"O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e da mesma forma a esposa ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Do mesmo modo, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a esposa."
1 Coríntios 7:3-4 (NVI)
Introdução
A intimidade sexual dentro do casamento é mais do que um ato físico — é expressão de afeto, vínculo e compromisso. Ainda assim, muitos casais enfrentam períodos de frieza sexual, e o problema muitas vezes é tratado com descaso ou como algo “normal” da rotina. Contudo, a ausência contínua de desejo e de contato íntimo é, na maioria das vezes, um sintoma de que algo mais profundo está adoecendo no relacionamento.
Este capítulo trata sobre a responsabilidade mútua na área da intimidade conjugal, com uma abordagem honesta e prática. A perda do desejo pode até ser natural em alguns momentos, mas ignorar a necessidade do cônjuge é sinal de negligência, e não de maturidade emocional.
1. Quando o Desejo Some, a Vontade Deve Entrar em Cena
É comum que em determinadas fases da vida — seja por estresse, maternidade/paternidade, cansaço físico ou mental — o desejo sexual diminua. No entanto, isso não significa que o relacionamento deva parar de priorizar o vínculo íntimo. Em momentos assim, a disposição precisa ocupar o lugar do tesão.
Como ensina Gary Chapman (2019), amor é também uma decisão: escolher se doar, mesmo quando as emoções oscilam. A intimidade no casamento é alimentada tanto por sentimentos quanto por atitudes.
2. Descompasso de Desejo: Respeito Mútuo ou Negligência Velada?
É natural que os cônjuges tenham ritmos diferentes de desejo sexual. O problema começa quando um usa sua baixa libido como desculpa para simplesmente ignorar o outro. Isso pode gerar sentimentos de rejeição, abandono e até afetar a autoestima do parceiro.
A terapeuta de casais e sexóloga brasileira Ana Canosa (2019) afirma que o desejo pode ser reativado quando existe conexão emocional e intencionalidade. Evitar o assunto, por outro lado, só aumenta a distância entre o casal.
"Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete são fora do corpo; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo."
1 Coríntios 6:18 (NVI)
3. A Negligência Silenciosa e o Desgaste Progressivo
A rotina corrida, o cansaço e as tarefas acumuladas frequentemente servem de muleta emocional para justificar o esfriamento conjugal. Mulheres sobrecarregadas com filhos, casa e trabalho; homens imersos em cobranças financeiras e pressões profissionais. Tudo isso é real, mas quando passa a justificar o abandono da vida íntima, estamos diante de um problema.
Regina Navarro Lins (2012) explica que o desejo sexual exige investimento emocional, tempo e presença consciente. Um casal que apenas "sobrevive" junto pode estar emocionalmente divorciado sem nem perceber.
4. Sexo como Vínculo e Alimento
O sexo não é apenas prazer. É também reafirmação da identidade de homem e mulher, do compromisso mútuo e do amor exclusivo. Quando deixado de lado, o casal corre o risco de transformar o casamento em uma mera sociedade funcional, marcada por obrigações, mas sem paixão.
Dentro do projeto de Deus para o matrimônio, o sexo é mais do que legítimo — é necessário. Ele une, restaura, alivia tensões, cria memórias afetivas e fortalece o vínculo.
"Sejam todos respeitáveis no matrimônio e o leito conjugal seja conservado puro, pois Deus julgará os imorais e os adúlteros."
Hebreus 13:4 (NAA)
Conclusão: A Intimidade Como Escolha e Construção Diária
O esfriamento sexual no casamento não deve ser naturalizado. Ele é um alerta — não uma sentença. Quem ama precisa agir com responsabilidade afetiva. Muitas vezes, será preciso abrir mão do comodismo, do orgulho e da indiferença para resgatar a conexão conjugal.
Nem sempre o desejo virá com facilidade, mas a disposição em cuidar da intimidade pode ser o primeiro passo. Casamento sem sexo, quando isso não é fruto de acordo mútuo e temporário, é uma sociedade fragilizada emocionalmente.
Perguntas para Autoavaliação
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Tenho demonstrado intencionalidade em manter a intimidade no meu casamento?
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Tenho escutado e considerado os desejos e necessidades do meu cônjuge?
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Tenho usado desculpas para evitar conversas e iniciativas nessa área?
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Estou disposto(a) a trabalhar intencionalmente para melhorar minha vida íntima?
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Que mudanças práticas posso implementar ainda nesta semana?
Referências Bibliográficas
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CANOSA, Ana. Sexualidade e relacionamento: o que os pais precisam saber para orientar seus filhos. São Paulo: Planeta, 2019.
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CHAPMAN, Gary. As cinco linguagens do amor: como expressar um compromisso de amor a seu cônjuge. São Paulo: Mundo Cristão, 2019.
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LINS, Regina Navarro. O livro do amor: novas formas de amar. São Paulo: BestBolso, 2012.
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NVI. Bíblia Sagrada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
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