A Bíblia conta uma história marcante sobre Davi, revelando as
consequências de seu envolvimento em um pecado sexual. Vamos analisar mais
sobre isso:
Davi não é apenas lembrado por seu erro com Bate-Seba, mas também por ser
uma figura proeminente na Bíblia. Seu pecado é frequentemente discutido e
analisado.
Ele é reconhecido não apenas como o autor de muitos Salmos, mas também
por sua coragem ao enfrentar Golias com apenas uma pedra. Davi era um poeta
inspirado, um buscador fervoroso de Deus e um rei escolhido por Ele, sendo até
mesmo chamado de "um homem segundo o coração de Deus".
No entanto, mesmo esse homem, Davi, sucumbiu ao adultério e
posteriormente ordenou a morte de outro para encobrir seu pecado. Ele cedeu aos
impulsos de seus desejos sexuais, ignorando a razão, e trouxe vergonha e
desgraça para si mesmo, sua família e seu reino.
A história é conhecida por todos: enquanto o rei estava relaxando no
terraço de seu palácio ao entardecer, avistou uma mulher atraente tomando
banho. Davi foi consumido pelo desejo sexual ao observá-la, seu sangue
esquentando enquanto contemplava seu corpo formoso sob o sol poente.
A simples frase "daí viu" carrega um significado profundo. Davi
fixou seus olhos no corpo nu da mulher, mas não considerou as consequências de
seus atos. Ele não previu a perda prematura de quatro de seus filhos, nem a
culpa e a vergonha que o assombrariam. Naquele momento, essas preocupações
sequer passaram por sua mente; o amanhã não tinha importância.
Ele poderia ter resistido à tentação, mas em vez disso, decidiu convidar
Bate-Seba para o palácio. Talvez tenha pensado que poderia simplesmente
apreciá-la por um tempo antes de decidir. No entanto, ceder à luxúria tornaria
mais difícil resistir à tentação, e adiar a decisão só aumentaria a
probabilidade de cair no pecado.
É crucial rejeitar o pecado sexual no momento em que a paixão surge.
Permitir que a luxúria tome conta torna cada vez mais difícil resistir, e o
tempo só intensifica essa luta. Aqueles que se envolvem em pornografia, por
exemplo, já decidiram cometer adultério em seus corações, abrindo o caminho
para o ato físico.
A única coisa que
não está decidida é com quem e quando.
Cedendo às
Pressões do Prazer
A atitude de Davi
ao contemplar Bate-Seba por um longo período pode ser comparada a soltar as
amarras do ancoradouro e se deixar levar por uma correnteza cada vez mais
rápida e poderosa. A cada momento que passava, tornava-se mais difícil retornar
à segurança da terra firme. No entanto, Davi não estava preocupado com o
retorno; estava imerso na sensação de ser levado pela corrente, pela excitação
que sentia em seu corpo. Ele se entregou ao prazer do momento, ignorando os
perigos iminentes que estavam à frente.
O próximo passo
era previsível. Davi enviou mensageiros para convidar Bate-Seba a vir ao
palácio. Pode-se imaginar as desculpas que ele deu a seus servos. Talvez tenha
mencionado casualmente seu interesse em conhecer melhor os vizinhos, querendo
saber quem morava próximo ao palácio. Ou, ao descobrir que ela era a esposa de
Urias, um de seus bravos soldados, pode ter usado o pretexto de querer entender
melhor as dificuldades enfrentadas pelas esposas dos soldados em tempo de
guerra. Seja qual for a desculpa, funcionou.
O terceiro ato foi
consumar o ato sexual com ela. Não sabemos até que ponto Bate-Seba concordou
com Davi. Fica a incerteza se ela cedeu por causa do prestígio de estar com o
rei, se tinha algum afeto genuíno por Davi ou se ainda amava seu marido, Urias.
Essas são questões que nunca serão respondidas.
Também é
impossível saber se Davi considerou a possibilidade de Bate-Seba engravidar.
Talvez ela tenha assegurado que não estava em período fértil, ou ele
simplesmente não tenha pensado nas consequências, pois os desejos imediatos
precisavam ser saciados, independentemente das repercussões futuras.
Seja qual for o
desenrolar, o presente era o que importava. Se Bate-Seba não tivesse
engravidado, talvez o caso deles nunca tivesse sido descoberto, Urias não teria
sido morto e o reino de Davi permaneceria estável. No entanto, não podemos ter
certeza disso. O pecado não escapa ao julgamento de Deus, mesmo que não seja
exposto publicamente. Além disso, as consequências ocultas do pecado podem se
manifestar de maneiras imprevisíveis.
O fato é que
Bate-Seba engravidou e comunicou a Davi, desencadeando uma série de eventos que
mudariam para sempre o curso da história de Davi e de seu reino.
A Ocultação do Erro
O rei Davi confrontou a realidade de que o que começou como um caso
simples não era mais tão simples. Um relacionamento que começara com o
consentimento de ambos os adultos agora envolvia uma terceira pessoa: uma
criança estava prestes a nascer. Urias também estava envolvido no dilema. Davi
decidiu que faria Urias acreditar que a criança era dele. O rei se via em uma
situação delicada; embora tivesse perdido o primeiro round, não estava disposto
a perder o jogo inteiro.
O Plano A foi posto em prática. Davi enviou Urias a Jerusalém sob o
pretexto de obter informações sobre a batalha em Rabá. Ele iria perguntar sobre
o andamento da guerra e, em seguida, mandá-lo para casa, na esperança de que
Urias tivesse relações com sua esposa. O rei até mesmo presenteou Urias e
desejou que isso criasse um clima romântico entre o casal. No entanto, Urias
não cedeu aos planos de Davi. Suas suspeitas não foram reveladas, mas ele
recusou firmemente a oferta do rei.
Desesperado, Davi teve que garantir que Urias fosse para casa para
encobrir seu pecado. Era vital para a família real e para o reino que isso
fosse mantido em segredo. Então, veio o Plano B: Davi convidou Urias para ficar
mais um dia e compartilhar uma refeição com ele, na esperança de que ele se
embriagasse e fosse para casa à noite. No entanto, Urias permaneceu leal,
optando por ficar com os servos do rei em vez de visitar sua esposa.
Se Urias tivesse ido para casa e tivesse relações com sua esposa, Davi
teria que manipular a situação para encobrir o pecado. Bate-Seba teria que
mentir sobre a paternidade da criança, vivendo uma mentira constante. E Davi
teria que carregar o peso de seu erro, com o medo constante de que Bate-Seba
revelasse a verdade a Urias.
Davi então avançou para o Plano C: ordenar que Urias fosse morto em
batalha para que ele pudesse tomar Bate-Seba como esposa. Davi entregou uma
carta a Urias, destinada ao comandante militar Joabe, instruindo que Urias
fosse colocado na linha de frente e abandonado, para ser morto em combate.
Por que um homem bom se torna um assassino? Por que um homem bom ordena a
morte de um amigo leal? A vergonha nos leva a manipular as consequências do
pecado. Desde tempos antigos, os seres humanos têm tentado escapar do castigo
divino. A mente humana é capaz de justificar qualquer ação que o coração deseje
cometer.
A melhor escolha para Davi teria sido confessar seu pecado diretamente,
apesar da vergonha e humilhação que isso acarretaria. No entanto, ele continuou
a acumular erros, e o castigo divino aumentava proporcionalmente. Joabe seguiu
as ordens do rei, e um mensageiro retornou a Davi para informar que Urias havia
sido morto em combate. Davi simplesmente respondeu que era parte da vida, que
às vezes se ganha e outras se perde.
As medidas de
acobertamento estavam em andamento, mas a verdade não permaneceria oculta para
sempre. Bate-Seba sabia do ocorrido, assim como Joabe e provavelmente os servos
do palácio. É possível que outros também tenham começado a suspeitar,
especialmente quando a criança nasceu. Davi também estava ciente do seu erro,
como confessou mais tarde: "meu pecado está sempre diante de mim".
No entanto, o mais
significativo é que Deus sabia. Nenhum pecado fica escondido de Deus, e Ele
eventualmente tomaria medidas para expor a verdade. Esta é a ironia: muitas
vezes nos preocupamos mais com o que as pessoas sabem do que com o que Deus
sabe. No entanto, é o legislador divino que supervisiona o castigo daqueles que
violam Sua autoridade. Apesar de nossos esforços para ocultar nossos pecados
dos olhos dos homens, eles estão expostos diante de Deus. O autor de Hebreus
expressou isso sabiamente: "E não há criatura que não seja manifesta na
sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos
olhos daquele a quem temos de prestar contas" (Hb 4.13).
Desta parte da
história de Davi, podemos tirar algumas conclusões importantes. Primeiramente,
qualquer pessoa, seja ela consagrada a Deus ou indiferente, pode cometer um
pecado sexual. Isso inclui pastores, médicos, missionários e outras figuras
respeitadas. O fato de Davi, um homem que amava a Deus fervorosamente, ter
cometido adultério, deve nos alertar para a nossa própria propensão ao pecado
sexual.
Ouvir histórias de
pecados alheios em tom de acusação deve nos fazer refletir, pois todos nós
somos potencialmente suscetíveis a cometer pecados sexuais, se não formos
cuidadosos. Muitos que antes se orgulhavam de sua integridade acabaram
confessando suas próprias falhas. Sempre que alguém aponta o erro de outra
pessoa com um tom de superioridade moral, devemos lembrar que, sem a graça de
Deus, todos nós poderíamos cair nos mesmos pecados.
O encobrimento
estava em curso, mas a verdade não ficaria escondida para sempre. Bate-Seba,
Joabe e provavelmente os servos do palácio sabiam do que havia acontecido. É
provável que outros também tenham começado a desconfiar, especialmente quando a
criança nasceu. Davi também reconhecia o seu erro, como admitiu mais tarde:
"o meu pecado está sempre diante de mim".
Concordamos plenamente com Santo Agostinho:
“Não existe
nada mais forte para derrubar o espírito do Homem, do que as carícias de uma
mulher”.
No entanto, o mais
importante é que Deus sabia disso. Nenhum pecado fica escondido dele. E ele
tomou medidas para garantir que as tentativas de ocultação eventualmente fossem
descobertas.
E a ironia está
justamente nisso: nós, seres humanos, na maioria das vezes estamos mais
preocupados com o que as pessoas sabem do que com o que Deus sabe. No entanto,
é o legislador divino quem supervisiona pessoalmente o castigo a ser ministrado
àqueles que desobedecem a sua autoridade. Por mais que tentemos esconder
cuidadosamente nosso pecado dos outros, ele está desnudo diante dos olhos de
Deus. O autor de Hebreus, com muita precisão, escreveu o seguinte: "E
não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas
as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de
prestar contas." (Hb 4.13).
Ele próprio só conseguiu
resolver o problema de seus conflitos interiores depois que se rendeu
totalmente a Deus.
Homens dignos têm
abandonado suas esposas e filhos; líderes religiosos têm deixado seus
ministérios bem-sucedidos; e mulheres têm negligenciado seus filhos, a quem
amavam profundamente, tudo por causa dos apelos do sexo. Uma pessoa certa uma
vez disse: "Detesto o que estou fazendo, mas não consigo agir de outra
forma. Uma parte de mim deseja mudar, mas a outra parte não quer. Diante dessa
situação, decidi seguir meus próprios desejos."
Acredito que nos
dias atuais a tentação é mais intensa do que em décadas passadas. Filmes
pornográficos e imorais inflamam os desejos carnais e corroem a resistência
moral. Certa vez, um menino de onze anos encontrou uma revista pornográfica em
uma gaveta de um móvel de hotel. Ao ver aquilo, ele ficou tão excitado que
seduziu a irmã. Ele continuou viciado em material pornográfico por muitos anos,
mantendo um relacionamento incestuoso. Com a ajuda de Deus, esse jovem
conseguiu se recuperar parcialmente dessa experiência, mas sua irmã não teve a
mesma sorte. Ela teve um casamento infeliz e enfrentou sentimentos de revolta,
amargura e depressão.
David Morley
escreveu: "O impulso sexual é tão poderoso que pode derrubar até mesmo as
barreiras do bom senso e do raciocínio. Ele pode levar um homem a roubar,
trapacear, matar, ou desperdiçar toda uma riqueza ou talento, em busca dessa
satisfação." (His — Dele — Nov. 1971)
Nós possuímos
apetites latentes que podem ser despertados até se tornarem uma febre. É como
acender um fósforo próximo a uma lata cheia de gasolina. Mas apesar da
intensidade de nossos impulsos passionais, Deus nos responsabiliza por nossas
ações. Ele enviou o profeta Natã para falar com Davi e entregou-lhe a mensagem
divina sob a forma de uma parábola. Na história, havia dois homens em uma
cidade - um rico e outro pobre. O homem pobre possuía apenas uma ovelha. No
entanto, quando um viajante chegou à casa do homem rico, este roubou a única
ovelha do homem pobre e a preparou para um banquete (2 Samuel 12.1-4).
Ao ouvir essa
história, Davi ficou extremamente enfurecido e declarou: "Tão certo como
vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha
restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa, e porque não se
compadeceu." (2 Samuel 12.5,6). Natã então lhe disse: "Tu és o
homem!" (v. 7). Davi tinha mais compaixão por uma cordeirinha do que por
Urias, o que mais uma vez mostra como as paixões distorcem nossa visão das
coisas. Davi era o homem da parábola, o qual tinha roubado a ovelha de seu
vizinho. Deus iria castigá-lo pelo que havia feito, embora tudo tivesse
começado em um momento de descontrole das paixões.
Deus é justo? Será
justo que sejamos considerados culpados por algo que realmente não tínhamos a
intenção de fazer? E quanto à responsabilidade de Bate-Seba, a mulher
envolvida? Por que um homem que serviu fielmente a Deus durante vinte anos
deveria receber um castigo severo por causa de um erro cometido em um momento
de desvario?
Além disso,
argumentam alguns, ninguém culpa um cachorro por agir como um cachorro. Por que
então deveríamos ser responsabilizados por um comportamento que é tão natural
para nós? Como seres dotados de impulsos sexuais, por que não deveríamos ter
liberdade para expressar nossa sexualidade?
Se o homem fosse
considerado apenas um animal, como ensinam os behavioristas atualmente, então
poderíamos concordar que ele não deveria ser responsável por suas ações. B.F.
Skinner, que defende a visão de que o homem é meramente um animal, argumenta
que ele não precisa prestar contas por seus atos - tudo o que as pessoas fazem,
elas fazem simplesmente porque fazem. Nenhum sentimento de culpa deveria ser
atribuído a qualquer ação.
No entanto, a
Bíblia apresenta uma visão muito diferente: o homem possui não apenas um corpo,
mas também uma alma. E uma vez que possui esse elemento imaterial, não podemos
considerá-lo apenas como uma engrenagem da máquina universal, uma vítima de
forças que estão além de seu controle.
É verdade que,
devido à queda, o homem tenha caído para um nível muito baixo, mas ainda tem a
capacidade de deliberar sobre suas ações, independentemente dos pensamentos que
possam surgir em sua mente.
Em alguns países
muçulmanos, onde a pena para crimes como estupro é a crucificação e para roubo
é a amputação da mão direita, o índice de criminalidade é insignificante - o
que demonstra que o homem não está compelido a "agir conforme o que é
natural".
Apesar das
indiscrições de Bate-Seba, Davi não estava obrigado a cometer adultério. Ele
poderia ter desviado o olhar dela e resistido à tentação de convidá-la para o
palácio. Mas ele tomou a decisão de pecar e, portanto, era responsável pelo
ato.
Mesmo que possamos
sentir que nossa vontade fica paralisada no momento da tentação, ainda assim
temos uma vontade livre e somos responsáveis por nossas ações.
A ideia de que
devemos agir de acordo com os impulsos do sentimento é uma das mentiras sutis
impostas pelas paixões.
Embora
naturalmente propenso ao mal, quando guiado, o homem pode se controlar e deixar
de praticar certos atos, geralmente com grande esforço, e seguindo objetivos
superiores. No entanto, Deus só se satisfaz quando ele vai além disso.
O homem pode
decidir confiar na misericórdia de Deus e pedir forças para enfrentar suas
resoluções de caráter moral. Deus está sempre disponível para nos socorrer nos
momentos de necessidade. Nossas fraquezas morais deveriam nos incentivar a
buscar mais a cruz, pois Cristo morreu para quebrar o poder do pecado em nossas
vidas.
Deus nos apresenta
um padrão de conduta muito elevado, ao mesmo tempo em que nos oferece o perdão
e a liberdade moral. Santo Agostinho, ao refletir sobre como o homem pode se
tornar aceitável perante um Deus santo, disse: "Ó Deus, pede o que quiseres,
mas ajuda-nos a alcançar aquilo que pedes." Deus não brinca conosco. Ele
espera de nós muito mais do que podemos fazer por nossas próprias forças, mas
está disposto a nos ajudar a atender às suas exigências.
A misericórdia de
Deus está disponível para aqueles que decidem parar de procurar desculpas para
sua conduta. Ao assumirmos nossa responsabilidade, mesmo quando a tentação nos
pressiona a pecar, colocamo-nos em uma posição de humildade, onde Deus pode nos
socorrer em nossas necessidades mais profundas. Ele sabe que fomos criados do
pó, está plenamente ciente de nossas fraquezas e propensão para o pecado, mas
não pode nos eximir de nossa responsabilidade, pois Ele é um Deus santo.
Assim que deixamos
de culpar a Deus e assumimos toda a responsabilidade por nossos atos, Ele pode
nos socorrer. Não há lugar para desculpas, culpar outros ou atribuir a culpa a
Deus.
Quanto a Deus,
quando cometemos um pecado sexual, Ele é quem sofre a perda. Sempre que
pecamos, nosso primeiro pensamento é se seremos punidos ou não. Perguntamo-nos
se alguém ficará sabendo, se Deus nos castigará, se conseguiremos suportar o
peso da culpa. No entanto, a primeira coisa que deveríamos considerar é Deus.
Natã relembrou a Davi como Deus tinha sido bom para ele: "Eu te ungi rei
sobre Israel, e te livrei das mãos de Saul; dei-te a casa de teu senhor, e as
mulheres de teu senhor em teus braços, e também te dei a casa de Israel e de
Judá, e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas." (2
Samuel 12.7,8). O pecado de Davi foi um ato de ingratidão. Sua decisão de
cometer adultério com Bate-Seba equivalia a sugerir que Deus havia sido
negligente ao suprir suas necessidades. A provisão de Deus para ele não era
considerada boa, aceitável e perfeita. Cada pecado que cometemos é,
essencialmente, uma acusação contra a bondade de Deus.
Essa atitude
remonta aos tempos do jardim do Éden. Adão e Eva poderiam comer o fruto de
todas as árvores, exceto uma. E o que Satanás fez? Ele cegou-os para todos os
privilégios de que desfrutavam e insinuou que, se Deus fosse verdadeiramente
bom e considerasse seus interesses, permitiria que comessem do fruto proibido.
Assim, o primeiro pecado de nossos pais foi baseado na premissa de que Deus era
mau, e não benevolente.
Pense em como Deus
tinha sido generoso com Davi. E Ele ainda tinha outros planos para o rei.
"E, se isto fora pouco, teria acrescentado tais e tais coisas." Com
um único ato lascivo, Davi, insensivelmente, esqueceu toda a bondade de Deus.
Muitas vezes, as pessoas que cometem pecados sexuais estão cercadas de
privilégios e bênçãos: têm bons pais, frequentam uma igreja evangélica, possuem
conhecimento da Bíblia. Mesmo tendo recebido todas essas coisas de Deus e muito
mais, ainda assim desobedecem à Sua Palavra. A devassidão sexual começa com a
ingratidão. O primeiro passo em direção à ruína moral está registrado em
Romanos 1: "Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como
Deus, nem lhe deram graças" (v. 21); o resto é do conhecimento geral. O
pecado e a ingratidão sempre andam juntos.
Falando sobre um
casal que teve relações sexuais antes do casamento, Roy Hession comenta:
"E o grande perdedor em tudo isso é Deus, aquele cujo coração para com
eles era bem diferente do que eles pensavam, aquele que estava planejando para
eles um benefício muito grande, maior do que poderiam ter imaginado, mas cujos
bons desígnios eles frustraram."
Deus também perde,
pois Sua reputação fica manchada. E Natã continua, dizendo: "Mas, posto
que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do Senhor, também o
filho que te nasceu morrerá." (2 Samuel 12:14.) Agora, os inimigos de Deus
diriam: "Davi é igual a nós. Ele diz que conhece a Deus, mas olhe só o que
fez."
É impressionante
notar que Deus não tentou esconder o pecado de Davi, evitando que os inimigos
do Senhor se aproveitassem de sua vergonha. Deus poderia tê-lo castigado em
particular, mantendo o incidente limitado apenas aos muros do povo de Deus. No
entanto, o Senhor permitiu que o fato fosse conhecido até entre os pagãos.
Quando um filho Seu peca, Deus nunca procura abafar o fato. E Sua reputação
também fica manchada junto com a daquele filho. Mas nós fazemos o contrário.
Tomamos todas as medidas possíveis para esconder nosso pecado, enquanto Deus
tenta expô-lo.
Enquanto não
compreendemos a extensão da tristeza que nosso pecado sexual causa em Deus, não
estaremos inclinados a abandoná-lo. Natã perguntou a Davi: "Por que, pois,
desprezaste a palavra do Senhor?" (v. 9). Davi provavelmente não via as
coisas dessa maneira, mas Deus via.
José não teria
resistido às investidas diárias da mulher de Potifar se tivesse pensado apenas
nas consequências que o pecado poderia trazer para outras pessoas. Ele poderia
ter racionalizado tudo no calor do momento. Afinal, após tudo o que passara com
seus irmãos, não merecia um pouco de prazer? E não poderia esconder tudo de
Potifar, que passava o dia todo fora?
Com esse tipo de
raciocínio, ele poderia ter concluído que o prazer sexual valia os riscos
envolvidos. Mas o que o impediu de pecar? Foi a compreensão de que pecar seria
entristecer a Deus. "Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria
contra Deus?" (Gênesis 39:9).
As duas pessoas envolvidas em um pecado sexual sofrem as consequências do erro, mas o pior é que Deus também sofre. Essencialmente, estão dizendo a Ele: "Tu não tens sido bom para mim. E eu sei, melhor do que tu, o que é bom para mim. Não me preocupo com a tua reputação." Mesmo quando o pecado é habilmente camuflado, essa mensagem está sendo dirigida a Deus. Imagine só o sofrimento Dele!