A Introdução à Teologia A teologia é um campo
complexo que envolve o estudo das coisas relacionadas a Deus, sua natureza,
obras e relações com os seres humanos. A Teologia é a análise sistemática de
Deus, que compreende a compreensão da sua essência, atributos e existência.
Origens e Significado O
termo "teologia" deriva do grego "theos", que significa
"Deus", e "logos", que pode ser traduzido como
"estudo", "discurso" ou "raciocínio".
Propósito e Escopo A
teologia consiste no estudo reflexivo e sistemático das verdades religiosas, em
particular aquelas relacionadas com a divindade. Este domínio de estudo engloba
várias áreas, tais como a Teologia cristã, judaica e islâmica. A abordagem
teológica pode ser organizada de forma sistemática, centrando-se em temas e
factos teológicos, e inclui a análise de textos bíblicos à luz da arqueologia,
história e geografia antigas.
Necessidade Humana e Revelação Divina É
importante entender que a teologia não foi criada por si mesma, mas surge da
necessidade humana de compreender e interpretar as experiências religiosas, bem
como os textos sagrados e a revelação divina.
Abordagens e Escolas de Pensamento
Existem diferentes abordagens e escolas de pensamento dentro da teologia,
refletindo as diversas tradições religiosas e interpretações das escrituras
sagradas.
Dimensões Acadêmicas e Devocionais A
teologia pode ser praticada tanto de forma acadêmica quanto devocional, visando
aprofundar o conhecimento espiritual e promover uma compreensão mais profunda
da fé.
Interdisciplinaridade e Reflexão Crítica Em
termos gerais, a teologia inclui o estudo das doutrinas religiosas, a
investigação crítica da religião e sua relação com outros campos do
conhecimento, como a filosofia e a ciência.
Amplitude e Diversidade É um
campo vasto e diversificado, que abrange desde a análise detalhada de textos
religiosos até a reflexão sobre questões éticas e morais à luz da fé..
A
Essência da Teologia: Uma Visão Abrangente
Os
Elementos Fundamentais da Teologia:
A teologia, em sua essência, engloba diversos elementos que contribuem para uma
compreensão abrangente do estudo de Deus e de sua relação com a criação.
Charles Ryrie identifica três elementos fundamentais na definição geral de
teologia.
[1] A mente humana pode compreendê-la de
forma ordenada e racional. [2] A Teologia necessita de explicação, o que
envolve a análise dos textos originais e a organização de ideias. [3] A fé
cristã tem a sua fundação na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo
fundamentado na Bíblia. (RYRIE, 2004. p.15).
Diversas
Perspectivas Teológicas:
Para Norman Geisler, Louis Berkhof, e Karl Rahner, a teologia assume diferentes
formas, cada uma enfatizando aspectos particulares do estudo de Deus e de sua
relação com a criação.
A
Amplitude da Teologia Cristã:
De acordo com Medrado, a teologia trata de Deus e tudo o que se relaciona a
ele, incluindo a criação, a salvação e outros aspectos do universo. Na religião
cristã, a teologia não é apenas o estudo de um Deus abstrato, mas sim do Deus
pessoal revelado na Bíblia.
Definição
Abrangente da Teologia:
Assim, a teologia pode ser definida como a ciência de Deus e das relações entre
Deus e o universo, englobando o estudo de Deus, suas obras e sua interação com
a criação, incluindo o homem. Um conceito abrangente de teologia deve
considerá-la como o estudo das relações entre o Criador (Deus) e a criatura
(homens), refletindo a amplitude e profundidade do conhecimento teológico.
A
Incapacidade Humana de Compreender Plenamente Deus:
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria demasiado
pretensioso para o ser humano, uma vez que Deus transcende o entendimento
humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de compreender plenamente
a essência de Deus.
A
Revelação de Deus e o Conhecimento Humano:
Deus se revela ao homem, e este é capaz de conhecê-lo dentro dos limites da
capacidade humana. Esse conhecimento produz um relacionamento, que, embora não
permita um entendimento completo da mente de Deus, possibilita ao homem viver
de acordo com os propósitos divinos.
O
Objeto da Teologia: Deus e Suas Atividades:
Deus é conhecido através de suas obras e atividades, e a teologia busca
compreender essas atividades na medida em que acompanham o nosso conhecimento.
Assim, a teologia não apenas estuda a natureza de Deus, mas também suas
interações com o universo e com a humanidade.
A
Possibilidade da Teologia: Uma Fundamentação Teológica:
Segundo Strong e Hordern, a teologia é possível porque Deus se relaciona com o
universo, a mente humana é capaz de conhecê-lo e perceber sua relação com o
universo, e Deus provê sua revelação. Além disso, a teologia é um tratado ou
desenvolvimento bem ordenado do pensamento sobre Deus, essencial para
compreender o propósito da vida e os valores fundamentais da existência.
A
Relação Entre Teologia e Escrituras:
De acordo com o
Dicionário Bíblico Wycliffe, o termo "teologia" pode ser usado tanto
para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras quanto do todo.
Nesse sentido mais amplo, a teologia abarca todo o conteúdo do ensino das
Escrituras que o homem pode conhecer em relação a Deus, bem como o
relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.
A
Integração da Filosofia na História da Teologia:
A história da teologia
cristã está intimamente relacionada com a filosofia. Desde o século II, a
filosofia se tornou uma interlocutora primordial da teologia cristã, mesmo com
a oposição de alguns pais da Igreja, como Tertuliano, que questionou
retoricamente a influência da filosofia grega sobre o pensamento cristão. Esse
relacionamento entre a reflexão cristã e a filosofia é uma parte crucial da
história da teologia cristã, marcada por tensões e debates significativos.
Os
Períodos da Teologia Cristã:
A teologia cristã foi
dividida em períodos para facilitar seu estudo e compreensão ao longo da
história. Esses períodos incluem: o período Patrístico (c. 100 - 451), a Idade
Média e o Renascimento (c. 1050 - c. 1500), os períodos das Reformas e da
pós-Reforma (c. 1500 - c. 1750), e o período Moderno e o pós-Moderno (c. 1750 -
até os dias atuais). No entanto, é importante ressaltar que traçar linhas
divisórias precisas entre esses períodos pode ser desafiador, e há
controvérsias sobre as relações entre alguns deles. O que é certo é que a
história da teologia cristã remonta ao século II, quando surgiram desafios
internos e externos à Igreja, levando ao desenvolvimento da ortodoxia como uma
declaração definitiva do que é teologicamente correto.
O
Propósito da Teologia: Relacionamento com o Criador
O objetivo primordial
da teologia é possibilitar que o homem se relacione com seu Criador e
compreenda a manifestação divina ao longo da história, especialmente no plano
de salvação revelado por meio de Cristo.
Explorando
a Teodicéia: Conhecimento sobre Deus
Enquanto a teologia se
concentra em Deus e em Seu plano redentor, a teodicéia, por outro lado, trata
dos conhecimentos que o homem pode adquirir sobre Deus sem a ajuda da revelação
sobrenatural, explorando a existência, o ser e os atributos divinos.
A
Natureza da Ciência Teológica: Estudo do Ser Divino
A ciência teológica
estuda o ser de Deus na medida em que pode ser alcançado, reconhecendo sempre a
natureza misteriosa de Deus, que não pode ser plenamente compreendido como os
outros seres.
Objeto
Material da Teologia: Deus e Suas Realidades Criadas
A teologia, como
ciência de Deus, coloca Deus como seu principal objeto material, abrangendo
todas as realidades criadas e governadas por Ele em Seu desígnio salvador.
Promovendo
a Fé e a Vida Justa: Papel da Teologia
Além disso, a teologia
deve promover a fé e encorajar o homem a viver uma vida justa por meio do
desenvolvimento de uma fé ativa. A passagem em Romanos 1:16-17 enfatiza o poder
do evangelho para a salvação daqueles que creem, revelando a justiça de Deus que
é acessível mediante a fé. A fé cristã implica confiança genuína em Cristo,
resultando em uma união com Seu Espírito e uma vontade de viver em conformidade
com Sua vontade.
A
Natureza da Teologia segundo Frisotti
Para Frisotti (2015), A
teologia é considerada uma disciplina na qual a mente do crente, orientada pela
fé teológica, procura entender de forma mais profunda os mistérios revelados e
as suas significâncias para a existência humana.
A Fé e
sua Relação com a Teologia
A fé é vista como o
assentimento a uma verdade considerada digna de ser crida, enquanto a teologia
é a análise dessa fé. O motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se
revela, enquanto o da teologia é a percepção da razão da inteligibilidade do
crido.
A
Teologia como Reflexão Racional e Desenvolvimento da Fé
Assim, a teologia é
mais do que uma simples reflexão racional sobre os dados da revelação, é um
desenvolvimento da dimensão intelectual do ato de fé.
Objetivo
da Teologia: Elevar o Atos de Crer ao Nível do Compreender
O teólogo busca dar
razões para a fé, mas mantém firme sua fé enquanto busca compreendê-la melhor.
Portanto, a teologia é uma fé reflexiva, que pensa, compreende, pergunta e
busca. O objetivo da teologia, nesse sentido, é elevar o ato de crer ao nível
do compreender. O teólogo se baseia no conhecimento de Deus pela fé, na razão
humana e em suas descobertas certas, ordenando e interpretando os dados da fé
de modo a revelar sua unidade conforme Deus o dispôs.
A
Distinção entre Teologia Positiva e Teologia Especulativa
Frisotti distingue dois
aspectos da teologia: a teologia positiva e a teologia especulativa. A teologia
positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação, buscando determinar e
traçar toda a história documental do objeto crido em sua revelação. Ela se
preocupa em conhecer o corpo ou a forma externa do dado revelado, para alcançar
uma inteligência mais profunda da Palavra de Deus. Por outro lado, a teologia
especulativa aprofunda nas verdades reveladas, mostrando sua inteligibilidade e
a conexão e harmonia entre elas, usando a ajuda das ciências humanas. Essa
teologia não é uma simples especulação, mas está sob o controle e à luz do
mistério de salvação.
A
Fundamentação da Teologia Especulativa e o Papel da Analogia
A possibilidade da
teologia especulativa se fundamenta em uma epistemologia realista, na qual se
pressupõe que a mente humana é ordenada à verdade e é capaz de conhecer a Deus
de maneira limitada e certa. A analogia desempenha um papel importante nesse processo,
permitindo falar de Deus de modo que nosso linguagem tenha sentido, mesmo que
Ele não possa ser explicado univocamente.
A Teologia especulativa
desempenha duas importantes tarefas fundamentais: compreender e organizar o
conteúdo revelado.
1.Compreender
o dado revelado da melhor maneira possível. Isso não implica na tentativa de
demonstrar ou assimilar os mistérios como se fossem dados completamente
evidentes. Em vez disso, trata-se de buscar o sentido preciso contido na fé e
de explorar a relação dos mistérios entre si.
2.Realizar
um trabalho sistemático: A Teologia busca expor com rigor os preâmbulos da fé,
mostrando que, embora a fé não seja evidente, ela não é absurda. Além disso,
visa apresentar uma síntese dos mistérios da fé, demonstrando da melhor maneira
possível a unidade e a coerência da doutrina revelada. Por fim, busca
relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da cultura, a fim
de estabelecer conexões significativas entre a fé e os diversos campos do
conhecimento humano.
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em https://www.docsity.com/pt/introducao-a-teologia-5/7027607/ teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.02.2024.
Guia do Estudante da Editora Abril. Disponível em https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/teologia ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml. Acesso: 29.12.2015.
RYRIE, Charles C.
Teologia
Básica ao alcance de todos. São
Paulo: Mundo Cristão, 2004.
É importante destacar
que a teologia pode ser categorizada de diversas maneiras, e Charles Ryrie (2004.
p.15-16.), identifica três tipos principais:
[a] Por época, como teologia
patrística, medieval, reformada e contemporânea;
[b] Por ponto de vista, como
teologia arminiana, calvinista, barthiana e da libertação;
[c] Por ênfase, como
teologia histórica, bíblica, sistemática, apologética e exegética.
Divisão
Clássica da Teologia
A divisão clássica da
teologia geralmente se baseia no tipo de teologia por ênfase, organizando os
assuntos para facilitar seu estudo e compreensão. Nessa perspectiva, a teologia
é dividida em cinco partes principais: teologia exegética, teologia histórica,
teologia dogmática, teologia bíblica e teologia sistemática. Embora outros
autores possam propor diferentes divisões, isso não invalida a abordagem
clássica, apenas oferece diferentes perspectivas de observação.
Classificação
Segundo Myer Pearlman
Myer Pearlman (2004.
p.10-11), seguindo o modelo clássico, classifica a teologia da seguinte
maneira:
1.Teologia
exegética: Este ramo procura descobrir o verdadeiro significado das
Escrituras, utilizando conhecimento das línguas originais em que foram
escritas.
2.Teologia
histórica: Traça a história do desenvolvimento da interpretação
doutrinária, envolvendo o estudo da história da igreja.
3.Teologia
dogmática: Estuda as verdades fundamentais da fé conforme
apresentadas nos credos da igreja.
4.Teologia
bíblica: Mapeia o progresso da verdade através dos diversos livros
da Bíblia e descreve a abordagem de cada escritor em relação às doutrinas
importantes.
5.Teologia
sistemática: Agrupa os ensinamentos bíblicos sobre Deus e o
homem em tópicos, de acordo com um sistema definido. Por exemplo, os textos
sagrados relacionados com a natureza e a obra de Cristo são agrupados sob o
título "Doutrina de Cristo".
Teologia
Exegética: Buscando o Verdadeiro Significado das Escrituras.
A
teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras, utilizando
princípios de interpretação formal para compreender o sentido dos textos. O
termo "exegese" vem do grego, significando "guiar para
fora" ou "explicar". Na linguagem técnica, a exegese se refere à
interpretação específica de um texto, enquanto os princípios gerais aplicados
nessa interpretação são chamados de hermenêutica.
Eisegese
versus Exegese: Interpretação Correta versus Distorção.
Por outro lado, a eisegese é o oposto da
exegese. Envolve ler no texto o que alguém deseja encontrar, distorcendo-o para
se adequar às próprias ideias do intérprete. Enquanto a exegese é uma prática
séria, a eisegese é considerada uma distorção do texto.
Qualificações
do Intérprete: Intelecto, Educação e Espiritualidade.
Embora
a interpretação da maioria das Escrituras seja relativamente simples, algumas
partes podem ser mais complexas. É importante que o intérprete tenha algumas
qualificações, como intelecto, educação e espiritualidade. Milton S. Terry
enfatizou que um intérprete competente deve ser capaz de perceber claramente o
significado do texto, entender a argumentação lógica do autor e discernir entre
o conteúdo doutrinário e prático.
Controlando
a Imaginação na Interpretação das Escrituras Milton S. Terry
enfatiza a importância de controlar a imaginação ao interpretar as Escrituras,
pois uma mente excessivamente fértil pode prejudicar a interpretação correta.
Ele destaca que o intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e
examinar a Escritura, aplicando a razão em cada parte dela.
A
Natureza Humana da Bíblia e o Chamado à Investigação Terry
(1977. Pp.151-158), ressalta que a Bíblia foi escrita em linguagem humana,
convidando à investigação e pesquisa, e condenando a crença cega. Portanto, a
maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu e capacitar outros a
extrair aprendizado das Escrituras, como recomendado pelo apóstolo Paulo a
Timóteo. “Ora, é necessário que o servo
do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24).
Importância
da Qualificação Educacional na Interpretação das Escrituras Em
relação à qualificação educacional, Terry menciona a importância de adquirir
conhecimento sobre os fatos relacionados às Escrituras por meio de estudo e
pesquisa. Isso inclui entender a geografia da Palestina e regiões vizinhas,
conhecer as histórias gerais e bíblicas para confirmar e complementar a
revelação das Escrituras, dominar a cronologia e compreender os sistemas
políticos e sociais que influenciaram os eventos descritos na Bíblia. Essa base
educacional é crucial para uma interpretação precisa das Escrituras, como
também destaca o apóstolo Paulo em suas exortações a Timóteo “Até a minha chegada aplica-te à leitura, à
exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há em ti...”
(1Tm. 4:13, 14).
Qualificação
Espiritual na Interpretação Bíblica.
A
qualificação espiritual é fundamental para a interpretação bíblica. A sabedoria
e a aprendizagem são fundamentais, mas sem a orientação do Espírito Santo, que
é o autor da Bíblia, tudo se torna incompleto, afirma Terry. Portanto, como o
Dr. Loyd Jones ensina, é crucial ter uma abordagem espiritual no texto. O
pecado pode cegar nossos olhos e impedir que enxerguemos claramente a vontade
de Deus revelada em um texto estudado, mesmo com esforço. O principal objetivo
do intérprete deve ser alcançar a verdade, preceito ou doutrina do texto
estudado. Não podemos permitir que o texto diga o que queremos ouvir, mas
devemos lutar para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos
exorta, dizendo: “Por isso o pendor da
carne é inimizado contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo
pode estar” (Rm 8.7). (Ibidem).
Introdução à Teologia Histórica
A
teologia histórica, também conhecida como história da teologia ou história da
doutrina, está intimamente ligada à história da igreja e à teologia cristã. Ela
traça o desenvolvimento da interpretação doutrinária ao longo do tempo e
envolve o estudo da história da igreja em suas diversas áreas e aspectos.
Natureza
Interdisciplinar da Teologia Histórica.
Há
debates sobre se a teologia histórica é primordialmente história ou teologia,
mas é consenso que ela está estreitamente conectada a ambas as áreas. Enquanto
a história da igreja aborda principalmente os eventos, personagens e movimentos
ao longo da história da igreja, incluindo sua prática e reflexão sobre missões,
liturgia, organização e relacionamento com a sociedade, a teologia histórica se
concentra mais especificamente na reflexão e no ensino da igreja ao longo do
tempo.
Escopo
e Abordagem da Teologia Histórica.
A teologia histórica pode abordar diversos
tópicos, desde a análise de temas doutrinários específicos que receberam
definições oficiais da igreja, como a doutrina da Trindade e a doutrina da
pessoa de Cristo, até questões mais amplas que ultrapassam os limites da
teologia clássica, como questões filosóficas, éticas, políticas e sociais.
Objetivo
da Teologia Histórica.
Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas
presente na vida da igreja em cada período histórico, utilizando tanto a
história do dogma quanto a história do pensamento cristão em sua elaboração.
A
teologia histórica, segundo Alister McGrath (apud MATOS, 2007. p.17 ), é o ramo
da investigação teológica que tem como objetivo explorar o desenvolvimento
histórico das doutrinas cristãs e identificar os fatores que influenciaram sua
formulação. Noutras palavras, a história da teologia regista as respostas às
principais questões do pensamento cristão e, simultaneamente, procura explicar
os elementos que influenciaram a sua formulação das respostas.
Para
além de ser um recurso educativo que fornece conhecimento sobre a evolução dos
principais temas teológicos, as vantagens e desvantagens das diferentes
abordagens e os momentos mais significativos do pensamento cristão em termos de
autores e documentos, a história da teologia também é uma ferramenta crítica.
Isso porque permite identificar as falhas, as limitações e os condicionamentos
de certas formulações doutrinárias, possibilitando seu contínuo
aperfeiçoamento.
A Teologia Dogmática, também
conhecida como Teologia Sistemática, estuda as verdades fundamentais da fé de
acordo com os credos e confissões de fé da igreja. Seu objetivo é estabelecer
declarações que orientem a igreja e deem sentido para uma prática religiosa
consistente.
O Conceito de Credo na
Teologia Dogmática.
O pastor Esequias Soares
conceitua o credo como uma interpretação precisa e autorizada das Escrituras,
destinada a sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar
as confissões públicas e proteger o pensamento cristão contra heresias. (SOARES,
2013. p.31).
Funções de um Credo ou
Declaração de Fé.
Mark Noll destaca que a
construção de um credo ou declaração de fé deve servir pelo menos três funções:
servir como declarações autorizadas da fé cristã que incorporam as novas ideias
dos reformadores, sem abandonar formas que também possam fornecer instrução
regular para os fiéis mais simples; erguer um estandarte ao redor do qual uma
comunidade local possa se unir, tornando claras as diferenças com os oponentes;
e possibilitar uma reunificação da fé e da prática, visando a unidade e
estabelecendo uma norma para disciplinar os desviados.
Teologia Dogmática versus
Teologia Sistemática.
Edson Douglas de Oliveira
observa que é comum considerar a teologia dogmática como teologia sistemática.
Ele define a Dogmática como um discurso da igreja sobre sua fé, uma reflexão
teológica feita a partir da igreja sobre questões em que ela crê e que precisa
fundamentar de forma inteligível e ordenada.
TeologiaBíblica
Abordagens da Teologia Bíblica.
A
Teologia Bíblica aborda várias perspectivas e é utilizada de diversas maneiras:
Esclarecimento dos Temas e
Ideias da Bíblia Essa abordagem busca
determinar o que a Bíblia realmente ensina, sem os pressupostos que podem
distorcer interpretações particulares. É uma atividade que pode desafiar as
denominações religiosas, cuja existência muitas vezes depende da interpretação
seletiva de certos ensinamentos bíblicos.
Articulação da Significação
Teológica da Bíblia como um Todo
Embora a Bíblia não seja um livro homogêneo, essa abordagem tenta encontrar
pontos de conexão e significado teológico em toda a Escritura. Apesar dos
desafios, essa tentativa pode gerar insights valiosos.
Construção de um Sistema
Teológico Completo Alguns grupos, como os
evangélicos fundamentalistas e conservadores, e até mesmo Karl Barth e sua
neo-ortodoxia, tentaram desenvolver sistemas teológicos abrangentes baseados
exclusivamente na Bíblia como fonte informativa. Essa abordagem pode envolver a
rejeição das tradições eclesiásticas em favor de uma interpretação mais direta
das Escrituras.
Pressuposto da Concordância
entre os Autores Bíblicos Esta abordagem parte
do pressuposto de que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de
vista fundamentais. Ao estudar as exposições de ideias dos autores bíblicos,
busca-se entender exatamente quais eram seus pontos de vista.
A Essência da Teologia Bíblica
Segundo Tenney
Segundo Tenney (2008, p.840),
"A Teologia Bíblica é o exercício de tentar determinar as declarações de
fé da Bíblia de forma sistemática. Esta definição reconhece a Bíblia como um
livro de fé, ou seja, ela registra o significado redentor do encontro de Deus
com o homem". Este autor também observa que o termo
"sistemática" não sugere de forma alguma que as categorias da
Teologia Sistemática devem guiar este exercício. Pelo contrário, ele afirma que
indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as declarações de fé dos
escritores bíblicos individual e coletivamente, de acordo com os padrões de
expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, Tenney declara que existe
um esforço para apresentar não só uma declaração organizada, mas também uma
descrição coesa da fé presente na Bíblia.
Metodologia da Teologia Bíblica.
A metodologia da Teologia
Bíblica, segundo Tenney, aborda diversos aspectos, e um deles é a questão da
unidade da Bíblia. Essa unidade é desafiadora devido à variedade de gêneros
literários e períodos históricos presentes nos livros do Antigo e do Novo Testamentos.
Com a diversidade de material
literário, surge a questão da norma para interpretar esses livros. Por exemplo,
no Antigo Testamento, deve-se seguir a opinião liberal de que os profetas
representam a religião hebraica normativa? No Novo Testamento, a norma deve ser
buscada nos sinóticos, nas cartas de Paulo ou nos escritos de João?
No entanto, é razoável afirmar
que, apesar da diversidade, existe um testemunho comum da atividade redentora
de Deus em benefício da humanidade pecadora. Essa unidade deve estabelecer um
elo entre os dois testamentos, especialmente para os cristãos que veem Jesus
como o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Essa ideia é apoiada
pelas palavras de Jesus e pela compreensão de que o Antigo Testamento apresenta
a promessa e o Novo Testamento, seu cumprimento.
Assim, a Teologia Bíblica deve
dar atenção ao que liga os livros da Bíblia como uma unidade em termos
históricos e teológicos, reconhecendo a diversidade, mas também buscando a
coesão e o testemunho comum da obra redentora de Deus ao longo da história da
humanidade.
b) A abordagem da história da
salvação na Teologia Bíblica destaca a importância dos eventos históricos como
veículos da revelação de Deus e como elementos-chave na compreensão da fé
judaico-cristã. Essa perspectiva reconhece que a história não é apenas uma
sucessão de eventos aleatórios, mas sim o contexto no qual Deus se revela e age
em prol da salvação da humanidade.
Os eventos históricos
descritos na Bíblia, desde a Criação até o estabelecimento da igreja, são
vistos como manifestações da atividade redentora de Deus em favor de seu povo.
Esses eventos não são meras coincidências, mas sim ações intencionais de um Deus
vivo que demonstra sua natureza redentora ao longo da história.
A expressão alemã "Die
Heilsgeschichte", ou "história da salvação", enfatiza que a
história é o meio pelo qual Deus revela e realiza seu plano de salvação para a
humanidade. Essa história da salvação destaca a intervenção de Deus em diferentes
momentos da história para resgatar e sustentar seu povo redimido.
A centralidade da história na
fé judaico-cristã é destacada por diversos teólogos do Antigo e do Novo
Testamentos, que reconhecem que a história é o contexto no qual a revelação de
Deus se desenrola e se torna compreensível para seu povo.
Portanto, para que a Teologia
Bíblica seja válida em sua metodologia, é fundamental que ela aborde e mostre
essa história da salvação, reconhecendo-a como um dos pontos fundamentais do
pensamento bíblico e como parte integrante da revelação de Deus de si mesmo aos
seres humanos
c) A abordagem que considera
Cristo como a chave das Escrituras ressalta a importância central de Cristo na
interpretação e compreensão tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos. Essa
perspectiva afirma que é através de Cristo que as Escrituras são verdadeiramente
entendidas e cumpridas.
Sem o Novo Testamento, o
Antigo Testamento é visto como incompleto, pois apresenta uma promessa sem o
seu cumprimento. A vinda de Cristo é vista como o ponto culminante da história
da redenção, dando sentido pleno às promessas feitas no Antigo Testamento.
A igreja primitiva valorizava
as Escrituras do Antigo Testamento não apenas porque Jesus não as repudiou, mas
também porque elas forneciam a base para entender a história sagrada de Israel
e sua relação com Cristo. Três eventos em particular, registrados em
Lucas-Atos,(Lc 24.13-35), são destacados
como demonstrações da centralidade de Cristo na interpretação das Escrituras: o
caminho de Emaús, a defesa de Estêvão. (At 7), e o encontro de Filipe (At
8.26-39) com o eunuco etíope. “Filipe explicou; e, começando por esta passagem
da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v.35).
Esses eventos mostram como
Cristo é o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel, e como Ele é a
chave para entender a relação entre o Antigo e o Novo Testamentos. Isso levanta
questões hermenêuticas importantes, como a busca por figuras e a tipologia
histórica que reconheça a unidade da fé dos santos do Antigo Testamento,
enquanto mantém a equação entre promessa e cumprimento.
A tarefa da Teologia Bíblica
é, portanto, precisa e crucial nesse ponto, pois busca explorar e elucidar a
relação entre Cristo e as Escrituras, reconhecendo-o como o cumprimento das
promessas e o ponto de referência para a interpretação bíblica.
d] Confessional e Kerigmático:
A Bíblia não é apenas um registro de eventos históricos, mas também uma
declaração de fé. A Teologia Bíblica reconhece que algumas passagens bíblicas
são declarações de fé antes de serem declarações teológicas. Ela também busca
destacar os elementos confessionais e kerigmáticos da Bíblia, mostrando como
eles são essenciais para uma compreensão verdadeiramente bíblica das
Escrituras. Além disso, a Teologia Bíblica presta atenção às entrelinhas e às
inferências teológicas que podem ser extraídas das passagens bíblicas, mesmo
quando elas não são explicitamente teológicas.
A abordagem confessional e
kerigmática da Teologia Bíblica enfatiza que a Bíblia não é apenas um registro
histórico, mas também uma declaração de fé no Deus que age em prol da salvação
da humanidade. Esta abordagem reconhece que muitas declarações bíblicas não
devem ser simplesmente entendidas como proposições teológicas, mas como
expressões de fé que transcendem a análise racional e lógica.
Dualidade da Bíblia:
Confessional e Kerigmática.
A Bíblia tem uma vertente
confessional e kerigmática. Não se resume apenas ao registo de eventos e factos
relacionados a um antigo povo, mas é também uma profunda declaração de fé num
Deus que agiu em prol da salvação. Judeus e cristãos "confessam" Deus
como Salvador e pregam, através das Escrituras, que ele é o Salvador da
humanidade, em particular através de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento.
Em termos metodológicos, essa
perspectiva destaca três pontos importantes:
1.Natureza confessional das Escrituras: As Escrituras contêm elementos confessionais e
kerigmáticos, ou seja, declarações de fé e proclamações da mensagem central do
evangelho. Esses elementos devem ser evidentes na sistematização do pensamento
bíblico. Embora algumas abordagens possam tentar interpretar a Bíblia apenas
com base em abstrações filosóficas ou teológicas, a verdadeira Teologia Bíblica
reconhece e incorpora a natureza confessional do material bíblico.
2.Leitura nas entrelinhas:
É importante ler nas entrelinhas das Escrituras para extrair não apenas o
significado explícito, mas também a mensagem subjacente e implícita. Por
exemplo, embora as cartas de Paulo frequentemente tratem de questões locais,
elas também expressam uma posição teológica geral que precisa ser discernida e
relacionada ao conjunto do pensamento paulino e ao Novo Testamento como um
todo.
3.Estudo definitivo da Bíblia: A Teologia Bíblica é um estudo abrangente da Bíblia que
busca demonstrar a revelação de Deus por meio de Cristo e seu propósito de
redimir a humanidade pecadora. Essa abordagem é auxiliada por outras
disciplinas bíblicas e se esforça para desenvolver sistemas de interpretação
que estejam fundamentados nas próprias Escrituras.
A Teologia Sistemática é uma
disciplina que se diferencia da Teologia Bíblica em sua abordagem e escopo.
Enquanto a Teologia Bíblica se concentra na análise dos textos bíblicos
individualmente e em sua progressão ao longo da história, a Teologia Sistemática
tem como objetivo principal a sistematização e organização das doutrinas da fé
cristã em um conjunto coerente.
Três Aspectos Fundamentais da
Teologia Sistemática.
Os três aspectos importantes
na verificação do conceito da teologia sistemática, de acordo com Alln Myatt e Frank Ferreira (2002. p.13-14), são os
seguintes:
[a] Exposição coerente:
A Teologia Sistemática busca apresentar uma compreensão coerente das doutrinas
da Bíblia, examinando o que a Bíblia inteira diz sobre cada doutrina e como
essas doutrinas se relacionam logicamente entre si. Isso envolve construir uma
cosmovisão que abarque todas as áreas da vida que são influenciadas pela
mensagem bíblica, tornando a Teologia Sistemática uma disciplina compreensiva.
[b] Base nas Escrituras:
A Teologia Sistemática se baseia exclusivamente nas Escrituras como sua
autoridade final. Ela evita especulações não fundamentadas e se limita ao que
está claramente declarado na Bíblia. Os teólogos são incentivados a reconhecer
quando estão se aventurando em especulações e a não atribuir a essas
especulações a mesma autoridade que atribuem à Palavra de Deus.
[c] Alvo prático:
Embora lide com questões abstratas e complexas, a Teologia Sistemática sempre
tem como objetivo mostrar como suas conclusões afetam a vida cotidiana das
pessoas. Ela busca conectar suas reflexões teóricas com a prática da fé e a
vida diária dos crentes. A verdadeira teologia é aquela que não é apenas
teórica, mas que tem em mente as necessidades das pessoas que estão nas
igrejas, buscando ajudá-las a conhecer, obedecer e amar a Deus de maneira mais
profunda e significativa.
Em suma, a Teologia
Sistemática procura oferecer uma exposição coerente das doutrinas bíblicas,
fundamentada nas Escrituras e com um alvo prático que visa impactar
positivamente a vida das pessoas e sua relação com Deus.
Esses são os principais ramos da Teologia Sistemática, que
abordam diferentes aspectos da fé cristã:
a) Teologia Própria:
Este ramo trata do estudo de Deus, explorando sua natureza, atributos e obra. É
centrado na compreensão da pessoa de Deus e de sua relação com o mundo e com os
seres humanos.
b) Hamartiologia: A
Hamartiologia é o estudo do pecado, investigando sua natureza, origem e
consequências. Examina a condição pecaminosa da humanidade e sua necessidade de
redenção.
c) Soteriologia: A
Soteriologia é o estudo da salvação, enfocando como Deus salva os pecadores e
os reconcilia consigo mesmo. Analisa os meios e os efeitos da redenção
proporcionada por Cristo.
d) Paracletologia: Este
ramo trata do Espírito Santo, explorando sua pessoa, obra e papel na vida da
igreja e dos crentes. Examina a atividade do Espírito Santo na santificação,
orientação e capacitação dos crentes.
e) Escatologia: A
Escatologia é o estudo das últimas coisas, incluindo temas como a segunda vinda
de Cristo, o juízo final, o destino dos crentes e dos incrédulos, e a
consumação do reino de Deus.
f) Angelologia: Este
ramo trata dos anjos, explorando sua natureza, origem, atividade e papel na
execução dos propósitos divinos. Examina as diferentes categorias de anjos e
seu relacionamento com os seres humanos.
g) Antropologia: A investigação sobre a natureza humana - Mateus 19.4:
“Ele respondeu: ‘Não lestes que, no princípio, o Criador os fez homem e
mulher’”.
h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo - Mateus 1.18: “O nascimento
de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José e, antes
de coabitarem, concebeu pelo Espírito Santo”.
i) Bibliologia: A análise da Bíblia -2 Timóteo 3.16: “Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para
formar na justiça”.
Esses ramos da Teologia
Sistemática são fundamentais para uma compreensão abrangente da fé cristã,
abordando diferentes aspectos da revelação divina e sua aplicação na vida dos
crentes.
Além das definições
propostas por renomados teólogos, a Teologia se desdobra em diversas abordagens
específicas, cada uma com enfoques distintos e objetivos particulares. Neste
estudo, exploraremos algumas dessas teologias, destacando suas características
individuais e contribuições para o entendimento mais amplo da fé.
I. Teologia Natural: II. Teologia Exegética: III. Teologia Bíblica: IV. Teologia Histórica: V. Teologia Dogmática: VI. Teologia Prática: Conclusão:
I. Teologia Natural:
A Teologia Natural busca
entender Deus através da observação do mundo natural e da razão humana. Ela
parte do pressuposto de que a existência e a natureza de Deus podem ser
deduzidas a partir da criação. Este ramo da Teologia enfatiza a relação entre a
revelação divina na natureza e a capacidade humana de raciocínio.
II. Teologia Exegética:
A Teologia Exegética
concentra-se na interpretação cuidadosa e sistemática das Escrituras. Seu
objetivo é extrair significados e verdades teológicas dos textos bíblicos,
empregando métodos exegéticos rigorosos. Esta abordagem é essencial para uma
compreensão profunda das doutrinas cristãs fundamentais.
III. Teologia Bíblica:
Ao contrário da Teologia
Exegética, a Teologia Bíblica aborda a Bíblia como uma narrativa unificada,
procurando traçar temas e conceitos teológicos ao longo de toda a Escritura.
Ela destaca a progressão histórica da revelação divina e sua aplicação às diversas
épocas e contextos.
IV. Teologia Histórica:
A Teologia Histórica
investiga o desenvolvimento e a evolução das doutrinas cristãs ao longo do
tempo. Examina o pensamento teológico em diferentes épocas e movimentos,
identificando influências e mudanças nas crenças da igreja ao longo da
história.
V. Teologia Dogmática:
A Teologia Dogmática é
preocupada com a formulação e exposição sistemática das doutrinas essenciais da
fé cristã. Ela busca estabelecer dogmas, ou crenças fundamentais, como resposta
a questões teológicas específicas, fornecendo uma estrutura organizada para a
compreensão da fé.
VI. Teologia Prática:
A Teologia Prática se volta
para a aplicação das verdades teológicas à vida cotidiana e à prática da fé.
Aborda questões éticas, ministério pastoral e a interseção entre teoria
teológica e vida prática na comunidade de fé.
Conclusão:
Cada uma dessas abordagens
teológicas - Teologia Natural, Teologia Exegética, Teologia Bíblica, Teologia
Histórica, Teologia Dogmática e Teologia Prática - contribui de maneira única
para a compreensão da fé cristã. Enquanto algumas se concentram na interpretação
das Escrituras, outras exploram a relação entre a teologia e a história ou
buscam aplicar os princípios teológicos à vida diária. Juntas, essas diversas
teologias oferecem uma visão abrangente e multifacetada da riqueza da fé
cristã.
A
importância da teologia como ferramenta essencial para conhecer a Deus e
compreender Sua revelação. Ele reconhece que muitas vezes a teologia é mal
compreendida, sendo vista como algo que mata a religião ou que não é necessário
para a vida da igreja. No entanto, o autor argumenta que é impossível conhecer
a Deus sem estudar Sua revelação, que Ele fez de Si mesmo por meio de Suas
obras e principalmente nas Santas Escrituras.
O
trabalho da teologia parte do pressuposto de que Deus existe, que Ele pode ser
conhecido de maneira limitada e que Ele se revelou por meio de Suas obras e das
Escrituras. Portanto, fazer teologia não é inventar teorias sobre Deus, mas sim
conhecer e compreender Sua revelação. Qualquer estudo de Deus que não tenha Sua
revelação como base não pode ser considerado teologia genuína.
A
Teologia como Tarefa Universal.
A
teologia não deve ser vista como uma área restrita apenas a acadêmicos ou
líderes religiosos, mas como uma tarefa de todos os crentes. Ele destaca que
compreender as Escrituras e aplicar seus ensinamentos na prática é parte
fundamental da teologia.
Importância
do Conhecimento das Escrituras.
Jesus
mesmo advertiu “... Errais, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22.29) sobre a
importância de conhecer as Escrituras, indicando que o erro surge da falta de
conhecimento delas. Portanto, estudar teologia não é apenas uma atividade
intelectual, mas uma forma de conhecer a Deus, já que Ele se revelou por meio
da Escritura.Em Marcos, Jesus destaca a
importância de conhecer as Sagradas Escrituras: “Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o
poder de Deus?” (Mc 12.24).
Valor
Inerente do Conhecimento de Deus.
O
conhecimento de Deus é visto como algo intrinsecamente valioso e digno em si
mesmo. Negar a teologia é, segundo o autor, recusar conhecer a Deus conforme
Ele mesmo prescreveu. Assim, o estudo da teologia é considerado a atividade
humana mais importante, pois dá significado a tudo que alguém possa pensar ou
fazer.
Vincent
Cheung (2022), argumenta que estudar teologia é fundamental por causa do valor
intrínseco do conhecimento sobre Deus. Enquanto outras formas de conhecimento
são meios para alcançar outros fins, o conhecimento de Deus é um fim digno em
si mesmo. Como Deus se revelou por meio das Escrituras, conhecer a Bíblia é
conhecer a Ele, o que significa estudar teologia.
Para
Cheung, rejeitar a teologia é recusar conhecer a Deus da maneira que Ele
prescreveu. O conhecimento das Escrituras, ou seja, conhecer a Deus através da
teologia, deve estar acima de todas as outras preocupações da vida e do
pensamento humano. Ele argumenta que a teologia dá significado a tudo o que
alguém possa pensar ou fazer e é mais importante do que qualquer outra
atividade humana. Portanto, para Cheung, o estudo da teologia é a atividade
mais significativa e essencial para os seres humanos.
As
quatro palavras gregas definidas pelo pesquisador Rubens Muzzio representam as
principais funções da igreja no mundo, conforme orientadas pelas Sagradas
Escrituras:
[a] Koinonia - Refere-se à comunhão entre
os membros da igreja, expressando a união e o propósito compartilhado. Essa
comunhão se baseia na participação em um projeto e um espírito comum, onde os
cristãos compartilham da natureza divina, de Cristo e do Espírito Santo.
Envolve amor mútuo, fé e salvação comum, e é essencial para a força e coesão da
comunidade cristã.
[b] Kerigma
- Significa a proclamação do evangelho a todas as pessoas em todo o mundo. É a
missão principal da igreja, conforme ordenado por Jesus em Marcos 16:15. A
teologia fornece ferramentas para os membros da igreja compartilharem
eficazmente as verdades do evangelho, através da interpretação correta das
Escrituras e da comunicação clara das boas novas de Cristo.
[c] Diakonia - Refere-se ao serviço
generoso em relação ao próximo, incluindo a crítica profética das estruturas
injustas e a defesa das condições sociais dignas e justas. Esse serviço não
está limitado ao ministério pastoral, mas é uma responsabilidade de toda a igreja.
A compreensão da diaconia vincula o serviço da igreja à sua missão de proclamar
o evangelho e advogar por justiça social.
[d] Marturia - Trata-se do testemunho
compartilhado pela igreja, conforme ordenado por Jesus em Atos 1:8. Isso inclui
testemunhar sobre Cristo, proclamar o evangelho e defender a verdade revelada
nas Escrituras. A palavra "testemunho" tem uma variedade de significados
na Escritura, incluindo evidência, as tábuas da lei, a Arca, toda a lei de
Deus, a Palavra de Deus dada a um profeta e o evangelho. O testemunho da igreja
é essencial para transmitir a verdade de Cristo ao mundo.