A Pangea e a Unidade Original da Terra segundo a Bíblia e a Ciência
O livro de Gênesis descreve que, no princípio, toda a terra estava unida em um só lugar. O texto sagrado diz:
“E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo do céu num só lugar, e apareça a porção seca. E assim aconteceu. À porção seca Deus chamou terra, e ao ajuntamento das águas chamou mares. E Deus viu que isso era bom.” (Gn 1.9-10)
De acordo com o relato bíblico, a superfície terrestre formava uma massa contínua, um único continente. Essa unidade primordial, segundo o texto de Gênesis 10:25, foi rompida durante os dias de Pelegue, cujo nome significa “divisão”. A Escritura afirma:
“A Éber nasceram dois filhos; o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra.”
O termo hebraico palag (פָּלַג) significa partir, dividir ou fender, sugerindo um evento geológico marcante. O mesmo registro é repetido em 1 Crônicas 1:19, reforçando a importância histórica e espiritual dessa separação continental.
É interessante notar que Éber, pai de Pelegue, significa “união”, enquanto Pelegue significa “divisão”. Essa sequência linguística parece refletir a transição do estado original da Terra — unida — para sua fragmentação em continentes.
A Confirmação Científica: Alfred Wegener e a Teoria da Deriva Continental
Milênios depois, a ciência moderna viria a sustentar uma teoria semelhante àquela insinuada nas Escrituras. O climatologista e geofísico alemão Alfred Lothar Wegener (1880–1930) foi o primeiro a apresentar evidências científicas sólidas de que os continentes da Terra um dia estiveram unidos em uma única massa de terra chamada Pangea (do grego pan = todo, geia = terra).
Wegener, formado em astronomia e doutor pela Universidade de Berlim (1904), dedicou-se também à meteorologia e climatologia. Em 1906, participou de uma expedição à Gronelândia, estudando a circulação das massas de ar polar.
Durante seus estudos, em 1911, Wegener observou semelhanças geológicas e biológicas entre continentes hoje separados por oceanos. Fósseis idênticos de animais e plantas foram encontrados em regiões opostas do Atlântico, como na África e na América do Sul. Ele também percebeu que o formato das costas desses continentes parecia se encaixar perfeitamente, como peças de um gigantesco quebra-cabeça.
Wegener questionou as explicações tradicionais — como a hipótese de pontes de terra submersas — e sugeriu que os continentes se moveram lentamente ao longo de milhões de anos, fenômeno que ele chamou de deriva continental.
Além disso, descobriu que cadeias montanhosas e estruturas rochosas de continentes distintos apresentavam continuidade geológica. Por exemplo, os Montes Apalaches (América do Norte) pareciam alinhar-se com as terras altas da Escócia, e os estratos da África do Sul eram idênticos aos encontrados no estado de Santa Catarina, no Brasil.
Wegener também observou fósseis tropicais em regiões polares, como na ilha de Spitsbergen (no Ártico), o que indicava que esses lugares outrora possuíram climas muito diferentes dos atuais.
A Teoria da Pangea
Em 1915, Wegener publicou sua obra "A Origem dos Continentes e Oceanos", onde consolidou sua teoria. Ele propôs que, há cerca de 300 milhões de anos, todos os continentes formavam uma única massa de terra — Pangea — cercada por um imenso oceano, chamado Pantalassa.
Segundo sua hipótese, Pangea teria se dividido inicialmente em dois supercontinentes:
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Laurásia — ao norte (formada pela América do Norte, Europa, Ásia e o Ártico);
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Gondwana — ao sul (formada pela América do Sul, África, Austrália e Índia).
Embora a teoria de Wegener tenha sido contestada em sua época, décadas depois ela foi confirmada pela teoria das placas tectônicas, que demonstrou cientificamente que os continentes continuam se movendo lentamente até hoje.
Reflexão Bíblico-Científica
A harmonia entre os registros bíblicos e os estudos geológicos modernos é impressionante. A Bíblia, escrita milhares de anos antes da ciência moderna, já sugeria a existência de uma unidade original da Terra, posteriormente dividida — evento que encontra eco na teoria científica da Pangea.
Assim, a fé e a ciência, longe de se contradizerem, parecem complementar-se, revelando um mesmo Criador que “ordenou as águas” e “ajuntou a terra seca” segundo sua perfeita sabedoria (Gn 1:9-10).
Conclusão
O relato bíblico da divisão da Terra nos dias de Pelegue e a teoria científica da Pangea apresentam uma convergência notável: ambas descrevem uma Terra originalmente unida, depois separada.
Essa correspondência entre revelação divina e descoberta científica reforça a veracidade da Palavra de Deus e a grandeza da criação.
O mesmo Deus que separou os mares e formou os continentes continua sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1:3).
Referências
A BÍBLIA SAGRADA. Nova Almeida Atualizada (NAA). São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
ALMEIDA, Ev. Jarbas Epifânio. Reflexões Bíblicas sobre a Criação e os Continentes. [S.l.]: [s.n.], 2025.
SITEDecuriosidades.com. A Terra era um só continente no início. Disponível em: http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/a-terra-era-um-so-continente-no-inicio.html. Acesso em: 4 out. 2025.
WEGENER, Alfred L. Die Entstehung der Kontinente und Ozeane [A origem dos continentes e oceanos]. Leipzig: Vieweg, 1915.
NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL. O que foi a Pangeia? Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2021/05/o-que-foi-a-pangeia. Acesso em: 4 out. 2025.
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