Explicação introdutória sobre o que são os nomes divinos e por que são relevantes na revelação bíblica.
Exemplo:
“Na teologia bíblica, os nomes de Deus não são meros títulos, mas expressões de Seu caráter, atributos e relação com o homem. Revelar Seu nome é revelar Sua natureza (Êx 3:14; Jo 17:6). Cada nome divino comunica uma dimensão da Sua pessoa, poder e propósito.”
2. Nomes Gerais de Deus
Apresente de forma ordenada os nomes principais, com etimologia, idioma original, significado e referências bíblicas.
Nome
Idioma
Significado
Referência Principal
El
Hebraico
Poder, força, majestade
Êx 34:14; Sl 19:1
Eloah
Hebraico
Grandeza, força
Jó 22:12
Elohim
Hebraico (plural de Eloah)
Deus Todo-Poderoso, plural de majestade
Gn 1:1
Elah
Aramaico
Deus
Dn 2:18–23
Theos
Grego
Deus, divindade
Jo 1:1
Elyon
Hebraico
O Altíssimo
Sl 97:9
Shaddai
Hebraico
Todo-Poderoso
Gn 17:1
Adonai
Hebraico
Senhor, Mestre soberano
Sl 16:2
YHWH (Javé/Jeová)
Hebraico
“Eu Sou o que Sou”; o Deus eterno e imutável
Êx 3:14
Yah
Hebraico
Forma abreviada de Javé
Sl 68:4
Kyrios
Grego
Senhor (aplicado a Jesus Cristo)
Rm 10:9
Despótes
Grego
Dono absoluto, soberano
Lc 2:29; Ap 6:10
3. Nomes Compostos de Javé (YHWH)
Apresente os nomes revelados progressivamente nas Escrituras, com contexto e aplicação teológica.
Aqui, organize os nomes conforme atributos teológicos que eles expressam (exemplo: santidade, poder, amor, fidelidade, etc.).
Use subtítulos breves e exemplos bíblicos.
a) Glória e Majestade:
– Deus dos deuses (Dt 10:17)
– Deus da glória (At 7:2)
b) Eternidade:
– Eterno (Dt 33:27)
– Alfa e Ômega (Ap 1:8)
c) Santidade e Justiça:
– O Santo (Is 40:25)
– Deus justo (Is 45:21)
d) Poder e Soberania:
– Criador (Rm 1:25)
– Rei dos Reis (Ap 19:16)
e) Amor e Fidelidade:
– Pai (Jo 20:17)
– Deus de toda consolação (2Co 1:3)
“O estudo dos nomes divinos revela o caráter multifacetado de Deus — Ele é transcendente e pessoal, justo e misericordioso, soberano e próximo. Cada nome é uma janela para o conhecimento de quem Deus é, não apenas o que Ele faz. Conhecê-Lo por seus nomes é conhecê-Lo em intimidade e reverência (Jr 9:23-24).”
Bíblia, Nova Tradução na Linguagem de Hoje. SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL 2005, p135.
ENCICLOPÉDICAS:
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2011.
DOUGLAS, J. D. Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2003.
ENNS, Paul. Manual de Teologia. São Paulo: Vida Nova, 2008.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
STRONG, James. Dicionário Bíblico Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
Os debates religiosos frequentes muitas vezes colocam em
destaque na agenda pública questões éticas e morais, como aborto,
homossexualidade e religiosidade. No Brasil, o tema do fundamentalismo tem sido
discutido amplamente, especialmente devido aos questionamentos e reflexões mais
profundas sobre conceitos tradicionais, muitos dos quais são baseados na
mensagem bíblica. A defesa de princípios absolutos e imutáveis enfrenta
resistência diante de um mundo cada vez mais pluralista e relativista.
Defender a fé tornou-se um desafio para aqueles que optam
por viver de acordo com os princípios e valores estabelecidos na Palavra de
Deus. As escolhas que fazemos na vida, refletidas em nosso comportamento
diário, são influenciadas por nossas cosmovisões - um conjunto de conceitos,
crenças e valores que usamos para compreender a nós mesmos, aos outros e ao
mundo ao nosso redor. Uma vez que uma pessoa define sua cosmovisão, ela
desenvolve sua fé naquilo em que acredita ser correto.
No entanto, o mundo pós-moderno tende a questionar a
defesa de uma fé baseada em absolutos, visto que as constantes mudanças do
relativismo são consideradas inevitáveis. Portanto, é importante entender
detalhadamente o conceito de fé para diferenciá-lo de outros conceitos e
determinar até que ponto essa convicção pode ser considerada fundamentalismo,
no sentido original do termo. A pós-modernidade, embora seja tolerante em
relação a diferentes manifestações religiosas, tende a ser implacável e
intolerante quando se trata da defesa de uma fé religiosa em um Deus único e
imutável, rotulando seus seguidores como "fundamentalistas" de forma
negativa.
A fé, no âmbito religioso, engloba tanto a crença
intelectual como a confiança e o compromisso num relacionamento. Ela envolve
uma demonstração de confiança, especialmente na figura de uma outra pessoa, que
no caso religioso seria Deus.
De acordo com Grenz (1999. p.57), os autores bíblicos não
fazem uma distinção clara entre fé como crença e fé como confiança. Eles
consideram que a verdadeira fé inclui tanto o que se acredita (por exemplo, que
Deus existe, que Jesus é o Filho de Deus) quanto o compromisso com uma pessoa
digna de confiança e capaz de salvar, ou seja, a confiança na pessoa de Cristo
como meio de salvação.
O termo "fé" tem suas origens nas palavras
hebraicas, gregas e latinas, que foram traduzidas nas Escrituras. Por exemplo,
em Hebreus 11:1, a fé é descrita como o firme fundamento das coisas que se
esperam e a prova das coisas que não se veem.
Segundo Andrade (1999, p.156), a fé é a confiança depositada em todas
as providências de Deus. É a convicção de que Ele está no controle de tudo e
capaz de manter as leis que estabeleceu. É também a crença de que Sua Palavra é
verdadeira e a tranquilidade depositada no plano de salvação estabelecido e
executado por Seu Filho na Cruz.
A Profunda Natureza da Fé.
O Dicionário Vine
(2002, p. 648) analisa a origem do termo "fé" (pistis), destacando
sua inicial significação como "convicção firme", fundamentada no
ouvir (relacionado a peithõ, "persuadir"). No Novo Testamento, a
"fé" é frequentemente associada à confiança em Deus, em Jesus e em
questões espirituais, abrangendo diversos significados, tais como:
(a) Confiança: Refere-se à confiança em Deus e em
questões espirituais, sendo mencionada em diversas passagens, como (Rm 3.25, 1Co
2.5, Gl 3.23), entre outras.
(b) Fidelidade: Também denota lealdade e fidelidade, como
evidenciado em (Mt 23.23 e Gl 5.22).
(c) Aquilo em que se crê: Representa o conteúdo da fé,
como visto em (At 6.7 e Gl 1.23).
(d) Base para a "fé": Refere-se à garantia,
certeza e penhor de fidelidade, conforme mencionado em (At 17.31 e 1Tm 5.12).
Vine ressalta que os principais elementos da
"fé" em relação ao Deus invisível, contrastados com a "fé"
no homem, incluem uma convicção firme na revelação ou verdade de Deus, entrega
pessoal a Ele e uma conduta inspirada por essa entrega. A fé de Abraão, por
exemplo, estava em Deus mesmo, não apenas em Suas promessas (Rm 4.17, 20-21).
Esses diferentes aspectos da fé são destacados dependendo do contexto,
contrastando com a convicção puramente natural, desprovida de evidência
adequada.
Na análise de Buckland, (2007. p.874), a fé não é uma
atitude irracional, mas sim o resultado de uma revelação que permite ao
indivíduo experimentar um relacionamento com seu Deus. Em contraste, a liquidez
do mundo atual muitas vezes considera essa confiança como uma ilusão, incapaz
de ser comprovada, e atribui a ela um conceito de limitação diante de uma
infinidade de caminhos. Essa visão, que menospreza a experiência da fé, pouco
contribui para a formação de um indivíduo saudável e relevante para o mundo em
que vive.
A relação entre o homem e Deus envolve tanto a fé quanto
a fidelidade. A fidelidade é resultado da confiança depositada em Deus, uma
relação que é muitas vezes incompreendida por aqueles que não vivem essa
experiência. Tenney (2008. p. 776-777), destaca que a fé e a fidelidade são
correlativas, pois a fé do homem responde e é sustentada pela fidelidade de
Deus, e a fé deveria levá-lo à fidelidade.
A ideia de fé pode mover-se da atitude subjetiva de confiança
para a fé objetiva, aquela revelada por Deus através de ação, palavra e sinais
para ser crida. Na Bíblia, a iniciativa divina é enfatizada, mostrando que o
Deus vivo deseja entrar em relacionamento com os homens e demonstrou ser digno
de sua confiança. A fé, como demonstrada no Antigo Testamento, é uma
necessidade, mas é incompleta sem a plena possibilidade através de Cristo no
Novo Testamento.
Quando alguém questiona a existência de Deus, muitas
vezes não consegue compreender a dimensão da fidelidade e da própria fé. Essa
incompreensão leva muitos a considerarem tal comportamento como equivocado e
cego, muitas vezes rotulando-o como fruto da ignorância cultural e científica.
Viver em uma sociedade que despreza o absoluto e rejeita a fé é um desafio que
exige convicções cada vez mais profundas.
A fé está intrinsecamente ligada a valores que
fundamentam a existência humana, os quais se expressam concretamente em uma
ideologia. Enquanto a fé trata do sentido último, a ideologia lida com a
eficácia na realização desses valores. Essas são dimensões humanas diferentes e
complementares. Nessa perspectiva, a fé é vista como insubstituível, enquanto a
racionalidade humana permite lutar por justiça e libertação dentro das
coordenadas sociopolíticas concretas.
A defesa desses valores muitas vezes é vista como
manifestação de alienação ou intolerância religiosa. O relativismo filosófico,
incapaz de aceitar a ideia de valores imutáveis, muitas vezes milita contra
aqueles que acreditam neles. Na impossibilidade de concordância em valores e
princípios na prática da vida individual, uma firme posição de pensamento pode
ser rotulada de fanatismo ou fundamentalismo, de forma equivocada e distorcida
do seu significado original.
O termo "fundamentalismo" é geralmente entendido
como a atitude de um grupo que se baseia em diretrizes tradicionais e as
defende de forma absoluta. No entanto, é importante definir a intensidade e
influência com que essa defesa é exercida. Um fundamento radical e totalitário,
por exemplo, terá consequências correspondentes. Atualmente, ser considerado
fundamentalista significa ser visto como intransigente, exclusivista e incapaz
de viver plenamente na sociedade, ao contrário do que era visto na história
antiga, onde o fundamentalista era muitas vezes louvado pela defesa firme de
seus ideais.
O Fundamentalismo Teológico: Uma Oposição ao
Liberalismo.
O termo "fundamentalismo" passou a ser aplicado de forma ampla a
todas as formas de conservadorismo, segundo Lieth, (2018).
Ele afirma que qualquer pessoa que defenda sua posição com entusiasmo e
veemência é rotulada como "fundamentalista". A falta de precisão nos
contornos desse conceito torna mais fácil caracterizar algo ou alguém como
fundamentalista.
Grupos de cristãos protestantes conservadores nos Estados
Unidos da América adotaram essa designação no início do século XX. Entre 1909 e
1915, foi publicada uma série de textos chamada "Os Fundamentais - um
testemunho em favor da Verdade" (2008, p. 452-456), que vendeu mais de
três milhões de exemplares nos Estados Unidos. Essa série de textos deu origem
a um movimento formado por grupos conservadores evangélicos, conhecido como
fundamentalismo protestante. Esse movimento teve um grande impacto nos Estados
Unidos e logo se espalhou para outros continentes e países.
Na história, o fundamentalismo foi observado como um
contraste com o liberalismo. Champlin (2013. p.829), destaca que o
fundamentalismo foi um movimento protestante e teológico que se opôs ao
liberalismo teológico. O termo "fundamentalismo" é sinônimo de
conservadorismo estrito e foi usado para fazer oposição não apenas ao
liberalismo, mas também a formas mais livres de evangelicalismo. Homens como
B.B. Warfield, James Orr, H.C.O. Moule e G. Campbell Morgan deram origem a uma
interpretação estrita e literalista da Bíblia, como demonstrado em "Os
Fundamentais". O fundamentalismo rejeita os métodos e conclusões da
crítica bíblica histórica, surgida após a Iluminação, e se assemelha à teologia
evangélica anterior à Iluminação, embora com algumas diferenças.
Em termos gerais, Galindo destaca que o fundamentalismo é
uma tendência dentro das tradições judaica, cristã e muçulmana, que surge como
uma reação mais ou menos violenta contra mudanças culturais. Para alguns
estudiosos, o fundamentalismo serve como base para ideais radicais e
extremistas, atraindo pessoas autoritárias que buscam respostas simplistas e
moralizantes em um mundo percebido como dominado por forças malignas.
Apesar de ser marcado por uma defesa extrema de ideais, o
movimento fundamentalista contribui de diversas formas para o desenvolvimento
do pensamento e da discussão teológica. Além de alertar sobre erros na cena
religiosa, o fundamentalismo tem se mostrado anticomunista e promove a
fidelidade à Palavra de Deus. Em resumo, o fundamentalismo é uma ação que se
opõe a valores antibíblicos e anticristãos ao longo da história.
CONCLUSÃO:
A teologia é uma disciplina que busca compreender e
interpretar as verdades fundamentais da fé religiosa, utilizando métodos de
análise crítica e reflexão sobre fontes sagradas, tradições e experiências
religiosas. Seu objetivo principal é promover um conhecimento mais profundo e
uma compreensão mais clara do divino, possibilitando uma vivência mais
autêntica da espiritualidade.
Para alcançar seus objetivos, a teologia é dividida em
várias subdisciplinas, cada uma focando em aspectos específicos da fé e da
religião. Isso inclui a teologia exegética, que se concentra na interpretação
das escrituras sagradas; a teologia histórica, que estuda o desenvolvimento da
doutrina ao longo do tempo; a teologia dogmática, que trata das doutrinas
fundamentais da fé; a teologia bíblica, que analisa os temas e conceitos
encontrados na Bíblia; e a teologia sistemática, que organiza e sintetiza as
doutrinas em um sistema coerente.
No contexto pentecostal, a teologia é influenciada pela
ênfase na experiência do Espírito Santo e nos dons espirituais. Isso se reflete
em uma abordagem mais dinâmica e prática da teologia, buscando uma conexão
íntima entre a doutrina e a experiência religiosa.
A importância de "fazer" teologia é destacada
pela necessidade de uma compreensão mais profunda e informada da fé, que pode
orientar a prática religiosa e promover o crescimento espiritual. A teologia é
essencial para a igreja, pois fornece uma base sólida para o ensino e a
pregação, ajudando os fiéis a entenderem melhor sua fé e a responderem aos
desafios contemporâneos.
As fontes da teologia incluem as escrituras sagradas, a
tradição da igreja, a razão humana e a experiência religiosa. O teólogo, por
sua vez, desempenha um papel crucial na interpretação e aplicação dessas
fontes, buscando integrar a fé com a vida cotidiana e promover um diálogo
construtivo entre a religião e a cultura.
Por fim, é importante distinguir entre doutrina e
religião, reconhecendo que a doutrina é uma expressão articulada da fé,
enquanto a religião engloba práticas, rituais e instituições que refletem essa
fé. No entanto, o fundamentalismo teológico pode distorcer essa distinção,
levando a interpretações rígidas e exclusivistas da doutrina, em detrimento da
verdadeira fé e compreensão espiritual. Assim, é essencial cultivar uma
abordagem equilibrada e aberta à teologia, que valorize a diversidade de
perspectivas e busque uma compreensão mais profunda e inclusiva da fé
religiosa.
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
VINE, W.E. et. al. Dicionário Vine - Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
O estudo da doutrina, também conhecido como teologia, é
fundamental para o desenvolvimento da compreensão e prática da fé cristã. A palavra
"doutrina" tem sua origem no latim "doctrina", que
significa "ensino" ou "instrução". Essa palavra traz à
mente ideias e ensinamentos religiosos, mas seu propósito vai além de conceitos
intelectuais e religiosos, visando à transformação das vidas dos crentes.
A doutrina cristã não se limita a meros conceitos ou
sistemas de crenças, mas busca promover uma mudança real na vida dos cristãos,
tornando-os semelhantes a Cristo. Enquanto as doutrinas formalizadas em credos
podem ser úteis, elas também podem limitar a energia vital dos ensinamentos de
Cristo. O convite de Jesus para aprender Dele não se refere apenas à absorção
de informações, mas à experiência transformadora de Seu ensinamento e do Seu
Espírito.
O termo "teologia", embora não seja encontrado
na Bíblia, está intimamente ligado à "doutrina". Na Bíblia, o termo
equivalente é "didache" ou "didaskalia" no grego, que se
refere tanto ao ato de ensinar quanto ao conteúdo do que é ensinado. A
teologia, então, pode ser definida como o conjunto de verdades extraídas dos
ensinos bíblicos sobre Deus e Sua obra, apresentadas de forma sistemática como
um corpo de doutrinas. A teologia sistemática organiza essas doutrinas de
maneira ordenada para facilitar o estudo e a compreensão da fé cristã.
Os aspectos sobre o termo "doutrina" fornecem
uma compreensão abrangente de seu significado e aplicação nas Sagradas
Escrituras:
1.Origem e Significado Linguístico: A
palavra "doutrina" tem suas raízes no hebraico "legach" e
no grego "didaché", ambos significando "ensino" ou
"instrução" (TB, NTLH, NVI).
2.Sentidos Ativos e Passivos:
Tanto no hebraico quanto no grego, o termo pode ser utilizado tanto no sentido
ativo (ato de ensinar) quanto no passivo (aquilo que é ensinado). A predominância
da voz passiva enfatiza a autoridade, enquanto a voz ativa destaca o ato de
ensino (Mt 7.28; Tt 1.9; Ap 2.14,15,24; Mc. 4-2; Rm. 16-17; Mt 15.9; Mc 7.7; Ef
4.14; Cl 2.22; 1Tm 1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt 1.9; 2.1,10; Rm 12.7; 15.4; 1Tm
4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7).
3.Coerência de Ideias Fundamentais: A
doutrina é um conjunto coerente de ideias fundamentais transmitidas e
ensinadas. Reflete uma arte, ciência, teoria ou método de ensino, consistentes
com os princípios das Sagradas Escrituras.
4.Ensino das Sagradas Escrituras:
Quando se fala de doutrina bíblica, refere-se ao ensino das Escrituras
Sagradas. Isso abrange uma variedade de temas, incluindo a salvação, Jesus
Cristo, o Espírito Santo, a criação, o pecado, entre outros aspectos
fundamentais da fé cristã.
5.Orientação para o Relacionamento: A
doutrina, baseada nas SagradasEscrituras, orienta o relacionamento humano com
Deus, com a Igreja e com os semelhantes. Serve como um conjunto de princípios
para a vida cristã e a conduta ética.
Esses aspectos destacam a importância da doutrina como um
meio pelo qual Deus se comunica com a humanidade e orienta Seu povo na fé e na
prática.
A Importância da Doutrina na Vida Cristã.
Vários trechos da Bíblia destacam a relevância da
doutrina para a existência humana, como podemos ver em Atos 2.42:
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”, Mateus 7.24-27: "Todo
aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao
homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e
correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu,
porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras
e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa
sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”, e, Efésios 2.20:
"edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que
Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”.
Os textos bíblicos citados destacam a importância da
doutrina para a vida dos seres humanos. Em Atos 2:42, vemos que os primeiros
cristãos perseveravam na doutrina dos apóstolos, o que mostra a centralidade do
ensino e da instrução na comunidade cristã primitiva. Em Mateus 7:24-27, Jesus
compara aqueles que ouvem e praticam Suas palavras aos que constroem suas vidas
sobre a rocha sólida, enquanto os que ouvem, mas não praticam, são como aqueles
que constroem sobre a areia, sujeitos a quedas e desastres espirituais. E em
Efésios 2:20, Paulo descreve os crentes como edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, com Jesus Cristo como a pedra angular, enfatizando a
importância da doutrina apostólica na estruturação da fé cristã.
A Relação entre Teologia e Religião.
Quanto ao termo "religião", ele é derivado do
latim "religare", que significa "atar" ou
"religar", indicando a tentativa de reconectar o homem a Deus após a
queda.
A teologia e a
religião estão interligadas: enquanto a religião representa as práticas que
ligam o homem a Deus em uma determinada relação, a teologia é o conhecimento
acerca de Deus. Embora devam coexistir na experiência cristã verdadeira, às
vezes, na prática, elas podem parecer distantes. No entanto, é importante
reconhecer que tanto a prática religiosa quanto o conhecimento teológicosão
essenciais para uma compreensão e vivência plena da fé cristã.
A teologia tem uma origem, isto é, um ponto de partida de
onde a teologia se desenvolve. Em termos básicos, estas origens são:
a] Bíblia Sagrada
- A fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia Sagrada, que é reconhecida
como a autoridade máxima para os cristãos. A palavra "Bíblia" vem do
grego "biblia", que significa "livros", refletindo sua
natureza composta por diversos escritos. Ela é a constituição da religião
cristã e revela Deus ao mundo, sua natureza trinitária e seu plano de salvação
para a humanidade. As Escrituras são suficientes para transmitir todas as
informações necessárias sobre Cristo, incluindo seu aspecto divino e seu poder
de perdoar pecados.
A autoridade das Escrituras deriva de sua inspiração
divina, não sendo meros produtos da mente humana, mas revelações sobrenaturais
do Espírito Santo. Embora os autores bíblicos tenham escrito de acordo com suas
características individuais e culturais, a supervisão do Espírito Santo
garantiu que suas palavras fossem infalíveis, inerrantes e autoritativas. As
Escrituras reivindicam atributos divinos, sendo perfeitas, fiéis, retas, puras,
verdadeiras, justas e santas. Assim, a Bíblia é a principal fonte de
informações teológicas para os cristãos e serve como guia para sua fé e
prática.
b] Tradição -
A leitura das Escrituras nunca é neutra e sempre é influenciada por uma
tradição interpretativa. Cada denominação cristã possui suas próprias
tradições, que são consideradas autoridades complementares ou adicionais às
Escrituras, embora algumas denominações possam não reconhecer explicitamente
esse fato. As tradições começam nas próprias Escrituras, que preservam várias
tradições judaicas e influências da filosofia helênica.
Após o período do Novo Testamento, surgiram declarações
dos pais da Igreja e o desenvolvimento dos primeiros credos, que sistematizaram
e limitaram as Escrituras. Concílios eclesiásticos também manipularam esses
credos, adicionando interpretações das Escrituras e originando tradições.
Regras de fé, interpretações bíblicas e raciocínios apareceram nos escritos dos
pais da Igreja, contribuindo para a formação de tradições.
O sincretismo também desempenhou um papel na formação das
tradições, conforme o cristianismo se difundia por diferentes culturas e áreas
geográficas, incorporando elementos locais de crenças e práticas. As tradições
católicas romanas são um exemplo proeminente de entronização das tradições,
algumas das quais podem prejudicar as Escrituras, enquanto outras têm um
fundamento bíblico.
A Reforma Protestante, em seu princípio de "Escritura
somente", não eliminou completamente as tradições, e novas tradições foram
estabelecidas por meio de credos rígidos e interpretações específicas das
Escrituras. Teólogos modernos sugerem que a doutrina deve evoluir, resultando
em novas tradições substituindo antigas.
A revolta contra a ortodoxia, representada pelas
tradições liberais, desenvolveu uma tradição própria que minou a fé nas
tradições mais antigas e rejeitou o autoritarismo, muitas vezes ignorando as
próprias Escrituras. Os credos modernos funcionam de várias maneiras, desde
declarações e interpretações até distorções e omissões de passagens bíblicas.
Embora algumas tradições possam ultrapassar legitimamente
as Escrituras, muitas vezes, elas incorrem em erro, adicionando elementos
prejudiciais à fé e prática. Portanto, é necessário discernimento ao lidar com
as tradições, repelindo aquelas que se desviam da verdade bíblica.
c] Cultura -
Ao fazer teologia, é crucial considerar tanto o contexto cultural do estudante
quanto o do texto bíblico em análise, a fim de aplicá-lo adequadamente ao seu
tempo. O estudo da cultura é fundamental para determinar se determinados textos
das Escrituras eram aplicáveis em um determinado momento histórico ou se têm
validade contínua. Os costumes culturais têm uma influência significativa na
interpretação de um texto bíblico.
Como Alexandre Milhoranza (2024), enfatiza, interpretar a
Bíblia sem considerar o contexto e o período histórico pode levar a sérios
erros de interpretação e até mesmo a heresias. Os reformadores destacaram a
importância do método de interpretação histórico-gramatical das Escrituras, que
leva em conta o período histórico em que o texto foi escrito e considera as
palavras e frases em seu sentido normal e claro (literal).
Certos princípios ou mandamentos bíblicos são contínuos e
irrevogáveis, aplicáveis a todas as épocas, pois tratam de temas morais ou
teológicos e são repetidos em outras partes da Bíblia. No entanto, existem
também mandamentos que se referem a circunstâncias específicas de um
determinado contexto cultural e não possuem caráter moral ou teológico, sendo,
portanto, não aplicáveis aos dias atuais.
Além disso, há princípios ou mandamentos que se aplicam a
contextos culturais semelhantes ao nosso, nos quais apenas o princípio
subjacente deve ser aplicado. E ainda há aqueles que se referem a contextos
culturais completamente diferentes, mas cujos princípios podem ser aplicados.
Por exemplo, o episódio em que Moisés tirou os sapatos na
presença de Deus, devido à santidade do local, não significa que devemos
literalmente fazer o mesmo hoje em dia ao entrar em um templo. No entanto, o
princípio subjacente de reverência e temor a Deus deve continuar a nos guiar em
nossas práticas religiosas.
e] Experiência
- A experiência humana desempenha um papel fundamental no trabalho teológico da
igreja. De acordo com Schillebeeckx, a experiência humana e a fé cristã são as
duas fontes da teologia e devem ser consideradas em correlação. Sem a pergunta
de sentido que surge da experiência humana, as respostas dos teólogos seriam
vazias e desprovidas de significado. No entanto, quando a resposta cristã
oferece uma "superabundância de sentido", esse sentido deve se
integrar à experiência humana, que já está em busca de significado.
A fé cristã valoriza e reconhece a busca do ser humano
por sentido e significado na vida. A resposta que a fé oferece é uma resposta à
inquietação e à busca existencial do homem. A luz da revelação cristã traz uma
superabundância de sentido que complementa e enriquece a experiência humana em
sua busca por significado.
Portanto, a experiência humana não é apenas uma fonte de
questionamento para a teologia, mas também um terreno fértil no qual a fé
cristã pode encontrar ressonância e oferecer respostas significativas. A
interação entre a experiência humana e a fé cristã é vital para a construção de
uma teologia que seja relevante e significativa para as questões e desafios
enfrentados pela humanidade.