É Justo o Cristão Vender Bebidas Alcoólicas e Cigarros?
1. Princípio Bíblico da Responsabilidade Moral
Em Mateus 7.12, Jesus ensina:
“Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas.”
Esse versículo estabelece um princípio ético universal: devemos agir com o próximo da mesma forma que gostaríamos que agissem conosco. Assim, se um cristão não desejaria que alguém vendesse bebidas alcoólicas ou cigarros ao seu filho, também não deve fazê-lo com o filho de outro. O amor cristão é prático e se manifesta nas ações, não apenas nas palavras (1Jo 3.18).
2. A Incoerência da Hipocrisia Religiosa
Jesus advertiu severamente contra os religiosos hipócritas de seu tempo:
“Amarram fardos pesados e difíceis de carregar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” (Mt 23.4).
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois vocês fecham o Reino dos Céus diante dos homens...” (Mt 23.13).
Da mesma forma, o cristão que condena o pecado publicamente, mas lucra com aquilo que destrói vidas e famílias, incorre na mesma contradição dos fariseus. É o caso daquele que prega contra o alcoolismo, mas vende bebidas; ou que adverte sobre os vícios, mas comercializa cigarros.
O profeta Habacuque já havia denunciado tal atitude:
“Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro... para lhe contemplar as vergonhas!” (Hc 2.15).
Esse “ai” é uma advertência divina contra quem coopera com o pecado, ainda que indiretamente. Quem vende o que destrói a vida do próximo torna-se cúmplice do mal.
3. A Corrupção da Motivação Financeira
Jesus também censurou os líderes religiosos que usavam o dinheiro como justificativa para distorcer a verdade:
“Ai de vós, guias cegos! Pois dizeis: Se alguém jurar pelo templo, isto nada é; mas se jurar pelo ouro do templo, é devedor!” (Mt 23.16).
Em outras palavras, o lucro nunca deve ser colocado acima da santidade. Muitos justificam a venda de bebidas e cigarros com frases como:
“Se eu não vender, vou perder clientes.”
Mas o cristão é chamado a ser sal e luz do mundo (Mt 5.13-16), não a adaptar-se ao sistema que o cerca. O comércio que prioriza o lucro em detrimento da consciência espiritual nega o senhorio de Cristo sobre os negócios (Cl 3.23-24).
4. Todos os Pecados São Reprováveis Diante de Deus
Alguns argumentam:
“Há cristãos que não vendem bebidas, mas mentem, sonegam impostos, ou enganam clientes.”
É verdade — mas isso não justifica o erro. Não existem pecados maiores ou menores; todos são ofensas à santidade de Deus. Paulo adverte:
“E não vos associeis às obras infrutuosas das trevas; antes, condenai-as” (Ef 5.11).
“Ninguém vos engane com palavras vãs... portanto, não sejais participantes com eles” (Ef 5.6-7).
O pecado do engano não torna lícito o pecado da cumplicidade com vícios. Ambos exigem arrependimento e santificação.
5. A Advertência Final de Jesus
Jesus encerrou seus discursos contra a hipocrisia com palavras severas:
“Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23.33).
Essas palavras não visam condenar, mas alertar para a gravidade da incoerência espiritual. Quem diz seguir a Cristo precisa viver de modo coerente com o evangelho — inclusive nas suas decisões comerciais.
Conclusão Pastoral
O cristão é chamado a glorificar a Deus em tudo o que faz (1Co 10.31).
Logo, não é justo que alguém que conhece a verdade lucre com aquilo que destrói famílias e vidas. O verdadeiro discípulo de Cristo prefere perder lucro a perder a integridade.
“Melhor é o pouco com justiça do que grandes rendimentos com injustiça” (Pv 16.8).
📚 Referências
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Bíblia Sagrada, Almeida Revista e Atualizada.
-
Comentário Bíblico Beacon, vol. 6 – Mateus a João. CPAD, 2010.
-
Henry, Matthew. Comentário Bíblico Completo do Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
-
MacArthur, John. A Vida Cristã Autêntica. São Paulo: Fiel, 2014.
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