Quando o Desejo Conta uma História: Identidade, Afeto e Feridas do Feminino



“Debaixo das suas asas encontrarás refúgio; a sua fidelidade será o teu escudo protetor.”
Salmos 91:4 (NVI)

Introdução

Nos últimos anos, cresce o número de mulheres que expressam desejo afetivo por outras mulheres. Esse fenômeno, que ultrapassa rótulos simplistas, não pode ser reduzido a modismos culturais, internet ou ideologias. Há, muitas vezes, uma história profunda por trás desse desejo, enraizada na infância, nos vínculos afetivos e, sobretudo, na relação com a figura materna.

Longe de impor julgamentos, este capítulo é um convite à escuta e à reflexão. Porque, antes de tudo, o desejo — inclusive o homoafetivo — é uma linguagem que tenta contar algo sobre nós.

1. O Desejo como Reflexo de Feridas Emocionais

De acordo com o terapeuta Joseph Nicolosi, muitas mulheres que desenvolvem atração por outras mulheres vivenciaram relações difíceis com suas mães. Quando a figura materna é percebida como ausente, crítica, controladora ou emocionalmente frágil, a menina pode crescer rejeitando aspectos fundamentais da sua identidade feminina.

Essa rejeição não é consciente, mas pode se manifestar como distanciamento da própria feminilidade — não querendo ser como a mãe, não querendo representar o que ela simbolizava.

“Como alguém pensa em seu coração, assim ele é.”
Provérbios 23:7 (ARC)

2. O Desejo como Busca de Integração

Muitas dessas mulheres não “nasceram” com tal desejo. Tiveram relacionamentos heterossexuais, casamentos, filhos, até que em algum ponto da vida, surgiu a atração por outra mulher. Isso sugere que o desejo não nasceu como erótico, mas como um pedido de acolhimento, segurança, cumplicidade e identificação.

Nicolosi chama isso de busca especular — a tentativa inconsciente de encontrar, no outro feminino, o que foi perdido ou nunca construído dentro de si. O desejo, portanto, é uma tentativa de reconstruir o que não foi internalizado: o afeto feminino saudável.

3. A Construção da Identidade Feminina

A identidade feminina é formada não apenas pela genética ou pela biologia, mas por vínculos emocionais sólidos, especialmente com a mãe. Quando a mãe é vista como fraca ou perigosa, a menina se afasta dessa figura e, indiretamente, de seu próprio feminino.

Esse afastamento pode provocar um vácuo identitário, uma confusão interna, que mais tarde se manifesta como atração pelo semelhante, em busca de se tornar inteiro por meio do outro.

“Tudo o que foi criado por Deus é bom, e nada deve ser rejeitado se for recebido com gratidão.”
1 Timóteo 4:4 (NVI)

4. O Caminho da Reconciliação

Importante dizer: o foco não deve ser a supressão do desejo, mas a restauração da identidade. Isso pode passar por:

  • Reconciliação com a figura materna;

  • Cura de traumas de infância;

  • Compreensão do próprio corpo e papel;

  • Redescoberta do valor de ser mulher;

  • Apoio psicológico e espiritual.

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
João 8:32 (ARC)

A mulher homossexual, muitas vezes, não deseja outra mulher, mas deseja ser uma mulher por inteiro, integrada, curada e segura. E ouvir o desejo é o primeiro passo para reescrevê-lo.

5. O Papel dos Pais na Formação da Identidade

Pais atentos e presentes podem ajudar os filhos a formar uma identidade sólida. Isso inclui:

  • Estar emocionalmente disponíveis;

  • Ser referências saudáveis de masculinidade e feminilidade;

  • Cultivar vínculos afetivos sinceros e estáveis;

  • Valorizar o diálogo e a escuta.

“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.”
Provérbios 22:6 (ARC)

Conclusão

Não se trata de censura ou rejeição. Trata-se de ouvir o que o desejo está tentando dizer. Quando o desejo conta uma história, precisamos de coragem para escutar, compaixão para acolher, e sabedoria para reescrevê-la com verdade, afeto e identidade.

“Se ouvirmos bem, podemos reescrevê-lo.”


Perguntas para Autoavaliação

  1. Como foi minha relação com minha mãe durante a infância?

  2. De que forma me identifico — ou rejeito — minha feminilidade?

  3. Existe alguma carência afetiva que busco suprir nos meus relacionamentos?

  4. Tenho buscado compreender meus desejos ou apenas reprimi-los?

  5. Que passos posso dar em direção à cura da minha identidade?

Referências bibliográficas 

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