A Esposa Aceita a Cristo, e o Cônjuge Não Quer Mais Viver com Ela?
📖 Base bíblica: 1 Coríntios 7:10–17; 1 Pedro 3:1–6; Mateus 19:9–11
1. Introdução
A conversão de um dos cônjuges gera uma nova realidade espiritual dentro do lar. Quando um se torna servo de Cristo e o outro permanece incrédulo, inevitavelmente surgem tensões e desafios.
Mas o que a Bíblia ensina sobre esse conflito?
Pode o crente separado voltar a casar?
Como deve agir o cônjuge fiel quando o outro abandona a aliança?
O apóstolo Paulo, ao escrever aos coríntios, tratou com sabedoria e inspiração divina sobre esse tema delicado (1Co 7).
2. O Ensinamento de Paulo
Em 1 Coríntios 7:15–17, Paulo declara:
“Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz.” (ARC)
Na versão NTLH:
“Nesses casos o marido cristão ou a esposa cristã está livre para fazer como quiser, pois Deus chamou vocês para viverem em paz.”
Contudo, o texto não autoriza novo casamento. Paulo reafirma no verso 39:
“A mulher está ligada enquanto o marido vive; mas, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.”
Portanto, o princípio é claro: somente a morte rompe o vínculo conjugal diante de Deus.
3. A Recomendação de Pedro às Esposas Crentes
O apóstolo Pedro ensina como a mulher cristã deve agir diante de um marido descrente:
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Submissão e respeito (1Pe 3:1; Ef 5:22);
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Comportamento santo e manso (1Pe 3:2–4; 1Tm 2:13–15);
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Ganho do marido mais pelo testemunho do que pelas palavras (1Pe 3:3–4).
A verdadeira beleza da mulher está no caráter piedoso e na serenidade espiritual, e não nos adornos exteriores (1Tm 2:9).
4. O Divórcio e o Novo Casamento
A Bíblia é categórica: Deus odeia o divórcio (Ml 2:16).
Jesus reforça:
“O que Deus ajuntou não separe o homem.” (Mt 19:6)
Quando o descrente decide abandonar o lar, o crente deve buscar a paz e fazer todo o possível para restaurar o casamento (Rm 12:18). Mas, se o outro insiste em partir, “aparte-se” (1Co 7:15).
Mesmo assim, o texto não concede base para um novo casamento, pois Paulo silencia quanto a isso, e o silêncio do apóstolo é doutrinário.
5. Opiniões de Comentadores Bíblicos
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Charles Caldwell Ryrie (Th.D., Ph.D):
“Se o cônjuge incrédulo escolher a separação, o crente deve aceitá-la, depois de ter feito todo o possível para evitá-lo. Nada no texto autoriza um novo casamento.”
(RYRIE, 1985). -
Donald C. Stamps (Bíblia de Estudo Pentecostal):
“Se o descrente se divorcia, o crente está livre das obrigações conjugais, mas isso não implica permissão para novo casamento.”
(STAMPS, 1995). -
Lothar Coenen e Colin Brown (DITNT):
“A parte crente não fica em servidão, mas não há clareza sobre um novo casamento. O texto não define a chamada ‘parte inocente’ como livre para recasar.”
(COENEN; BROWN, 1993). -
J.D. Douglas (Novo Dicionário da Bíblia):
“Um convertido que já se divorciou e casou-se antes da fé não deve voltar ao cônjuge anterior, mas seu novo casamento deve ser tratado pastoralmente, sem julgamento precipitado.”
(DOUGLAS, 2006). -
L.D. Moody:
“Nada se diz sobre um segundo casamento; não devemos colocar palavras na boca de Paulo quando ele silencia.”
(MOODY, 1960). -
“As únicas pessoas que ganham com o divórcio são os advogados — e o diabo.”
(WIERSBE, 2006, p. 774).
6. Conclusão
Deus deseja a restauração, não o rompimento.
O divórcio é o último recurso, jamais a primeira opção.
Muitos casamentos destruídos foram restaurados pela oração e pelo poder do Espírito Santo. O amor reacendeu quando o casal se dispôs a deixar Deus agir.
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos.” (Lm 3:22)
“Não adulterarás.” (Êx 20:14)
A graça de Deus não é permissão para o pecado (Rm 6:1–2), e o matrimônio continua sendo “digno de honra entre todos” (Hb 13:4).
7. Referências – Formato ABNT
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A Bíblia Sagrada. Tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) e Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH). São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
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COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1993.
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DOUGLAS, J.D. (org.). O Novo Dicionário da Bíblia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2006.
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MOODY, L. D. Comentário Bíblico – Novo Testamento. Chicago: Moody Bible Institute, 1960.
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RYRIE, Charles Caldwell. Bíblia Anotada. São Paulo: Mundo Cristão, 1985.
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STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Novo Testamento. Vol. 1. 1ª ed. brasileira. São Paulo: Vida, 2006.
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