoe a todos.